A recente descoberta de um antigo amuleto prateado gravado em Frankfurt, na Alemanha, está gerando uma onda de entusiasmo e reavaliações sobre a história do cristianismo na região norte dos Alpes. Com um potencial revolucionário, esse achado poderia reposicionar a compreensão do desenvolvimento do cristianismo, especialmente em suas raízes e práticas na Europa, muito antes do que se imaginava.

O amuleto, que foi encontrado em 2018 enterrado em um túmulo, é um pequeno pedaço de prata, medindo pouco mais de uma polegada, contendo uma fina folha de prata enrolada em seu interior. A cidade de Frankfurt divulgou a novidade em um comunicado que enfatiza a complexidade do processo que levou à decifração da gravação. Devido à fragilidade do material, os pesquisadores precisaram recorrer a tecnologias de digitalização para ler a inscrição, que antes parecia ilegível. A chamada “Inscrição Prateada de Frankfurt” foi finalmente revelada ao público em dezembro, deixando arqueólogos e teólogos maravilhados.

Examinando o conteúdo da inscrição, os especialistas determinaram que se tratava de uma declaração de fé em Jesus Cristo, redigida em latim. O estudo realizado revelou que a pessoa que portava o amuleto “era claramente uma cristã devota, o que é absolutamente incomum para essa época”, segundo a cidade. Os pesquisadores dataram o túmulo em que o amuleto foi descoberto entre os anos 230 e 270 d.C., o que representa a evidência mais antiga do cristianismo ao norte dos Alpes. Antes dessa descoberta, todos os outros indícios conhecidos do cristianismo na região eram várias décadas mais recentes, com o primeiro registro confiável datado do século IV.


Inscrição Prateada de Frankfurt
A “Inscrição Prateada de Frankfurt” traduzida do alemão para o inglês: (No nome?) de São Titus / Santo, santo, santo! / No nome de Jesus Cristo, Filho de Deus! / O Senhor do mundo / resiste com [força?] / todos [ataques(?)/retrocessos(?)] / O Deus(?) concede / Acesso ao bem-estar. / Que este meio de salvação(?) proteja / o homem que / se entrega à vontade / do Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, / uma vez que antes de Jesus Cristo / todo joelho se dobra: aqueles nos céus, aqueles na terra / e aqueles / debaixo da terra, e toda língua / confessa (Jesus Cristo).


Instituto Leibniz de Arqueologia em Mainz

O destaque da inscrição é que não menciona nenhuma religião além do cristianismo, o que, segundo os pesquisadores, é incomum para o período. Até o século V, amuletos desse tipo costumavam apresentar uma mistura de diferentes crenças, incluindo o judaísmo ou práticas pagãs. Em vez disso, a inscrição é inteiramente baseada no cristianismo e inclui várias citações bíblicas utilizadas pelos cristãos da época. Além disso, a invocação “Santo, santo, santo!” que aparece no texto já havia sido datada pelos pesquisadores como sendo utilizada apenas no século IV, gerando ainda mais dúvidas sobre os parâmetros temporais conhecidos até então.

O prefeito da cidade, Mike Josef, comentou sobre a importância do achado, descrevendo-o como uma “sensação científica”, provocando uma revisão das narrativas históricas em Frankfurt e além, possivelmente alterando a linha do tempo do cristianismo na região em 50 a 100 anos. Para Josef, essa revelação, especialmente próxima ao Natal, é um motivo de orgulho para os frankfurtes. A descoberta também incentiva uma reavaliação do cemitério onde o amuleto foi desenterrado, levando os acadêmicos a uma revisão de suas ideias sobre o cristianismo no norte dos Alpes.

O historiador da igreja alemã, Ulrich Volp, fez uma declaração ao Serviço de Imprensa Evangélica, indicando que o amuleto oferece uma oportunidade única para entender como o cristianismo se espalhou pelo Império Romano no século III, mesmo em meio à perseguição. “A importância da descoberta mal pode ser superestimada”, finalizou Volp, levantando questões cruciais sobre as origens e práticas do cristianismo em períodos que muitos considerariam obscuros.

Com essa descoberta, os estudiosos agora buscam estabelecer novas conexões entre os dados arqueológicos e os textos históricos conhecidos, trazendo à tona debates que podem durar décadas e moldar o entendimento contemporâneo do cristianismo em seus primórdios. A nova narrativa em torno do “Amuleto Prateado de Frankfurt” pode não apenas alterar narrativas regionais, mas também abrir novos diálogos sobre as influências multiculturais na evolução das crenças religiosas na Europa.

Além disso, cerca de seis meses antes, especialistas na Alemanha haviam descoberto um manuscrito recém-decifrado, com uma data de 1.600 anos, que foi determinado como o registro mais antigo da infância de Jesus Cristo, sugerindo que o campo da arqueologia para as tradições religiosas ainda guarda muitos mistérios a serem revelados.

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