Uma troca de presentes de Natal que aconteceu em 1996 entre duas mulheres icônicas, Carolyn Bessette Kennedy e Lee Radziwill, irmã de Jacqueline Kennedy Onassis, revelou um momento não apenas divertido, mas também revelador sobre as dinâmicas familiares e sociais que cercavam figuras da aristocracia americana. Neste relato nostálgico, RoseMarie Terenzio, ex-assistente pessoal de John F. Kennedy Jr. e amiga próxima de ambos, compartilhou detalhes surpreendentes sobre esse evento, que ganhou destaque durante uma festa de lançamento do livro “JFK JR: An Intimate Oral Biography”, realizada no dia 10 de dezembro em Nova York.

A tradição de troca de presentes durante as festividades é um costume que transcende culturas e gerações, e neste caso específico, envolveu uma grande expectativa e um toque de humor. Enquanto Carolyn oferece a Lee uma elegante manta da renomada grife Hermès, com um valor estimado em milhares de dólares, Radziwill contrabalança com um presente que à primeira vista pode parecer insólito: uma caixa de clipes de cabelo e scrunchies adquiridos em uma farmácia local, especificamente da rede Duane Reade. Terenzio não perdeu a oportunidade de relatar esse curioso descompasso entre as duas presentes, destacando o aspecto inusitado do presente de Lee.

Lee Radziwill and Carolyn Bessette Kennedy at Supper Club for the party following the performance of the Parsons Dance Company's premiere of composer Shelly Palmer's Anthem on May 5, 1998 in New York City

Na lembrança de Terenzio, a cena se desenrola de forma cômica, com Carolyn, mesmo diante de um presente simples e inusitado, achando a situação hilária, considerando-a uma “jogada de mestre” de Lee. Carolyn ficou fascinada com a audácia de Lee, uma mulher conhecida por sua elegância e bom gosto, mas que, em sua essência, teve um momento de leveza em resposta à não inclusão em um dos eventos familiares mais privados da época: o casamento de Carolyn com John F. Kennedy Jr. em setembro daquele mesmo ano, que teve como cenário a isolada Ilha Cumberland, na Geórgia.

Terenzio sugere que a decisão de Kennedy Jr. em não convidar Lee para a cerimônia estava ligada a uma tentativa de manter a privacidade do evento. “John acreditava que Lee não aceitaria o desejo da privacidade e poderia acabar revelando detalhes da cerimônia”, explica Terenzio, ressaltando a complexidade nas relações familiares interpretáveis como um reflexo do legado Kennedy. Nos bastidores, Carolyn, sendo alguém muito próximo à sua sogra, não conseguia compreender a omissão de Lee da lista de convidados, defendendo a ideia de que “como você pode não convidar a irmã da sua mãe?” Esta situação gerou tensões que estavam em jogo no relacionamento compartimentado entre a família Kennedy e suas esferas sociais.

John F. Kennedy, Jr., and Carolyn Kennedy during the annual White House Correspondents dinner on May 1, 1999 in Washington, D.C.

O aspecto leve e até cômico da troca de presentes, onde uma grife de prestígio se contrapunha a itens comuns de farmácia, evidencia como o dinheiro e a classe social, muitas vezes exaltados na sociedade, não determinam as relações interpessoais e muito menos a genuinidade dos sentimentos. As percepções de Carolyn sobre a atitude despretensiosa de Lee demonstram que elas não se limitavam a qualificações externas e que, apesar das diferenças em suas histórias de vida, havia um entendimento mútuo que transcendeu a superficialidade. Terenzio complementa que Carolyn considerava Lee como “uma badass”, evidenciando, inclusive, que a resposta de Lee poderia ser uma crítica sutil por ter sido excluída do casamento.

Com esse relato, fica claro que além de simples presentes, a troca entre Carolyn e Lee carrega um peso simbólico que retrata a complexidade emocional de famílias icônicas do século XX, além de abraçar a ideia de que, por trás de toda elegância, há uma história tecida de amor, desafetos e reconciliações silenciosas. Assim, essa narrativa instigante nos leva a refletir sobre a importância das relações familiares e o papel que momentos simples, mas marcantes, têm em defini-las. As histórias pessoais, envoltas em camadas de história e emoção, são sempre menores e mais significativas do que parecem à primeira vista, muito mais do que os objetos que trocamos, é o carinho e as experiências vividas que realmente contam.

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