A crescente tensão no Oriente Médio ganhou novos contornos com a revelação de que o Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, teve uma conversa telefônica “muito calorosa” com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, onde abordaram a necessidade de uma clara vitória israelense em sua guerra contra o grupo Hamas, em Gaza, assim como a questão de Syria. Essa conversa, que ocorreu no último sábado à noite, reflete a intensidade e a complexidade do atual cenário geopolítico, principalmente após o bombardeio em Gaza que resultou na morte de quase 45.000 palestinos, além da apreensão com a situação dos reféns mantidos pelo Hamas.
Em um vídeo divulgado, Netanyahu detalhou os tópicos discutidos com Trump, enfatizando o compromisso de Israel em evitar que o grupo libanês Hezbollah se reestruture militarmente, assim como assegurar a libertação dos reféns em Gaza. “Eu discuti tudo isso novamente com meu amigo, o Presidente eleito dos EUA, Donald Trump”, comentou Netanyahu, sublinhando a natureza amistosa e a importância de sua conversa com o líder norte-americano.
No fundo desse diálogo entre os líderes, está o grave impasse gerado pela captura de cerca de 100 reféns, incluindo sete cidadãos americanos, pelo Hamas, durante sua ofensiva em Israel no dia 7 de outubro de 2023. Netanyahu se comprometeu a “trabalhar incansavelmente” para garantir que todos os reféns, vivos ou mortos, sejam trazidos de volta para casa, afirmando que “quanto menos se falar sobre isso, melhor” e expressando a esperança de que, com a ajuda de Deus, os esforços obterão sucesso.
A situação em Gaza e as guerras da região não são os únicos desafios que Netanyahu enfrenta. Em relação à Síria, o Primeiro-Ministro anunciou que Israel “não tem interesse em confrontar” o país, mas que estará atento à realidade emergente ao redor. Recentemente, as forças israelenses tomaram controle de uma zona tampão que separava Israel e Síria, após a queda do regime de Bashar al-Assad, o que levou à crítica de vários líderes e rebeldes sírios.
O governo israelense declarou que esta medida é temporária e que não tem planos de se envolver nos assuntos internos da Síria, embora tenha enfatizado que a nação está comprometida em evitar que o Irã arme o Hezbollah através do território sírio. “Este é um teste contínuo para Israel, devemos enfrentá-lo – e o faremos”, disse Netanyahu, enviando uma mensagem clara ao Hezbollah e ao Irã sobre a determinação de Israel em proteger seu território.
Além dessas questões, uma série de outras complexidades se desdobrou com a aprovação de Netanyahu de um plano para expandir os assentos nas Colinas de Golã, uma região estratégica que Israel ocupa desde a Guerra dos Seis Dias de 1967. Diversas nações árabes expressaram condenação a essa expansão, considerando-a uma violação do direito internacional.
Esse tema gera numerosas discussões em nível internacional, dado que, apesar de declarar que este movimento é temporário, Israel já foi acusado de aproveitar a instabilidade na Síria para realizar uma “grande ocupação de terras”. A situação é ainda mais delicada considerando que a administração Trump reconheceu a reivindicação israelense sobre as Colinas de Golã em 2019, um passo que modificou o nexus geopolítico na região.
Os eventos recentes, destacando as interações entre Netanyahu e Trump, bem como os esforços de Israel em lidar com as questões sírias e a violência em Gaza, ilustram a teia complexa que envolve a política do Oriente Médio. A luta por um futuro seguro e pacífico é uma batalha em que tanto Israel quanto os países vizinhos continuam a travar, com profundas implicações para a dinâmica regional e global.
Enquanto isso, a comunidade internacional observa atentamente a evolução dessa situação, na expectativa de que as negociações e as ações diplomáticas possam trazer resultados que favoreçam a paz e a segurança em uma das áreas mais conflituosas do planeta.
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Expandindo Assentamentos nas Colinas de Golã
A recente aprovação do plano de Netanyahu para aumentar os assentamentos na ocupação das Colinas de Golã desencadeou mais tensões com a Síria, que já está lidando com as repercussões internas de uma revolução que derrubou al-Assad. O objetivo declarado de Netanyahu é dobrar a população da região e fortalecer a presença de Israel. Ele afirmou que “fortalecer as Colinas de Golã é fortalecer o Estado de Israel”, fazendo um apelo à importância dessa ação no atual clima de conflito.
Enquanto essa manobra é recebida com ceticismo internacional, particularmente dentro das comunidades árabes, com várias vozes de oposição surgindo, fica claro que a busca de uma solução pacífica e uma resolução para a crise ainda está longe de ser alcançada. O futuro da região continua a depender enormemente da habilidade de resolução de conflitos entre potências internacionais e as dinâmicas internas dos países envolvidos.