Washington — A senadora Amy Klobuchar, do partido democrata de Minnesota, manifestou sua preocupação no último domingo sobre a necessidade de uma reforma no processo de perdão presidencial, especialmente após uma série de comutações e perdões controversos realizados pelo presidente Biden. Entre esses atos, destacou-se o perdão generalizado concedido ao seu filho, Hunter Biden, o que levantou mais debates sobre a eficácia e a ética desse sistema.
A senadora disse, em entrevista ao programa Face the Nation com Margaret Brennan, que “todo esse processo clama por reforma, pois, do contrário, estamos minando o sistema de justiça”. Este apelo se torna particularmente relevante à luz da recente decisão da Casa Branca, que anunciou na quinta-feira passada a comutação das penas de quase 1.500 pessoas. Essa ação, que representa a clemência mais abrangente concedida por um presidente em um único dia, foi recebida com reações mistas, especialmente quando entre os beneficiários estavam indivíduos envolvidos em polêmicas, incluindo um juiz associado ao infame esquema “Kids for Cash”.
Klobuchar expressou sua desaprovação sobre a inclusão de algumas dessas comutações, dizendo que “não gostou” da decisão de liberar determinado juiz e insistiu que não compartilha do entusiasmo por todas as comutações e perdões feitos. “Não tenho dúvida de que havia alguns perdões justos nesse grupo. No entanto, existem vários que, na minha opinião, não fazem sentido algum”, ressaltou.
A senadora também falou sobre o perdão concedido a Hunter Biden, afirmando que não concordava com a decisão. Klobuchar, que tem uma longa trajetória política e que demonstrou sua resistência a diversas comutações feitas pelo presidente Trump durante seu mandato, reivindicou que o poder de perdoar está previsto na Constituição e possui uma rica tradição que, segundo ela, não deve ser alterada. No entanto, ela destacou a necessidade de estabelecer reformas significativas.
“Deveríamos ter algum tipo de um conselho externo, assim como os governadores fazem”, sugeriu Klobuchar. Ela argumentou que, enquanto governadores têm a capacidade de conceder clemência a pessoas após muitos anos, muitos deles contam com conselhos que fazem recomendações e implementam outras práticas, em vez de decisões tomadas impulsivamente em momentos inusitados.
Propondo um processo mais estruturado, Klobuchar sugeriu que, ao longo de um período de um ano, um conselho poderia avalizar petições individuais, ao invés de tratar grandes grupos de forma linear, o que ela argumentou, desmerece o trabalho dos agentes do FBI e dos promotores que se dedicaram aos casos. “Você pode querer clemência dez anos depois? Sim, você pode querer. Mas pelo menos, vamos analisar esses casos com base em fatos e riscos, em vez de fazê-lo no meio da noite, um mês antes de um presidente deixar o cargo”, concluiu Klobuchar, com um toque de ironia que leva o leitor a refletir sobre a seriedade do tema e as implicações que decisões apressadas podem ter na justiça.