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No caminho da inovação no setor de tecnologia vestível, Google e Samsung se unem em uma parceria estratégica que promete agitar o mercado de headsets de realidade mista. Com o desenvolvimento de um novo dispositivo, as duas gigantes da tecnologia estabelecem uma competição direta com os modelos Vision Pro da Apple e Quest 3 da Meta.
Construído pela Samsung, o novo headset será alimentado por um sistema operacional Android inovador, que visa penetrar em um mercado que, até o momento, tem sido dominado pelo Metaverso da Meta. O lançamento está agendado para 2025, embora o preço ainda não tenha sido revelado. Especialistas acreditam que a Samsung buscará um preço mais acessível do que os impressionantes US$ 3.499 do Vision Pro, em contraste com os US$ 500 cobrados pelo Quest 3.
O headset da Samsung representará a estreia do novo sistema operacional Android para XR (realidade estendida), concebido em colaboração com Google e Qualcomm. Este sistema tem um enorme potencial, pois permitirá que hardware, como headsets e óculos, ganhem vida com funcionalidades que prometem revolucionar a maneira como os usuários se conectam ao mundo digital.
Ted Mortonson, diretor administrativo da Baird, comentou que o headset, juntamente com o sistema operacional que o suporta, irá ajudar a Google e a Samsung a conquistar uma fatia maior do mercado de tecnologia vestível, e ao mesmo tempo posicionar estas empresas para o futuro promissor dos produtos de consumo baseados em inteligência artificial.
“Este é um ataque direto à Apple”, afirmou Mortonson, observando que a parceria aproveita as extensas capacidades de IA da Google em conjunto com o hardware confiável da Samsung. Essa strategia pode abrir flancos para as empresas, especialmente considerando que o Vision Pro não decolou como a Apple esperava, criando assim uma oportunidade valiosa para Google e Samsung.
Scott Kessler, líder global do setor de tecnologia na Third Bridge, comentou que a Meta é vista como líder de mercado, com uma posição forte devido ao Quest 3 e suas colaborações com a Rayban. Contudo, considerando que os headsets ainda são um produto relativamente de nicho, o mercado permite espaço para experimentação.
“Estamos nas fases iniciais”, disse Kessler, referindo-se à evolução do mercado de headsets de realidade mista.
Dan Ives, diretor administrativo e analista sênior de ações da Wedbush Securities, indicou que a Google tentará superar a Meta com foco no mercado de consumidores em massa.
“Este é um alerta para a Apple e Meta, um sinal claro de que Google não pretende ficar à margem nesse mercado”, afirmou Ives.
A pressa em injetar novidades no mercado de tecnologia vestível parece ser uma questão de tempo. Mortonson enfatizou que a Google já foi pioneira na tecnologia vestível com o Google Glass em 2013, que foi descontinuado em 2023, além de ter lançado um headset de realidade virtual chamado Daydream em 2016, que também foi descontinuado mais tarde.
Desde a aquisição da Deep Mind, um laboratório de IA, em 2014, a Google tem investido quantias exorbitantes de tempo e recursos em suas capacidades de IA generativa. Em 2023, a companhia lançou o Gemini, sua oferta central de inteligência artificial, que estará integrado ao novo sistema Android, trazendo recursos como assistente de voz por IA e acesso a todos os aplicativos Android para o headset.
Won-Joon Choi, chefe de pesquisa e desenvolvimento da unidade móvel da Samsung, expressou sua empolgação em colaborar com a Google na busca por desbloquear novos produtos de realidade estendida.
“A realidade estendida rapidamente passou de um sonho distante para uma realidade tangível”, disse Choi em um comunicado. “Acreditamos que tem o potencial de desbloquear novas e significativas maneiras de interagir com o mundo, ressoando verdadeiramente com a vida cotidiana e transcendendo barreiras físicas.”
Um desejo a ser atendido ou uma necessidade recomendada?
Exatamente como o esperado, a competição entre Google e Apple, assim como a Meta, no segmento de tecnologia vestível, está se intensificando, especialmente diante do potencial de crescimento dos produtos de IA, segundo Kessler. “Por agora, esses tipos de headsets são mais um ‘desejo’ do que uma ‘necessidade'”, diz ele, enfatizando que a evolução do mercado ainda requer tempo para amadurecer.
Kessler também menciona que, apesar de as funcionalidades dos produtos serem chamativas, não há, até o momento, algo que justifique uma compra compulsória por parte dos consumidores.
Por fim, Mortonson destaca que a grande expectativa não é apenas sobre o headset, mas na funcionalidade e inovação do sistema operacional Android XR, juntamente com a monetização dos produtos de IA pela Google e a forma como isso pode aquecer a competitividade do grande setor de tecnologia.
“Essas empresas estão se posicionando para capitalizar sobre as oportunidades que surgirem”, finalizou Kessler, iluminando o futuro cheio de possibilidades que esta nova parceria pode trazer.