Na quarta-feira, a cidade de Acapulco, no estado mexicano de Guerrero, novamente se viu chocada por um crime hediondo que coloca em evidência a grave crise de segurança no país. O juiz Edmundo Román Pinzón, presidente do Tribunal Superior de Justiça de Guerrero, foi assassinado a tiros dentro de seu carro em frente ao fórum local, fato que levanta questões acerca do crescimento da violência associada ao crime organizado na região.
Aos relatos da imprensa local e do escritório do procurador do estado, o juiz foi alvejado por diversos disparos enquanto estava estacionado em seu veículo, localizado próximo ao palácio da Justiça de Acapulco. Este incidente trágico, que ganhou respaldo nas manchetes dos principais veículos de comunicação, é uma continuação de uma série de ataques violentos que têm ocorrido na região, deixando a população em constante estado de alerta.
O estado de Guerrero, que abriga Acapulco, tem sido um dos epicentros da violência ligada ao crime organizado, onde disputas entre cartéis têm resultado em um aumento alarmante na taxa de homicídios. A situação não tem se restringido apenas a Acapulco: no último mês, a capital do estado, Chilpancingo, viu uma onda de crimes brutais que incluíram o assassinato e decapitação do prefeito local, que ocorreu apenas dias após sua posse. Com essa escalada de violência, vários outros prefeitos de cidades vizinhas solicitaram proteção federal, evidenciando a sensação de insegurança que permeia a política local.
O clima de terror em Guerrero não se limita a homicídios: em dias recentes, um confronto armado entre supostos membros de gangues e as forças de segurança resultou na morte de 19 pessoas, e doze corpos desmembrados foram encontrados em veículos abandonados na mesma região. O jornalismo investigativo tem revelado uma realidade sem precedentes, onde Acapulco, que já foi um destino turístico renomado, se transformou em uma das cidades mais violentas do mundo.
No contexto da crescente brutalidade, a Promotoria do Estado de Guerrero anunciou que investiga o homicídio qualificado contra Edmundo Román, seguindo a prática habitual de não revelar os nomes completos dos envolvidos até a conclusão do inquérito. O crime ocorrido envolvendo o juiz foi apenas dois dias após o assassinato do deputado federal Benito Aguas Atlahua, que também foi morto em um ato de violência brutal em Veracruz, reforçando a sensação de vulnerabilidade em várias esferas do poder.
As estatísticas de homicídios na região são alarmantes: desde 2006, quando o governo do México declarou uma ofensiva contra o crime organizado, mais de 450 mil pessoas foram assassinadas no país. Em Guerrero, apenas no último ano, foram registrados 1.890 homicídios, um número que se torna ainda mais preocupante diante da incapacidade das autoridades em restaurar a segurança pública.
Recentemente, em uma reunião do Conselho Nacional de Segurança Pública, ocorrida em Acapulco e liderada pela presidenta Claudia Sheinbaum, discutiram-se diversas estratégias para combater a onda de criminalidade. No entanto, a líder do país rejeitou o conceito de uma nova “guerra às drogas”, preferindo manter a abordagem de seu antecessor, utilizando políticas sociais para enfrentar as causas do crime. Ela enfatizou que a estratégia de “abraços e não balas” se tornará a diretriz do governo para enfrentar essa situação crítica.
As repercussões da violência em Guerrero estão longe de um desfecho. A sensação de insegurança e impunidade continua a afetar a vida cotidiana dos cidadãos locais, levando a um estado de desespero. O sentimento de fragilidade se alastra por todo o México, onde a falta de respostas eficazes para a violência baseada no narcotráfico continua a ser uma questão premente e de relevância internacional.
Com o assassinato de Edmundo Román, a história de perda continua a se desenrolar na Mãe Terra, enquanto o México luta para encontrar um caminho viável para a restauração da paz e da segurança. O legado de um juiz que serviu à justiça será lembrado em meio a um contexto sombrio, marcado por eventos trágicos e a luta contínua para deter a violência que consome tantas vidas.