Conflito e desentendimento durante a apresentação de Bobba na série investidora

No dia 10 de outubro, um episódio da série de televisão canadense “Dragons’ Den”, que segue o modelo do famoso programa “Shark Tank”, gerou discussões acaloradas sobre a criação de uma nova marca de bubble tea, a Bobba. O ator Simu Liu, conhecido por seu papel em “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” e também investidor através de sua empresa de capital de risco voltada para empreendedores de minorias, levantou preocupações sobre a missão da Bobba durante a apresentação da equipe. Liu fez questão de expressar que a sua intenção ao participar do programa era contribuir para a elevação dos empreendedores pertencentes a grupos minoritários, e investiu em outras marcas como a MìLà, uma empresa de bolinhos onde também atua como diretor de conteúdo.

A apresentação da equipe de Bobba, representada por Sébastien Fiset e Jessica Frenette, começou com uma solicitação de um investimento de um milhão de dólares por 18% da empresa. Desde o início do pitch, a comunicação entre Liu e a equipe da Bobba foi marcada por um tom de tensão. Frenette introduziu o produto afirmando que “provavelmente vocês, dragões, já ouviram falar de bubble tea”. Atento e irônico, Liu imediatamente respondeu: “Alguém mais já ouviu falar de bubble tea? Eu nunca ouvi falar dessa coisa antes em minha vida.” A observação provocou risadas entre os presentes, com a investidora Michelle Romanow dizendo: “Simu estava bebendo bubble tea esta manhã!” Frenette continuou sua argumentação, descrevendo o bubble tea como “aquela bebida açucarada e trendy pela qual você faz fila e nunca está totalmente certo sobre o que há em seu conteúdo.” A partir daí, o clima se intensificou, especialmente quando Liu levantou questões sobre a adequação do branding da Bobba e a representação cultural da bebida.

A crítica sobre apropriação cultural e a resposta da Bobba

Durante a apresentação, Liu demonstrou ceticismo em relação às declarações de Fiset, que tentava posicionar a Bobba como uma nova forma de consumir o “amado refrigerante”. Liu questionou a necessidade de “desestabilizar ou perturbar” uma receita que é parte integral da cultura asiática, argumentando que há uma questão de apropriação cultural envolvida. Ele manifestou sua preocupação dizendo: “Que respeito está sendo dado a esta bebida muito asiática que se tornou um fenômeno no mundo? Está nas suas receitas? Está no seu desenvolvimento de produtos? Quem está na sua equipe e quem está na sua tabela de capital contribuindo com isso?”

Ao longo da conversa, Liu insistiu na importância de refletir sobre as implicações culturais de um produto que, segundo ele, está sendo, de certa forma, comercializado de uma maneira que poderia ofender as raízes culturais do bubble tea. Fiset, por sua vez, defendeu sua posição ao mencionar que seu “melhor parceiro está em Taiwan”, sugerindo que a origem da bebida estava sendo respeitada em seu modelo de negócio que procurava trazer o boba para as massas. No entanto, Liu continuou a frisar que isso não era suficiente e que o verdadeiro legado da bebida deve ser honrado, e não reinventado.

Após a exibição do episódio, a discussão rapidamente ganhou repercussão nas redes sociais, com muitos usuários do TikTok expressando apoio a Liu e criticando as respostas dos investidores da Bobba. A investidora Manjit Minhas, inicialmente favorável ao investimento, compartilhou posteriormente em um vídeo no Instagram que, após reflexão e ouvindo as opiniões do público, decidiu não investir na Bobba. Ela também enfatizou que jamais se deve enviar mensagens de ódio aos empreendedores da Bobba, reforçando a necessidade de um diálogo respeitoso e construtivo.

Em sintonia com as críticas e preocupações levantadas por Liu e pela audiência, a equipe da Bobba, em um post em sua conta no Instagram no dia 14 de outubro, emitiu um pedido de desculpas formal, reconhecendo o impacto de suas palavras e ações durante o programa. A empresa se comprometeu a revisar sua estratégia de branding para garantir uma representação adequada e respeitosa de sua parceria taiwanesa e das raízes culturais do bubble tea. Esse desenvolvimento não apenas apontou para a necessidade de maior sensibilidade e consciência cultural entre os empreendedores, mas também destacou a importância da responsabilidade social nas práticas comerciais contemporâneas.

Além disso, o episódio serviu como um alerta ao setor sobre a importância de abordar tradições culturais com cautela e respeito, especialmente em um mundo onde a diversidade e a inclusão estão se tornando cada vez mais essenciais. Reconhecer e celebrar as origens de um produto pode não apenas aumentar sua aceitação no mercado, mas também construí-lo de maneira ética e responsável, refletindo a rica tapeçaria cultural de onde ele se origina.

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