Pixar anunciou recentemente uma mudança significativa em sua nova série de animação, Win or Lose, que não incluirá mais um enredo focado na identidade de gênero. A notícia, que foi revelada por The Hollywood Reporter, levanta questões sobre como a empresa lida com temas sensíveis em suas produções voltadas para o público jovem.

A série Win or Lose, que gira em torno de uma equipe de softball mista chamada os Pickles, se passa na semana que antecede um campeonato. Cada um dos oito episódios foca nas vidas fora de campo de um personagem e em seu ponto de vista, oscilando entre jogadores, pais, treinadores e árbitros. A trama visava oferecer uma perspectiva diversificada sobre experiências da infância e adolescência.

Um porta-voz da Disney confirmou a remoção do arco narrativo e fez uma declaração ao THR, afirmando que “quando se trata de conteúdo animado para um público jovem, reconhecemos que muitos pais preferem discutir certos assuntos com seus filhos em seus próprios termos e cronogramas.” Este comentário destaca uma crescente preocupação com o controle parental sobre o que as crianças consomem na mídia, especialmente em um ambiente político que se torna cada vez mais polarizado sobre questões de gênero e sexualidade.

Embora o personagem que faz referência à identidade de gênero continue na série, algumas falas que aludiam a essa questão foram cortadas. Uma fonte próxima ao processo de produção afirmou que a decisão de mudar a narrativa foi tomada há alguns meses, levando em consideração as reações públicas e as preocupações potenciais com a sensibilidade do tema.

Esta não é a primeira vez que a Disney enfrenta críticas em relação ao seu conteúdo LGBTQ+. Em 2022, a empresa foi alvo de polêmica após a resposta criticada de seu ex-CEO Bob Chapek sobre o projeto de lei conhecido como “Don’t Say Gay” na Flórida. Além disso, as animações Lightyear e Strange World apresentaram personagens LGBTQ+, mas ambas enfrentaram desempenho comercial abaixo das expectativas, arrecadando, respectivamente, US$ 226,4 milhões e US$ 73,6 milhões globalmente.

O tópico da identidade de gênero tem se tornado uma questão cada vez mais divisiva nos Estados Unidos, especialmente quando afeta a juventude e os esportes. Recentemente, um episódio da série animada Moon Girl and Devil Dinosaur chamou atenção quando membros da equipe de produção afirmaram que a Disney proibiu a exibição de um episódio focado em um personagem transgender. A Disney contradisse esse relato, alegando que a decisão de manter o episódio fora do ar foi tomada mais de um ano antes e não tinha relação com a inclusão do personagem transgender.

Após a retirada do enredo de Win or Lose, a Disney continua a apresentar conteúdo LGBTQ+ ao seu público adulto, incluindo produções como Agatha All Along e Fire Island. Contudo, a aparente hesitação da companhia em incluir esses temas nas produções voltadas ao público jovem levanta questões sobre a direção da Disney na era de uma maior conscientização sobre diversidade e inclusão da comunidade LGBTQ+.

A decisão sobre a série ocorre em um contexto mais amplo, onde diversas empresas de Hollywood estão revendo suas estratégias em relação ao conteúdo sensível. Com as próximas mudanças políticas prometendo reviravoltas sob a nova administração, a indústria do entretenimento permanecerá sob pressão para equilibrar a criação artística com a sensibilidade do público.

A série Win or Lose estava programada para estrear ainda este mês, mas a Disney decidiu adiar seu lançamento para 19 de fevereiro de 2025, a fim de alinhar-se melhor com o sucesso do filme Inside Out 2, que arrecadou cerca de US$ 1,7 bilhão em todo o mundo. Michael Yates, Carrie Hobson e David Lally são os criadores deste novo projeto que contará com a voz de Will Forte como o treinador Dan.

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