Crystal Mangum, a ex-dançarina de boate que em 2006 acusou três jogadores do time de lacrosse masculino da Duke University de estupro, provocando uma onda de reações a nível nacional, agora afirma que mentiu sobre o ocorrido. Essa declaração bombástica deu início a um novo capítulo de um caso que já foi marcado por controvérsias e injustiças.

“Eu testemunhei falsamente contra eles, dizendo que me estupraram, quando na verdade não o fizeram, e isso foi errado. Eu traí a confiança de muitas outras pessoas que acreditaram em mim”, revelou Mangum durante a participação em um programa online intitulado “Vamos Falar com Kat”, conduzido por Katerena DePasquale.

A entrevista aconteceu na Instituição Correcional da Carolina do Norte para Mulheres, onde Mangum cumpre pena por uma condenação de homicídio em segundo grau relacionada a um caso de esfaqueamento de seu namorado em 2013. O fato de que Mangum está presa levanta questões sobre como sua vida tomou rumos tão trágicos e como suas ações impactaram não apenas a vida dela, mas dos homens que foram acusados injustamente.

“Eu inventei uma história que não era verdadeira porque queria validação das pessoas e não de Deus”, refletiu Mangum, em um momento que talvez defina sua busca por aprovações externas em detrimento da verdade.

David Evans, left, Collin Finnerty, center, and Reade Seligmann, right, at a news conference after charges against them were dropped in 2007.

Durante o podcast, Mangum expressou sua esperança de que os três homens possam um dia perdoá-la. “Eu quero que eles saibam que eu os amo, que eles não mereciam aquilo, e espero que possam me perdoar”, afirmou, numa demonstração de arrependimento que ecoa mais de uma década após a tragédia desatada por suas acusações.

A confissão de Mangum surge quase duas décadas depois que ela afirmou ter sido estuprada pelos ex-jogadores David Evans, Collin Finnerty e Reade Seligmann. Nesta longa caminhada de reencontro com a verdade, muitos se perguntam como seria a vida desses atletas se o escândalo nunca tivesse ocorrido.

De acordo com o jornal estudantil da Duke, os serviços de atletismo da Duke se abstiveram de comentar sobre a situação. A universidade, bem como o presidente da escola e o treinador do time de lacrosse ao tempo, não responderam ao pedido do jornal estudantil por comentários. Até o momento, não houve declarações dos jogadores.

Acusações da festa e as consequências

Os três foram presos após as alegações da mulher em uma festa. As graves acusações atraíram a atenção da mídia, resultando no cancelamento da temporada de 2006 do time e na demissão do treinador Mike Pressler. O promotor do caso foi condenado por desacato criminal e desbaratado.

Em abril de 2007, o então procurador geral do estado, Roy Cooper, que hoje é governador, revisou o caso e exonerou os três homens, declarando que as acusações nunca deveriam ter sido feitas. Isso foi um alívio para as famílias dos acusados, que viveram um pesadelo durante os meses de repressão social e enfrentaram o desprezo público.

A Duke University e os três jogadores chegaram a um acordo confidencial logo após as acusações serem retiradas. Esse acordo trouxe um fechamento parcial para alguns envolvidos, mas muitas perguntas permaneceram sem resposta ao longo dos anos.

A cidade de Durham fez um acordo em um processo movido pelos três homens em 2014. Como parte do acordo, Durham concordou em pagar US$ 50.000 para a Comissão de Inquérito da Inocência da Carolina do Norte, uma tentativa de compensar as injustiças que ocorreram na sequência das falsas alegações.

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