Babsi Zangerl e sua escalada impressionante em Yosemite
No majestoso cenário de Yosemite, na Califórnia, a imponente parede de granito conhecida como El Capitan é um desafio que poucos escaladores se atrevem a enfrentar. Para muitos, a busca pela perfeição aqui é quase um objetivo inalcançável, requerendo não apenas habilidade, mas também anos de experiência para dominar suas rotas. Porém, a recente performance da escaladora austríaca Babsi Zangerl surpreendeu o mundo da escalada, não apenas pela execução quase perfeita, mas pela maneira como desafiou as expectativas.
A escalada de Zangerl na rota chamada Freerider representou um feito histórico: ela realizou a sua ascensão sem cair na primeira tentativa, um feito inédito em El Capitan até então. O que torna essa experiência ainda mais impressionante é a magnitude da escalada, que se estende por 3.000 pés. Zangerl, que estava claramente concentrada e determinada, chegou ao cume sem cometer erros, um feito cuja dificuldade é quase lendária entre os montanhistas.
A emoção de subir El Capitan sem erros
“Foi difícil de acreditar”, declarou Zangerl à CNN Sport. “Fiquei tão surpresa que isso realmente aconteceu e que eu não cai… Eu poderia ter caído tantas vezes naquela escalada.” Sua alegria é a de alguém que desafiou os limites da possibilidade e saiu vitoriosa, um reflexo da relação íntima que escaladores têm com suas liberdades e medos.
A rota Freerider, que Zangerl escalou, já havia sido testada por grandes escaladores como Alex Honnold, que a subiu sem cordas e sem equipamentos de segurança no documentário vencedor do Oscar “Free Solo”. A experiência de Zangerl é marcada por sua já considerável vivência ao escalar no El Capitan e em Yosemite, mas ela nunca antes havia tentado esta vertiginosa seqüência de mais de 30 partes.
Apesar da experiência, Zangerl expressou que a parte mais desafiadora da escalada foi a seção conhecida como Monster Offwidth – uma fenda de 60 metros – que a havia impedido de tentar Freerider anteriormente. Flashing a rota não eram um objetivo primário para ela, e a escaladora revelou que as expectativas eram bastante baixas quando ela decidiu tentar.
“Era mais uma questão de tentar ver até onde poderíamos ir”, explicou Zangerl. “Mas as expectativas eram realmente baixas, então não era um grande objetivo desde o começo… Existem algumas partes bem válidas onde você não tem muitos apoios, e você basicamente está apoiando-se nos pés ruins, e é fácil escorregar.”
O emocional ciclo de escaladas e quedas
Após vencer a parte mais desafiadora do percurso, Zangerl começou a acreditar que a ascensão poderia realmente ser completada sem erros. Ela revelou que se preocupou em não “estragar tudo na última parte”. O peso emocional que a escaladora sentiu apenas reforça a pressão que cada tentativa de flash traz, já que um erro minúsculo pode levar a uma queda.
A escalar levou em torno de quatro dias, e durante as noites, Zangerl e seu parceiro, Jacopo Larcher, dormiam em barracas penduradas na parede. Quando finalmente chegaram ao topo da escalada, os sentimentos eram mistos: alegria pela conquista de Zangerl, mas também tristeza por Larcher não ter conseguido repetir o feito.
“Eu sabia que ele estava muito próximo de completar a escalada”, lembrou Zangerl, que se concentrou em sua própria performance sem ficar refletindo muito sobre as tentativas anteriores. O treinamento mental foi fundamental, pois ela sentiu que a escalar foi uma das mais desafiadoras que já fez, dado que a pressão de uma tentativa única estava presente.
Reflexões sobre a escalada e o futuro de Babsi Zangerl
“É mais fácil focar enquanto escalo, mas assim que parei, a pressão aumentou. É mais difícil descansar ao invés de escalar”, disse Zangerl. Após a performance, a escaladora voltou para a Áustria, onde trabalha como radiografa em um hospital. Com muitas rotas ainda para experimentar, ela planeja retornar a Yosemite no próximo ano e sonha em realizar uma ascensão inédita em uma nova rota no futuro.
“É sempre um lugar feliz para se estar”, finaliza Zangerl, refletindo sobre sua jornada. “Objetivos de longo prazo, talvez seja interessante abrir nossa própria rota em algum lugar. Esse seria um grande objetivo – fazer uma primeira ascensão.”