A Administração Biden se encontra em uma fase intensa e decisiva ao redobrar esforços para aumentar a entrega de armamentos para a Ucrânia durante os últimos dias de seu mandato. Segundo um funcionário sênior da administração, o propósito é dotar a Ucrânia de uma posição sólida antes de 2025, especialmente considerando os desafios que o país enfrenta em meio ao conflito prolongado com a Rússia. Este movimento estratégico se contrapõe à abordagem do próximo governo de Donald Trump, que tem criticado diretamente as decisões atuais da administração sobre como os Estados Unidos estão apoiando a Ucrânia, especialmente no que diz respeito ao uso de armas americanas para ataques em solo russo.
O contraste pré-eleitoral nas políticas de defesa é notável. Enquanto a administração Biden pretende anunciar um pacote de ajuda de aproximadamente $500 milhões nos próximos dias, incluindo a retirada de equipamentos dos estoques militares dos Estados Unidos, Trump foi categórico em sua reprovação à recente decisão de permitir que os armamentos fornecidos a Ucrânia sejam utilizados para atacar dentro da Rússia. Em uma entrevista publicada na revista Time, Trump expressou sua preocupação com a escalada do conflito e o potencial para uma maior deterioração da situação geopolítica. “Estamos apenas escalando essa guerra e tornando-a pior”, declarou Trump, ressaltando que tal decisão foi um “grande erro”.
Com o intuito de dar suporte concreto à Ucrânia, a administração Biden está se preparando para uma iniciativa sem precedentes, com a intenção de entregar quantidades massivas de armas em um período de cinco semanas, como revelou um funcionário sênior. “Entre agora e meados de janeiro, entregaremos à Ucrânia centenas de milhares de projéteis de artilharia, milhares de foguetes, centenas de veículos blindados e outras capacidades críticas”, informou. Essa movimentação está sendo coordenada por um esforço interagencial liderado pelo conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, que já havia instruído o secretário de Defesa, Lloyd Austin, a acelerar a entrega de equipamentos essenciais.
A intensificação das entregas está sendo facilitada por operações de transporte marítimo e aéreo, conforme confirmado por fontes próximas ao assunto. Sullivan teve uma reunião recente com Andriy Yermak, chefe do Escritório do Presidente da Ucrânia, onde discutiram as logísticas relacionadas a essas entregas. Contudo, mesmo com essa ampliação significativa das operações, os Estados Unidos ainda não têm tropas em solo ucraniano, e as armas estão sendo transferidas através da Europa, seguindo o padrão que foi estabelecido desde o começo da guerra. Essa dinâmica implica que, apesar da intensificação das entregas, a maneira como as armas são movimentadas permanece constante.
Enquanto isso, a Administração Biden enfrenta críticas e desafios adicionais relacionados à estratégia de longo prazo em apoio à Ucrânia. Trump e seus aliados estão propondo alternativas, como condicionar a ajuda dos Estados Unidos à participação da Ucrânia em negociações de paz com a Rússia. O ex-presidente enfatizou em sua entrevista que as decisões da administração Biden estão provocando uma escalada desnecessária que poderia ser evitada. A interrogação que permanece é como a posição de Trump pode moldar o futuro dos EUA em relação à Ucrânia e a continuidade da ajuda militar, especialmente considerando sua intenção de manter contato direto com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Informações recentes indicam que a administração de Biden enfrenta dificuldades em utilizar todos os recursos financeiros disponíveis, com cerca de $7 bilhões autorizados pelo Congresso para armamentos da Ucrânia, em parte devido a limitações na reposição dos próprios estoques militares. No entanto, a atual administração está confiante de que será capaz de utilizar a verba aprovada antes da transição de governo, assegurando que o financiamento seja aplicado conforme o destinado. Uma preocupação mais premente ainda é a questão de pessoal, com altos funcionários administrativos mencionando que a mobilização de tropas da Ucrânia e o treinamento de novos recrutas estão se tornando primordiais para a estratégia de combate.
Como destacou um oficial sênior, “Atualmente, a Ucrânia não está mobilizando ou treinando soldados suficientes para preencher suas unidades na linha de frente”. A disposição dos Estados Unidos de ajudar com o treinamento de soldados mobilizados depende, no entanto, da decisão da Ucrânia de aumentar suas forças. Esse cenário instiga a reflexão sobre como o novo governo sob Trump poderá abordar a questão da segurança e apoio à Ucrânia, e como isso afetará o delicado equilíbrio no cenário internacional.