Londres — Em uma decisão polêmica que está gerando discussões em todo o cenário das redes sociais e além, um tribunal do Reino Unido anunciou na última quarta-feira que a polícia pode apreender o equivalente a 3,3 milhões de dólares em ativos financeiros congelados de Andrew Tate, um influenciador conhecido por suas declarações misóginas, e de seu irmão Tristan, para cobrir anos de impostos não pagos.

Os recursos estão retidos em sete contas bancárias, que foram congeladas pelas autoridades britânicas, pertencentes a Tate e a uma mulher identificada apenas como J. O Chefe Magistrado Paul Goldspring, no Westminster Magistrates’ Court, declarou durante a decisão que as transações realizadas pelos irmãos, incluindo transferências que somam quase 12 milhões de dólares para J, constituíram um “desvio direto” para evadir os impostos devidos ao governo.

A solicitação para a apreensão foi feita pela força policial de Devon e Cornwall, que argumentou que Andrew Tate e seu irmão são exemplos de evasores fiscais habituais, não tendo declarado impostos sobre aproximadamente 26,5 milhões de dólares em receitas provenientes de seus negócios online. Esse valor é um claro indicativo das enormes quantias que seriam devidas ao fisco britânico, levantando questões sobre a gravidade das ações tomadas pelos irmãos no gerenciamento de seus ganhos.

Andrew And Tristan Tate Appear At Bucharest Court Of Appeal
Andrew Tate (centro) conversa com seu irmão Tristan Tate (esquerda) e um de seus advogados no Tribunal de Apelação em Bucareste, Romênia, em uma foto de arquivo de 15 de outubro de 2024.
Getty

Durante as audiências, a advogada Sarah Clarke, que representava a força policial, fez referência a um vídeo postado por Tate, onde ele afirma: “Quando eu vivia na Inglaterra, me recusei a pagar impostos”. Esse tipo de declaração tem gerado indignação entre a opinião pública, provocando um acalorado debate sobre a responsabilidade tributária dos influenciadores digitais que lucram milhões.

Após a decisão, Tate expressou sua indignação, denunciando o governo por “roubo absoluto”. Ele classificou a ação como um “ataque coordenado” contra qualquer um que ouse desafiar o sistema, levantando dúvidas sobre a validade dessa apropriação de bens. “Isso não é justiça; é uma tentativa de silenciar a dissidência”, protestou ele, ao mencionar que a apreensão de seus ativos levanta questões sérias sobre os limites que as autoridades estão dispostas a ultrapassar.

O advogado dos irmãos, Martin Evans, sustentou que as transferências bancárias em questão são práticas “completamente ortodoxas” para proprietários de negócios online, tentando defender a ética comercial das operações realizadas por Tate e seu irmão. Contudo, a opinião popular retoma os aspectos de moralidade e ética em questões fiscais, especialmente quando se trata de figuras públicas que exercem uma forte influência nas mídias sociais.

Desde que se destacou online, Tate conquistou milhões de seguidores, apenas para ser banido das plataformas TikTok, Facebook e YouTube, após ser acusado de disseminar discursos de ódio misóginos. Esse banimento levantou um diálogo contínuo sobre as barreiras das responsabilidades nas plataformas digitais e o controle que elas exercem sobre o conteúdo compartilhado.

No momento, Tate e seu irmão estão sob prisão domiciliar na Romênia, onde enfrentam acusações criminais relacionadas a tráfico humano. O desfecho desse processo poderá levar os irmãos a serem extraditados para o Reino Unido, onde também devem responder a alegações adicionais de tráfico humano e estupro. Até o presente momento, ambos negam todas as acusações de violência sexual e crimes relacionados ao tráfico, o que promete manter essa questão em evidência nas discussões sobre responsabilidade e ética nas redes sociais.

Com este cenário em evolução, fica a pergunta: até onde vai a responsabilidade de figuras públicas e como as leis tributárias, bem como as sociais, devem ser aplicadas a eles? Este caso em particular pode muito bem ser um marco na aplicação de leis e normas éticas para influenciadores digitais que não apenas afetam suas vidas, mas a vida de muitas pessoas que os seguem. A repercussão desse caso nos próximos meses será crucial, não apenas para os envolvidos, mas também para estabelecer precedentes legais que possam influenciar a atuação de autoridades frente a delitos semelhantes.

Discussão sobre responsabilidade de influenciadores

Imagem ilustrativa sobre a responsabilidade de influenciadores nas redes sociais.

Leia mais sobre Andrew Tate

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *