Joanesburgo — Após várias semanas de incertezas e pânico, a doença que levou à morte de mais de 143 pessoas, em sua maioria mulheres e crianças, na República Democrática do Congo, foi finalmente identificada. Conhecida inicialmente apenas como “Doença X”, esta condição, que se manifestou com sintomas semelhantes aos da gripe, foi diagnosticada como malária severa em sua forma respiratória, conforme anunciou o Ministério da Saúde do Congo em uma declaração formal.
As autoridades de saúde locais relataram que a desnutrição na região mais afetada havia comprometido a imunidade da população, deixando muitos vulneráveis à doença. Pacientes infectados apresentaram sinais como dor de cabeça, febre, tosse e dores no corpo, evidenciando a gravidade da situação sanitária na área. O ministro da Saúde, Roger Kamba, declarou à imprensa que o país se encontra em “máxima alerta” enquanto a malária antes não identificada continua a se espalhar.
Desde que o alerta inicial foi emitido pelo Ministério da Saúde, em 29 de outubro, pelo menos 592 casos foram reportados, enquanto a taxa de letalidade da doença foi avaliada em 6,25%. Mais da metade das fatalidades ocorreu em crianças com menos de cinco anos, que já estavam severamente desnutridas ao contraírem a malária, segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Durante uma coletiva de imprensa em 10 de dezembro, o Diretor-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, revelou que 10 de 12 amostras de pacientes que apresentaram a doença misteriosa testaram positivo para malária, embora outras doenças ainda estivessem sendo avaliadas naquele momento. A necessidade de um diagnóstico correto se torna ainda mais urgente, considerando a gravidade da situação e a evolução do surto.
Para enfrentar a crise, o governo do Congo enviou uma equipe de intervenção rápida para a província de Kwango, localizada a 700 km a sudeste da capital Kinshasa. Essa equipe, composta por epidemiologistas e outros especialistas da saúde, tem o objetivo de identificar claramente a doença e formular uma resposta adequada. As autoridades locais já haviam alertado a população para evitar o contato com indivíduos infectados e com os corpos das vítimas, na tentativa de conter a propagação do vírus.
A República Democrática do Congo enfrentou diversos surtos de doenças nos últimos anos, incluindo casos de febre tifóide, malária e anemia. Além disso, o país também lidou com uma epidemia de mpox, que registrou mais de 47 mil casos suspeitos e mais de mil mortes atribuídas à doença, conforme informações da OMS. Este cenário reforça a fragilidade do sistema de saúde local e a necessidade de medidas efetivas de saúde pública para proteger a população.
Para combater a malária, medicamentos antimaláricos fornecidos pela OMS estão sendo distribuídos em centros de saúde locais, e mais suprimentos médicos devem chegar ao país nos próximos dias. No entanto, a situação se torna mais crítica durante a estação das chuvas no Congo, período que, como se sabe, é favorável ao aumento das incidências de malária. Isso certamente complicará qualquer tentativa de tratamento para aqueles que estão em maior risco.
Em meio a essa crise de saúde, a população sofre com o aumento da incerteza e do medo. A situação serve como um lembrete sombrio da vulnerabilidade das comunidades diante das epidemias, especialmente em regiões onde a infraestrutura de saúde é limitada. A necessidade de um comprometimento contínuo e reconhecido por parte da comunidade internacional é mais evidente do que nunca, mostrando que a colaboração e o apoio são essenciais para o controle de surtos e a preservação da vida.
Enquanto o Congo busca conter o surto e tratar as vítimas, a saúde e o bem-estar da população dependem, não apenas das respostas internas do governo, mas também da cooperação e solidariedade global para enfrentar esse desafio coletivo.