Nova Délhi (AP) — O mundo da música clássica indiana perdeu um de seus maiores ícones. Zakir Hussain, cujas contribuições para a música transcendiam gêneros e levaram o tabla a plateias globais, faleceu no último domingo, aos 73 anos. A notícia foi confirmada pelas autoridades familiares, que compartilharam que o renomado músico succumbiu a fibrose pulmonar idiopática, uma doença pulmonar crônica, enquanto estava internado em um hospital em San Francisco.
Em uma declaração emocional, sua família ressaltou que “seu trabalho prolífico como professor, mentor e educador deixou uma marca indelével em inúmeros músicos. Ele esperava inspirar a próxima geração a ir mais longe. Deixa para trás um legado incomparável como embaixador cultural e um dos maiores músicos de todos os tempos”. Essas palavras ecoam o respeito e a admiração que ele conquistou ao longo de uma carreira que Durou mais de seis décadas.
Reconhecido como o maior exponent do tabla, Zakir Hussain se destacou ao elevar esse instrumento de percussão típico da música clássica indiana a novos patamares de reconhecimento mundial. Seu talento e técnica inigualáveis o tornaram um nome familiar, não apenas na Índia, mas também em palcos internacionais.
Além de sua habilidade notável, Hussain foi um colaborador prolífico, trabalhando com figuras icônicas como George Harrison, saxofonista de jazz Charles Lloyd, o baterista Mickey Hart e o violoncelista Yo-Yo Ma. Sua versatilidade e capacidade de inovar dentro de diferentes estilos musicais fizeram dele um verdadeiro pioneiro na fusão musical.
Nascido em Mumbai em 1951, Zakir era filho do lendário artista de tabla Ustad Alla Rakha. Desde os 7 anos, foi ensinado por seu pai a tocar o instrumento, e rapidamente se tornou um prodígio, atuando ao lado de lendas da música clássica indiana durante sua adolescência.
Em 1973, ele formou a banda de jazz fusion indiana “Shakti” com o guitarrista de jazz John McLaughlin. O grupo, conhecido por suas impecáveis fusões acústicas, combinou elementos da música indiana com o jazz, apresentando um som inovador ao público ocidental.
Em 2024, ele se destacou ao se tornar o primeiro músico indiano a vencer três prêmios Grammy no mesmo ano. A banda “Shakti” recebeu o prêmio de Melhor Álbum de Música Global, e sua colaboração com Edgar Meyer, Béla Fleck e o flautista Rakesh Chaurasia foi reconhecida com os prêmios de Melhor Performance de Música Global e Melhor Álbum Instrumental Contemporâneo. Anteriormente, havia conquistado um Grammy em 2009.
O reconhecimento à sua excepcional carreira foi solidificado com a entrega, em 2023, do Padma Vibhushan, a segunda maior honraria civil da Índia, que ressalta suas inestimáveis contribuições à música e à cultura do país.
Zakir Hussain deixa sua esposa e duas filhas, além de uma legião de admiradores e seguidores que continuarão a celebrar sua música por muitos anos. Sua morte é não apenas uma perda pessoal para sua família, mas também uma imensa perda para o mundo da música, que se despede de um verdadeiro gênio.