O ex-presidente sírio Bashar al-Assad afirmou que sua saída não foi planejada e ocorreu de maneira inesperada, segundo um comunicado postado na conta da Presidência síria no Telegram. A declaração, divulgada na segunda-feira, 9 de dezembro de 2024, sugere um contexto curioso e talvez até dramático sobre os últimos momentos de Assad no governo da Síria, que recentemente sofreu grandes mudanças políticas.
A autenticidade desta mensagem é ainda um mistério, pois não está claro se Assad ainda controla a conta do Telegram. Porém, caso a declaração seja legítima, representaria sua primeira manifestação pública desde que seu regime entrou em colapso no início de dezembro. Os eventos que levaram à queda de Assad são complexos e carregados de tensões políticas, especialmente no cenário das recentes vitórias de facções rebeldes e o envolvimento contínuo de potências regionais e internacionais.
No comunicado, Assad declarou: “Minha saída da Síria não foi planejada, nem ocorreu durante as últimas horas de combate, como alguns afirmaram. Pelo contrário, permaneci em Damasco, cumprindo minhas responsabilidades até as primeiras horas de domingo, 8 de dezembro de 2024.” Esta afirmação ressalta a determinação de Assad em se manter à frente de seu governo até o instante final, ou pelo menos assim ele argumenta.
O ex-presidente sírio relatou que, na manhã de domingo, 8 de dezembro, ele foi transferido para a base aérea russa localizada em Hmeimim, na Síria, devido à situação agrava-se pelo ataque à base. As circunstâncias que cercam essa mudança são preocupantes, considerando que a base estava sob risco iminente e a necessidade de evacuação foi uma prioridade estabelecida pela Rússia.
Na sequência dos eventos, a Rússia solicitou uma evacuação imediata para o próprio Assad, devido à falta de alternativas viáveis de saída da base em meio à situação caótica. Essa evacuação aconteceu logo após a queda de Damasco, o que representa um ponto crítico na história recente da Síria e, potencialmente, um marco no fim do regime Assad.
Além de desmentir rumores sobre sua intenção de fugir, Assad enfatizou que em nenhum momento considerou a possibilidade de renunciar ou buscar refúgio. De acordo com suas palavras: “A única opção era continuar lutando contra a investida terrorista.” Essa afirmação reflete não apenas uma retórica beligerante, mas também um desespero em manter alguma aparência de autoridade frente ao colapso de seu governo.
Assad expressou que sua posição se tornou “vazia de propósito” quando o país passou a ser dominado por grupos que ele categorizou como “terroristas”. Ele afirmou que qualquer posição de liderança torna-se irrelevante quando o estado não é mais capaz de operar de modo significativo. Essa visão traz à tona o dilema enfrentado por líderes em situações de crise, colocando em perspectiva não apenas o papel de Assad, mas também o futuro da Síria como um todo.
Após a evacuação, Assad e sua família chegaram a Moscovo, onde foram concedidos asilo sob alegação de “razões humanitárias”. Essa medida sublinha o papel da Rússia no atual panorama político da Síria e a complexa relação entre os dois países que se estreitaram ao longo do seu regime.
Em última análise, a saga de Bashar al-Assad deixa uma marca indelével na história moderna da Síria, levantando questões sobre o futuro do país, as dinâmicas de poder e a resiliência de seus povos diante de mudanças drásticas. O que se segue para a Síria e seus cidadãos permanece uma pergunta em aberto, provocando interesse e, quem sabe, um pouco de esperança em um futuro diferente.