Nova Iorque
CNN
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Elon Musk, o controverso magnata das redes sociais e tecnologia, aparentemente se vê em mais uma batalha legal com a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) e seu presidente, Gary Gensler. O conflito concentra-se em suas compras iniciais de ações da Twitter, agora designada como X, revelando um cenário tenso que pode ter implicações significativas para o futuro das interações entre investidores e reguladores.
Recentemente, Musk divulgou em sua plataforma de mídia social X que a SEC está exigindo que ele aceite uma multa de valor não revelado para resolver as acusações relacionadas às suas primeiras aquisições em 2022 de ações da então chamada Twitter. Essa revelação não apenas trouxe à tona a relação tumultuada de Musk com o órgão regulador, mas também criou um clima de incerteza sobre o futuro das suas operações e suas interações com investidores.
Em um post em sua conta, Musk compartilhou uma carta enviada a Gensler por seu advogado, Alex Spiro, na qual o órgão regulador exigia que Musk concordasse, dentro de 48 horas, em pagar a multa sob pena de enfrentar acusações “em diversos pontos”. O tom casual e provocativo de Musk se destacou na comunicação direta, ao afirmar: “Oh, Gary, como você pode fazer isso comigo?”.
Até o momento, a SEC e Gensler não responderam a solicitações para comentar sobre a situação complexa que envolve Musk. A carta ainda apontou que a equipe da SEC indicou que a exigência se originou de uma diretiva de superiores, com adições de que acusações seriam propostas a menos que Musk concordasse com as exigências impostas. Musk, em resposta a essa lógica regulatória, se recusou a concordar com o pedido da SEC, intensificando a animosidade entre o magnata e o órgão.
Essa tensão não é nova. Há anos, Musk e a SEC têm ao menos resistido às suas respectivas posturas, com essas disputas se acirrando especialmente desde que Musk começou a questionar a autoridade da SEC de limitar suas comunicações com investidores. Gensler, por outro lado, emergiu como um dos críticos mais ardentes das criptomoedas — um setor no qual Musk é um investidor e defensor de longa data, intensificando a rivalidade entre eles em um campo que é cada dia mais crucial no mercado financeiro.
Em uma reviravolta interessante, a carta de Musk também afirma que Spiro foi convocado a depor, mas se negou a fazê-lo. Além disso, a SEC reabriu uma investigação relacionada a outra das empresas de Musk, a Neuralink, em um desdobramento que pode levantar novas questões sobre as intenções e a motivação do organismo regulador. Na carta, Spiro argumentou que “essa série de eventos deixa claro que a comissão não está motivada a buscar a verdade, mas sim engajada em uma campanha mal direcionada contra Musk e as pessoas e empresas associadas a ele”.
Em 2018, a SEC havia chegado a um acordo com Musk e a Tesla, após constatar que Musk havia enganado investidores ao divulgar que tinha “financiamento garantido” para tirar a Tesla da bolsa. Nesse acordo, tanto Musk quanto a Tesla pagaram multas de $20 milhões, e Musk concordou em ter seus tweets sobre eventos relevantes da companhia aprovados por outros membros da Tesla. Ele também renunciou ao cargo de presidente da Tesla, embora tenha mantido o título de CEO, demonstrando a fragilidade de sua posição sob o olhar atento da regulamentação.
Em abril de 2022, Musk divulgou sua aquisição de 9% das ações da Twitter, antes de comprar a empresa na íntegra mais tarde naquele ano. A SEC então questionou o motivo de Musk não ter divulgado essas aquisições em um prazo adequado, conforme exigido pela legislação de valores mobiliários. Eventualmente, Musk concretizou a compra total das ações em uma transação de $44 bilhões, renomeando a plataforma como X após a aquisição.
Além disso, a tensão entre Musk e Gensler se estende para a regulação de criptomoedas, onde Musk defende o setor, enquanto Gensler descreveu as criptos como “suscetíveis de fraudes, esquemas e abusos em certas aplicações”. O debate acirrado entre esses dois gigantes do setor ilustra as divisões crescentes em uma era em que a regulamentação se torna cada vez mais urgente frente à expansão exponencial das tecnologias digitais e suas implicações no mercado financeiro.
No entanto, é importante notar que a administração de Trump não pretende deixar Gensler muito tempo no cargo. Trump indicou Paul Adkins, ex-co-presidente do grupo de defesa de criptomoedas Digital Chamber’s Token Alliance, para liderar a SEC, indicando uma mudança no foco regulatório que poderá, eventualmente, aliviar a pressão sobre Musk e suas atividades empresariais.