Em mais uma jogada estratégica, a Microsoft, gigante tecnológica conhecida por sua adaptabilidade e inovação, decidiu interromper de maneira discreta as vendas de crédito e números de telefone do Skype. Este movimento, que pode pegar de surpresa milhões de usuários do aplicativo de chamadas e mensagens, demonstra uma tendência crescente em direção ao modelo de Software como Serviço (SaaS), empurrando os usuários para optarem por planos de assinatura mensais para chamadas regionais e globais do Skype para telefone, tudo isso por uma taxa mensal fixa. Este cenário impacta profundamente a experiência de cerca de 36 milhões de usuários ativos diários, conforme os dados mais recentes da Microsoft.
Embora a Microsoft não tenha feito um anúncio oficial sobre essa alteração, as informações vieram à tona após um moderador voluntário responder a um usuário em um fórum da Microsoft. O moderador mencionou que a capacidade de adicionar crédito a uma conta do Skype havia sido suspensa. Um porta-voz da Microsoft confirmou ao TechCrunch que a venda de novos créditos e números do Skype foi permanentemente interrompida, acrescentando que a empresa “avalia continuamente a estratégia de produtos com base no uso e nas necessidades dos clientes”. Apesar da suspensão, os números de telefone já existentes continuarão funcionando e o crédito atual ainda poderá ser utilizado, desde que as regras habituais sejam seguidas, como a exigência de que o crédito seja utilizado ao menos uma vez em um período de 180 dias para se manter ativo.
A história do Skype, que começou em 2003 na Europa, precisamente em Luxemburgo, revela-se comovente e cheia de reviravoltas. Desde seu lançamento, o Skype foi um dos pioneiros em serviços de chamadas e mensagens pela internet, permitindo que usuários realizassem chamadas de voz gratuitas através da rede, livre das limitações e custos associados às linhas telefônicas tradicionais. Até então, esse tipo de serviço era apenas um sonho, mas o Skype revolucionou o cenário com a inclusão de mensageria instantânea, videochamadas, e compartilhamento de arquivos, serviços que hoje são essenciais em qualquer aplicativo de mensagens.
A trajetória da empresa teve seus altos e baixos. O Skype foi adquirido pelo eBay por 4,1 bilhões de dólares em 2005, mas, após quatro anos, o serviço passou para as mãos de um consórcio privado por uma avaliação de 2,75 bilhões de dólares. Depois, em 2011, a Microsoft fez a aquisição do Skype por impressionantes 8,5 bilhões de dólares, firmando um compromisso de mantê-lo sob sua propriedade. Desde então, o Skype sempre foi gratuito para comunicação entre usuários da própria plataforma, monetizando suas operações principalmente através de chamadas para números móveis e fixos, além de oferecer números telefônicos locais para que os usuários pudessem realizar e receber chamadas como se estivessem em determinado país.
Entretanto, à medida que o mundo continuava a evoluir, ferramentas modernas como WhatsApp e Zoom começaram a preencher as lacunas deixadas pelo Skype em termos de mensagens e videoconferências. Ironia do destino, foi a própria Microsoft que se tornou competidora com o lançamento do Teams em 2016, serviço que eventualmente consumiu o Skype for Business em um movimento de consolidação. Desde então, o Skype tem enfrentado um declínio gradual, se tornando um produto periférico em meio à vasta ambição da Microsoft como líder em infraestrutura na nuvem.
Alguns dados de uso do Skype são difíceis de encontrar, pois a Microsoft não divulga números de maneira formal. No entanto, foi em março de 2020 que a empresa revelou um aumento significativo de usuários ativo, atingindo 40 milhões diários durante o pico das restrições impostas pela pandemia, o que representou um crescimento surpreendente de 70% em um único mês. Apesar desses números, a transformação do Skype em um serviço essencial pareceu mais uma miragem, quando os números mensais ativos revelaram que pouco mais de 36 milhões de usuários continuam a interagir pelo aplicativo, segundo um comunicado anterior da Microsoft.
Dessa forma, as mudanças recentes no Skype provavelmente impactarão dezenas de milhões de pessoas que utilizavam o aplicativo principalmente para sua funcionalidade telefônica, um recurso que plataformas como WhatsApp não oferecem, embora o Zoom tenha introduzido um produto semelhante voltado mais para o mercado corporativo. Curiosamente, o Skype ainda anuncia tanto créditos quanto números em várias partes de seu portal online, levando os usuários a acreditarem que as compras ainda estão ativas, embora na prática os pagamentos estejam desativados.
É um momento inquietante para usuários fiéis do Skype, à medida que a plataforma enfrenta sua verdadeira transformação em um mundo que valoriza a agilidade e a modernidade das comunicações digitais. Portanto, para aqueles que ainda esperavam ver melhorias ou inovações no serviço que já foi uma revolução nas telecomunicações, a nova fase do Skype pode parecer algo assim como um “até logo” ao que já foi grandioso.
Fontes: