Descoberta de endemia leva autoridades a investigar a causa das mortes

O zoológico mais antigo de Hong Kong, o Jardim Zoológico e Botânico, anunciou, na última sexta-feira, que nove macacos morreram em decorrência de uma infecção por melioidose, uma doença endêmica que afeta diversos animais. Entre os macacos mortos estão três exemplares da espécie de Tamarins-de-topete-cotton, que estão classificadas como criticamente ameaçadas de extinção. A informação foi disponibilizada pelo Secretário para Cultura, Esportes e Turismo, Kevin Yeung, em uma coletiva de imprensa, onde foram detalhadas as circunstâncias que levaram ao falecimento dos animais. De acordo com Yeung, os macacos podem ter contraído a infecção após interações com solo contaminado durante trabalhos de reabilitação de canos de irrigação próximos às suas habitações, realizados no início de outubro. Após a infecção, os animais desenvolveram sepsis, que tradicionalmente é uma resposta grave a uma infecção.

Impacto da melioidose e consequências para o zoológico

Em uma primeira análise, os oito macacos encontrados mortos em um domingo e um outro que faleceu na segunda-feira apresentavam comportamentos incomuns, o que levou a equipe do zoológico a investigar a ocorrência. Entre as espécies afetadas estava um macaco De Brazza, um macaco ardilla comum, três tatus-de-topete-cotton e quatro saki de rosto branco. O Tamarin-de-topete-cotton, em particular, é uma espécie de primata nativa das florestas tropicais da América do Sul e está listada como uma das mais ameaçadas de extinção do mundo, com menos de 6.000 indivíduos conhecidos vivendo em seu habitat natural, conforme dados do Instituto Smithsonian de Biologia da Conservação.

A melioidose é causada pela bactéria Burkholderia pseudomallei, que é amplamente encontrada em solos e águas lamacentas. O Secretário Yeung ressaltou que a doença é geralmente transmitida por contato com solo ou água contaminada. A investigação sugere que a infecção pode ter ocorrido quando os funcionários do zoológico andaram em suas jaulas usando botas ou sapatos que podem ter entrado em contato com o solo afetado. Outra possibilidade aventada foi que macacos infectados tivessem tido contato próximo com outros indivíduos, levando à contaminação.

A incubação da melioidose em primatas é de aproximadamente uma semana, o que condiz com o período que se seguiu ao trabalho realizado na terra. Segundo informações dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, outras espécies conhecidas por contraírem melioidose incluem ovinos, caprinos, suínos, bovinos, equinos, cães e felinos. Esse agravo é mais comum em climas tropicais, especialmente em regiões do sul da Ásia e do norte da Austrália. Edwin Tsui, controlador do Center for Health Protection, afirmou que os incidentes estão restritos a uma única área do zoológico, e o impacto potencial sobre os residentes de Hong Kong é considerado muito baixo.

Medidas de contenção e panorama do zoológico

Na segunda-feira, Kevin Yeung convocou uma reunião interdepartamental urgente para tratar das mortes, que envolveu o Departamento de Lazer e Serviços Culturais, o Departamento de Agricultura, Pescas e Conservação, e o Departamento da Saúde. Um outro macaco De Brazza também apresentou comportamento anômalo e mudança no apetite, porém, as autoridades informaram que a condição deste animal se manteve estável no último comunicado. O Jardim Zoológico e Botânico de Hong Kong, que foi inaugurado para o público em 1871, é um espaço essencial na atmosfera urbana de Hong Kong, oferecendo um oásis de natureza no distrito central da cidade. Atualmente, além dos macacos, o zoológico abriga 93 mamíferos e diversas outras espécies, incluindo répteis e aves. A morte dos macacos representa, portanto, uma perda significativa para o patrimônio zoológico da região e traz à tona a vulnerabilidade de espécies já ameaçadas por ações humanas e doenças.

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