Nos últimos tempos, o sentimento de pânico e a ansiedade têm aumentado com o que ouvimos sobre eventos globais. Parece que a cada dia surgem novas guerras, mais vítimas, condições climáticas severas e um sem-fim de preocupações relacionadas a inteligência artificial e política. Esse clima de apreensão é notório nas redes sociais e na mídia, onde os influenciadores têm abordado essa inquietação sob o termo “doomerism”.
De acordo com pesquisas recentes, como a realizada pela Associação Psiquiátrica Americana, 70% dos adultos relatam estar ansiosos em relação aos eventos atuais. Dr. Norma Mendoza-Denton, professor de antropologia linguística na UCLA, observa que principalmente os millennials e a geração Z estão mais impactados por questões como mudanças climáticas e instabilidade política. O isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19 apenas acentuou esse problema, criando um entorno propício à disseminação de sentimentos de desespero.
A perspectiva do doomer e suas consequências psicológicas
Esse estado de espírito, caracterizado pelo pessimismo frente ao futuro, é frequentemente alimentado por um “gap da esperança”, onde ninguém consegue visualizar soluções para as crises que enfrentamos. O Dr. Chan Hellman, fundador do Hope Research Center na Universidade de Oklahoma, explica que em tempos de adversidade, ficamos mais propensos a refletir sobre o que não deu certo e nos esquecemos de recordar os momentos bons; uma condição que ele classifica como “ruminação”.
Este sentimento de doomerismo é mais intenso nas plataformas digitais, onde a mensagem predominante é de catástrofes, e as soluções são minimizadas ou ignoradas. Essa abordagem leva a um ciclo vicioso de internalização do pânico, pois as pessoas sentem que não têm capacidade para mudar a própria realidade. O fenômeno das “câmaras de eco”, frequentemente encontradas nas redes sociais, fortalece a ideia de que “tudo está destinado ao fracasso”. Por exemplo, o uso de linguagens doomer, onde expressões como “estou chorando” podem se transformar em sarcásticas maneiras de reconhecer a gravidade dos problemas. Contudo, em gerações mais jovens, essa linguagem pode adquirir um tom de humor, invertendo um pouco do peso negativo que essas expressões carregam.
Como a linguagem doomer influencia as percepções e as emoções
A linguagem utilizada nas discussões sobre as mudanças climáticas, como “catástrofe” e “irreversível”, acaba gerando uma pressão emocional maior sobre os indivíduos, levando-os a um estado de impotência. Isso é corroborado por estudos, como o de 2008, que indica a correlação entre a exposição a conteúdos negativos e uma intensificação de sentimentos de ineficácia. As redes sociais proporcionam um ambiente propício para disseminar esse tipo de mensagem, e a repetição de expressões negativas cria uma bolha informativa que limita a capacidade de ver novos ângulos ou soluções para os problemas.
Maxwell Boykoff, em seu livro “Quem Fala pelo Clima?”, ressalta que essa abordagem alarmista gera um estado psicológico desfavorável, no qual os indivíduos ficam mais propensos à desesperança. A exposição constante a conteúdo negativo pode resultar em sentimentos de depressão e ansiedade, que, por sua vez, são mais intensos em grupos demográficos mais jovens, especialmente após a pandemia.
Estratégias para gerenciar a sensação de apocalipse iminente
Para lidar com esses sentimentos de desespero e impotência, o Dr. Hellman recomenda a adoção de objetivos de curto prazo, em vez de metas futuras amplas. Focar em tarefas simples, como ler um capítulo de um livro nas próximas semanas, pode criar um sentimento de realização e esperança. Essa abordagem, conhecida como “esperança gera esperança”, incentiva pequenas conquistas que podem, ao longo do tempo, reforçar a crença de que um futuro positivo é realmente possível.
Adicionalmente, artigos como o de 2023 também sugerem que criar conexões sociais pode favorecer um suporte emocional essencial, ajudando a orientar as pessoas em direção a caminhos mais positivos. Esse suporte pode originar-se de indivíduos que já percorreram o caminho que se busca, funcionando como modelos que trazem um impacto positivo.
O [[Google]](https://www.google.com/) e outras plataformas podem ajudar a localizar comunidades online que visem a discussão construtiva, com foco em soluções práticas para os diversos problemas que nos cercam atualmente.
Portanto, mesmo em meio a um mundo repleto de notícias desanimadoras e de um sentimento prevalente de doomerismo, é possível encontrar formas de resgatar a esperança e reverter a maré de pessimismo que nos atinge. Pequenos passos podem ter grandes impactos! Afinal, o que pode ser melhor que cultivar a esperança numa época de incertezas?
Manter-se informado é importante, mas a forma como consumimos a informação pode determinar nosso estado emocional. Portanto, busque sempre a luz em meio à escuridão.
Legenda: A representação da ansiedade em jovens, com foco na importância de suporte emocional.