Em um movimento que gerou controvérsias e um intenso debate entre os membros da comunidade WordPress, a Automattic, empresa responsável pela plataforma de blogs WordPress, anunciou uma nova oferta de rescisão para seus funcionários. Esta medida surge poucos dias após 159 colaboradores terem aceitado uma proposta de um pacote de rescisão de seis meses. Em 16 de outubro, a empresa, liderada pelo CEO Matt Mullenweg, propôs uma oferta ainda mais generosa: um pacote de nove meses para aqueles que aceitassem deixar a empresa imediatamente. Contudo, a decisão precisaria ser tomada em um curto espaço de tempo, sendo que os funcionários tiveram apenas quatro horas para considerar o que foi oferecido.

A natureza da oferta e as suas implicações

Em uma mensagem enviada via Slack, Mullenweg destacou que os funcionários que aceitassem a nova proposta não apenas deixariam a Automattic, mas também perderiam acesso ao WordPress.org. Essa exclusão efetiva indica que os colaboradores que optassem por deixar a empresa ficariam impedidos de contribuir para o projeto open source que fez da plataforma WordPress uma das mais populares do mundo, ao menos sob suas identidades de usuário previamente existentes. Este fato gerou uma forte reação na comunidade de desenvolvedores e colaboradores da plataforma, que tradicionalmente se apoiam em suas experiências e em suas contribuições colaborativas no WordPress.

A oferta foi apresentada com um prazo extremamente restrito, que se estendia até 17 de outubro, às 00:00 UTC. Mullenweg assemelhou a situação atual à de um “janela curta”, insinuando que alguns colaboradores poderiam ter ficado desapontados por perder a primeira oportunidade de saída. No entanto, não foi esclarecido se algum funcionário aceitou a nova proposta de rescisão antes do modal final do anúncio.

A primeira oferta, que visava funcionários que não compartilhavam da visão de Mullenweg em relação à disputa entre Automattic e o provedor de hospedagem WP Engine, resultou na saída de diversos nomes importantes da empresa. Entre os que deixaram a Automattic estavam figuras de destaque como Daniel Bachhuber, chefe do WordPress.com, e Naoko Takano, responsável pelos programas e pela experiência dos colaboradores. A saída desses profissionais destaca a gravidade da situação e evidencia o impacto que as políticas corporativas de Mullenweg estão causando tanto no ambiente de trabalho da Automattic quanto na comunidade WordPress.

O contexto do conflito entre Automattic e WP Engine

A batalha entre Automattic e WP Engine iniciou há quase um mês, após Mullenweg ter se referido à WP Engine como um “Câncer para o WordPress”, acusando a empresa independente de não fazer contribuições significativas ao projeto open source do WordPress. Desde então, a disputa evoluiu para uma série de ações legais e tensões, incluindo cartas de cessação de serviço, acusações de violação de marca registrada e até uma ação judicial por parte da WP Engine. Como resultado das tensões, o WordPress.org tomou medidas para bloquear o acesso da WP Engine e assumiu o controle de um plug-in que estava sob a responsabilidade da empresa de hospedagem.

Recentemente, informou-se que a Automattic se prepara para defender suas marcas registradas, utilizando uma abordagem com duas vertentes que envolve “advogados adequados e nem tão adequados”, de acordo com um relato interno que foi divulgado pelo então responsável pelo departamento jurídico da empresa. Esses desdobramentos legais e disputas interpessoais evidenciam um panorama conturbado e que poderá ter repercussões para a evolução futura da plataforma WordPress.

Diante desse cenário, a comunidade WordPress observa atentamente os acontecimentos. Muitos colaboradores e usuários da plataforma se manifestam preocupados com o impacto que a gestão de Mullenweg, especialmente em períodos de crise, poderá ter no futuro do projeto que tem promovido um ambiente de colaboração e inovação ao longo de mais de uma década. O que se espera é que a situação chegue a um desfecho que não apenas preserve a integridade do WordPress como uma plataforma open source, mas que também considere o bem-estar de seus colaboradores e contribuintes, que desempenham um papel vital em sua continuidade e sucesso.

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