Na noite de quinta-feira, o ex-presidente Donald Trump proferiu uma série de insultos à vice-presidente Kamala Harris durante o tradicional jantar de caridade Al Smith, realizado na cidade de Nova York. O evento, que tem sido um espaço habitual para trocas benignas entre os principais candidatos presidenciais, tomou um rumo inesperado enquanto Harris se encontrava a mil milhas de distância, realizando uma intensa campanha no estado de Wisconsin, onde busca reforçar suas chances na corrida presidencial. A escolha de Harris de não comparecer ao jantar gerou controvérsias, e Trump aproveitou a ocasião para disparar críticas, enfatizando o descaso que, segundo ele, a vice-presidente demonstrou ao faltar ao evento, o que considerou como uma falta de respeito aos católicos presentes.
A participação de Trump no jantar, conhecido por suas habituais ligações a figuras políticas e empresariais influentes, teve um tom de provocação e bravata. Munido de um público amigável, ele fez comentários depreciativos sobre a própria inteligência de Harris, insinuando que ela não possui a capacidade de articular pensamentos coerentes. “Atualmente, temos alguém na Casa Branca que mal consegue falar, que parece ter as faculdades mentais de uma criança,” foram algumas de suas palavras. Sua retórica continha insultos diretos e indiretos que culminaram em risadas e aplausos entre seus apoiadores presentes.
Enquanto isso, em Wisconsin, Harris estava empenhada em campanhas que visavam transcender suas rivalidades e conectar-se com o eleitorado. Em uma de suas declarações, ela criticou a autodenominação de Trump como “pai da fertilização in vitro” e acusou-o de manipulação. “Ele diz que 6 de janeiro é um dia de amor,” exclamou, refletindo a indignação popular diante de suas tentativas de reescrever a narrativa em torno do ataque ao Capitólio. O contraste entre as duas abordagens — a provocativa do ex-presidente em Nova York e a conciliadora da vice-presidente em Wisconsin — ilustra vividamente as divisões que caracterizam a atual tentativa de reeleição, com a corrida rumo à presidência cada vez mais polarizada.
O jantar de caridade, um evento de longa data na agenda política nova-iorquina, também conta com a presença de diversas figuras influentes, o que não foi diferente neste ano. O cardeal de Nova York, Timothy Dolan, e a ex-primeira-dama Melania Trump foram vistos ao lado de Trump, o que gerou uma série de especulações sobre os vínculos e as alianças que permeiam a política local. Mesmo ao lado de pessoas que podem ser consideradas adversárias, como Letitia James, procuradora geral de Nova York, cuja atuação trouxe graves acusações contra Trump por fraude civil, o ex-presidente utilizou o evento para reafirmar sua narrativa de vitimismo, caracterizando as ações judiciais contra si como uma retaliação política. Ele ainda elogiou o atual prefeito de Nova York, Eric Adams, que enfrenta suas próprias dificuldades legais, estabelecendo uma teia complexa de alianças contingentes.
Harris, que optou por enviar uma mensagem em vídeo para os participantes do evento, também demonstrou um tom de união e esperança. “O Evangelho de Lucas nos diz que a fé tem o poder de iluminar aqueles que vivem na escuridão,” ressaltou, enfatizando a necessidade de construir um futuro mais justo e solidário. Em sua interação com a comediante Molly Shannon, que interpretou sua famosa personagem de Mary Katherine Gallagher, Harris também lembrou da importância da diplomacia e do respeito, evitando qualquer crítica direta aos católicos presentes, o que denota uma estratégia de maior conexão com a base diversificada da sua campanha.
Com a proximidade das eleições, a rivalidade entre Trump e Harris se intensifica, reforçando as divisões ideológicas que permeiam a sociedade americana. A capacidade de ambos em influenciar suas bases e angariar apoio popular se mostra crucial nos meses que antecedem a eleição. Dessa forma, a disparidade nas estratégias de comunicação e engajamento revela um cenário político dinâmico, onde cada movimento é monitorado de perto. O jantar de Al Smith, ao invés de ser um mero evento social, tornou-se um palco para a representação de oposições ideológicas, evidenciando os desafios que cada candidato enfrentará nas próximas semanas enquanto se dirigem a um eleitorado cada vez mais polarizado e crítico.