A aposentadoria de atletas frequentemente marca o fim de uma era, e para Becky Sauerbrunn, essa transição era inevitável. A ex-capitã da Seleção Feminina dos Estados Unidos e vencedora de duas Copas do Mundo anunciou, aos 39 anos, o encerramento de sua carreira no futebol. Após 16 anos de uma trajetória marcada por vitórias e desafios, sua decisão traz à tona não apenas sua trajetória de sucesso, mas também o impacto que teve no esporte feminino e na luta por igualdade salarial.
Nascida em 6 de junho de 1984, em St. Louis, Sauerbrunn se destacou rapidamente no cenário do futebol profissional. Durante sua carreira, ela foi parte fundamental de uma era de ouro para a Seleção Feminina dos Estados Unidos (USWNT), conquistando o título da Copa do Mundo em 2015 e 2019, além de uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012 e um bronze em Tóquio 2020. Sua capacidade defensiva e liderança em campo foram essenciais para manter a equipe em posição de destaque nas competições internacionais.
“Nada se comparará aos últimos dezesseis anos. Como poderia?”, disse Sauerbrunn em uma emocionada postagem no Instagram. Suas palavras ecoam não apenas a gratidão pelas conquistas, mas também reconhecem as dificuldades enfrentadas como atleta. “Sonhei durante todos esses anos e, mesmo sabendo que o caminho não foi fácil, eu faria tudo de novo”, acrescentou, refletindo sobre a jornada que moldou sua carreira.
Ao terminar sua trajetória, Sauerbrunn deixa um legado impressionante. Com 219 aparições pela seleção, ela se tornou a décima jogadora mais convocada da história da USWNT. De 2021 a 2023, atuou como capitã, liderando um grupo repleto de talentos e aspirantes a campeãs. A sua importância para a equipe foi reconhecida por seus colegas, que frequentemente descrevem sua determinação e abordagem tática como um diferencial no desempenho do time.
O desempenho de Sauerbrunn nas quatro Copas do Mundo em que participou é digno de nota, já que jogou cada minuto da competição em 2015 e, mesmo com uma lesão que a afastou da primeira partida em 2019, foi essencial para a defesa da equipe. Ela também destacou seu papel vital durante a concepção do Acordo de Barganha Coletiva de 2022, que garantiu que as jogadoras da USWNT recebessem salários equivalentes aos seus colegas masculinos, estabelecendo um novo marco para a equidade de gênero no esporte.
Além de suas conquistas internacionais, Sauerbrunn se destacou em sua carreira no nível de clubes, onde conquistou três títulos da National Women’s Soccer League (NWSL). Ela foi eleita defensora do ano da NWSL por quatro vezes, mostrando sua consistência e excelência em campo. Sua última temporada foi com o Portland Thorns, onde se despediu do cenário do futebol profissional, deixando uma marca indelével que perdurará por muitas gerações.
As redes sociais foram inundadas com mensagens de apoio de companheiros de equipe e fãs, destacando não apenas suas habilidades no campo, mas também seu caráter e dedicação ao esporte. A própria Sauerbrunn expressou sua gratidão em seu discurso de despedida, agradecendo treinadores, fãs e colegas por apoiá-la ao longo de sua carreira. “A todos que estiveram ao meu lado nesta jornada, muito obrigado. Cada um de vocês desempenhou um papel importante na minha história”, afirmou.
O encerramento da carreira de Sauerbrunn vem em um momento em que várias jogadoras da USWNT estão se aposentando, incluindo Alyssa Naeher e Alex Morgan. O futuro da equipe está repleto de promessas e potenciais, mas a ausência de Sauerbrunn, uma das grandes defensoras do futebol feminino, certamente será sentida. A pergunta que fica é: quem preencherá o vazio deixado por sua saída? Contudo, a história que ela construiu e os caminhos que ajudou a pavimentar permanecerão como um exemplo de liderança, perseverança e paixão pelo que se faz.
À medida que o esporte feminino continua a evoluir, a contribuição de Becky Sauerbrunn será contada e recontada, inspirando futuras gerações a sonhar grande e lutar por igualdade no mundo do esporte.