Num mundo onde a expressão vocal parece ter perdido sua força, Mike Wilson, ex-executivo da Devolver, apresenta uma proposta instigante com seu novo empreendimento, a Realize Music. Em uma era onde as preocupações do cotidiano muitas vezes abafam nossas vozes, Wilson acredita que é hora de redescobrirmos o prazer de cantar, especialmente em momentos de solidão. Seu novo aplicativo de realidade virtual chamado Sing convida os usuários a soltarem suas vozes, oferecendo mais do que apenas entretenimento; é uma experiência voltada para o bem-estar.
Em conversa com a TechCrunch, Wilson compartilhou suas reflexões sobre uma cultura que inibe a expressão vocal. Ele mencionou sua experiência com a Deepwell, uma startup anterior focada em bem-estar por meio de jogos, e como a pesquisa realizada para esse projeto o fez perceber um paradoxo intrigante: a aversão que muitos têm em cantar, mesmo quando isso poderia ser benéfico. “A ideia de ser julgado pelo nosso canto nos impede de aproveitar uma atividade que deve fazer parte do nosso cotidiano, como quando cantamos no banho ou no carro”, observou.
A proposta do Sing é simples, mas poderosa: proporcionar um espaço seguro onde as pessoas possam cantar à vontade em casa, com acesso a mais de um milhão de músicas, letras e visuais surpreendentes. Ao contrário de outros jogos musicais como Rock Band ou Just Dance, que enfatizam a competição, o Sing se concentra em uma experiência autêntica de conexão com a música. “Nosso objetivo é mergulhar no lado alegre da música, fazendo com que as pessoas se esqueçam de suas preocupações cotidianas”, explicou Wilson.
Com um acervo musical extenso, os usuários têm a liberdade de escolher suas faixas favoritas, proporcionando uma experiência mais personalizada em comparação a jogos que impõem um conjunto específico de músicas. O foco no bem-estar é evidente, refletido no sub-título “Para o Seu Eu”. Wilson utilizou a prática de yoga como um paralelo, apontando como a popularização de aulas online ajudou muitas pessoas a superarem a barreira do medo e da crítica em relação à atividade. Assim, ele espera que o Sing transforme a forma como as pessoas encaram a música e a autoexpressão.
Embora a escolha da realidade virtual possa parecer inusitada para um projeto desse tipo, Wilson destacou a imersão que essa tecnologia proporciona. “A realidade virtual ajuda você a perder a noção do seu entorno, fazendo com que você se sinta mais à vontade, mesmo se houver pessoas ao seu redor”, comentou. A experiência em VR pode ser considerada a forma mais pura e focada de interação com a música, permitindo que os usuários se desconectem do mundo externo e se conectem consigo mesmos.
O Sing será lançado primeiramente para o ecossistema Meta Quest, mas a intenção da Realize Music é expandir sua disponibilidade para outras plataformas, incluindo dispositivos móveis, consoles e PC, buscando eliminar barreiras ao máximo. O acesso ao aplicativo será cobrado a uma taxa de $10 por mês ou $100 por ano, um investimento que pode ser visto como uma oportunidade valiosa para muitos.
Para os curiosos e hesitantes, Wilson garantiu que a versão inicial do aplicativo é apenas o começo, prometendo um crescimento contínuo com mais músicas, mundos e modos de jogo. Ele mencionou que o modo multiplayer, uma experiência cooperativa semelhante a um coro, está nos planos futuros. A visão de Wilson é ambiciosa, e ele está comprometido em encontrar maneiras de ajudar as pessoas a prosperarem em um mundo cada vez mais isolado.
Em gama de opções como terapia e terapia em grupo, a música pode servir como um catalisador crucial para a saúde emocional, especialmente em tempos em que a solidão e a desconexão se tornam cada vez mais presentes. Wilson conclui: “Nos dias de hoje, muitos fatores podem levar as pessoas a se sentirem desfeitas, e é nisso que concentrei meus esforços – descobrir como podemos nos desenvolver em um mundo que se torna cada vez mais isolado”. A ideia é, em última análise, devolver o poder da voz ao povo, mesmo que seja em um simples momento de canto solitário.