No contexto de um panorama tecnológico em constante evolução, a Google está revelando gradualmente sua visão para o futuro dos dispositivos vestíveis, especificamente óculos com capacidades de realidade aumentada (AR) e inteligência artificial (IA). Embora seus planos atuais ainda estejam difusos, a empresa está dando passos significativos com o Projeto Astra, que promete transformar a forma como interagimos com a tecnologia em nosso dia a dia. A recente atualização sobre o estado destes óculos pode ser tanto intrigante quanto um pouco frustrante para os entusiastas da tecnologia, pois, apesar do grande potencial, ainda não há uma data de lançamento definida.
Até o momento, a Google apresentou várias demonstrações do Projeto Astra, uma iniciativa da DeepMind que visa desenvolver aplicativos multimodais em tempo real. Essas demonstrações foram realizadas com um par misterioso de óculos protótipos que combinam AR e IA. Na última quarta-feira, a Google anunciou que começaria a liberar esses óculos para um grupo restrito de usuários selecionados, permitindo testes práticos e coleta de feedback em cenários do mundo real. Essa iniciativa representa um passo importante para transcender a teoria e começar a vislumbrar aplicações práticas para esta tecnologia emergente.
Na quinta-feira seguinte, a Google informou que os óculos protótipos funcionarão com o Android XR, um novo sistema operacional criado especificamente para computação baseada em visão. Esta novidade abre um leque de possibilidades para fabricantes de hardware e desenvolvedores criarem diversos tipos de óculos, headsets e experiências em torno deste sistema operacional inovador. A promessa da Google é que, no futuro, os óculos equipados com Android XR possam fornecer assistência contínua durante todo o dia, integrando-se perfeitamente a outros dispositivos Android e oferecendo uma variedade de estilos e confortos que tornem o uso diário prático e desejável.
Durante a apresentação das novas funcionalidades, a Google demonstrou como seus óculos protótipos podem utilizar a tecnologia do Projeto Astra para realizar tarefas como traduzir cartazes em frente ao usuário, lembrar onde objetos foram deixados em casa e permitir a leitura de mensagens sem a necessidade de utilizar o celular. Bibo Xu, líder de produto da DeepMind, enfatizou em uma entrevista que “óculos são uma das formas mais poderosas de interação, pois são mãos-livres e facilmente acessíveis. Onde quer que você vá, eles veem o que você vê.” Essa afirmação nos leva a imaginar um futuro onde a tecnologia se torna parte da nossa percepção cotidiana do mundo, mas ainda há um caminho a ser trilhado.
Embora as demonstrações das funcionalidades sejam impressionantes, é importante lembrar que os óculos ainda são considerados como “vaporware” — um termo que descreve produtos anunciados que ainda não existem de forma concreta. A Google não estabeleceu um cronograma para o lançamento ao consumidor desses protótipos e se mantém reticente em compartilhar detalhes sobre o funcionamento interno da tecnologia de AR nos óculos, os custos envolvidos ou o modo como todas essas inovações se concretizarão.
Ainda assim, a empresa divulgou sua visão para os óculos de AR e IA em um comunicado à imprensa: “Queremos que haja uma ampla escolha de óculos estilosos e confortáveis que você adorará usar todos os dias, funcionando em perfeita sincronia com seus outros dispositivos Android. Os óculos com Android XR colocarão o poder do Gemini a um toque de distância, proporcionando informações úteis exatamente quando você precisar — como direções, traduções ou resumos de mensagens — tudo ao seu alcance.” Esse futuro, embora distante, apresenta um mundo de interações facilitadas e informações instantâneas, diretamente na linha de visão do usuário.
Atualmente, outras empresas de tecnologia também estão explorando a criação de óculos de realidade aumentada, como Meta, com seus óculos protótipos Orion, que também não têm uma data de lançamento estabelecida. Embora a Snap tenha disponibilizado seus Spectacles para desenvolvedores, eles ainda não estão disponíveis para o público em geral. O que pode dar uma vantagem à Google nesse competitivo campo é o Projeto Astra, que será lançado como um aplicativo para alguns testadores beta em breve. Pessoalmente, tive a oportunidade de testar o agente de IA multimodal, mesmo que pelo aplicativo de celular, e posso atestar que o potencial é promissor.
Enquanto testava o aplicativo em uma biblioteca, a interação com Astra me permitiu fazer perguntas sobre diferentes objetos enquanto o agente processava simultaneamente minha voz e os vídeos. O funcionamento em tempo real impressionou, com Astra fornecendo rapidamente resumos de autores e livros conforme eu apontava o celular para as capas. A tecnologia por trás do Projeto Astra envolve o streaming de imagens do ambiente, uma estrutura de quadro por segundo, integrando o processamento de voz e visão. De acordo com a Google DeepMind, os dados de usuários não estão sendo utilizados para o treinamento de seus modelos, mas a IA armazena informações sobre o que o usuário viu ou disse por um curto período, o que permite referências contextuais durante a interação.
Ademais, a Google demonstrou como Astra pode ler a tela do celular, fazendo resumos de listagens de AirBnB, utilizando o Google Maps para exibir destinos próximos e realizando pesquisas diretamente baseadas no que é visualizado na tela do telefone. Essa interface robusta é um indicativo do que se pode esperar em aplicações futuras de IA, contribuindo para um uso mais prático e realista das assistências digitais. Vale lembrar que a OpenAI também está em um estágio semelhante, com suas capacidades de visão na versão GPT-4o, que prometem expandir o alcance dos assistentes de IA.
Ao utilizar o Projeto Astra via celular, fica claro que o modelo da IA seria muito mais perfeito se integrado a um par de óculos. É evidente que a Google compartilha essa visão, porém, pode haver um longo caminho até que essa ideia se concretize em realidade. Assim, continua a expectativa sobre o futuro dos óculos de realidade aumentada, que prometem não apenas iluminar nossas vidas diárias, mas também entrelaçar o mundo digital e físico de maneiras que até há pouco tempo eram apenas ficção científica.
Se você está tão entusiasmado quanto nós sobre o futuro da tecnologia de AR e IA, não perca as atualizações sobre os avanços do Projeto Astra e o que vem por aí no universo dos dispositivos vestíveis!