Na vanguarda da inovação tecnológica, a Odyssey, uma startup fundada por Oliver Cameron e Jeff Hawke, ambos renomados por suas contribuições em condução autônoma, está desenvolvendo uma ferramenta impulsionada por inteligência artificial que promete revolucionar a criação de conteúdo digital. Intitulada Explorer, essa ferramenta é capaz de transformar descrições textuais ou imagens em renderizações 3D, permitindo uma imersão sem precedentes em ambientes virtuais.
Com o intuito de explorar as fronteiras da inteligência artificial, a Odyssey lançou o Explorer, que apresenta semelhanças com modelos de mundo desenvolvidos por grandes nomes da tecnologia, como DeepMind e Decart. Um exemplo prático dessa tecnologia é a capacidade de gerar uma cena interativa, em tempo real, a partir de uma simples descrição, como “um jardim japonês, com folhagem rica e verde”. Essa funcionalidade não só oferece ao usuário a possibilidade de visualizar cenários impressionantes, mas também democratiza a criação de mundos virtuais, antes restrita a especialistas em modelagem 3D.
A proposta da Odyssey é clara: criar cenas com um nível de realismo fotográfico. Esse objetivo é substancialmente alcançado graças à técnica de renderização por meio de “gaussian splats”, um método consagrado na computação gráfica. O Explorer foi treinado com paisagens reais capturadas pelo inovador sistema de câmera montado em mochila da empresa, que registra imagens em 360 graus. Essa base de dados permite que a ferramenta produza resultados que não apenas impressionam visualmente, mas também se integram facilmente em softwares de edição criativa como Unreal Engine, Blender e Adobe After Effects, possibilitando edições manuais que refinam ainda mais a qualidade das criações.
Em um post no blog da Odyssey, a empresa demonstrou entusiasmo com os níveis de detalhe em 3D e a fidelidade já alcançados, além do potencial do Explorer para aplicações em cinema, jogos hiperealistas e novas formas de entretenimento. A startup acredita que o futuro dos modelos de mundo gerativos pode facilitar novas maneiras de os artistas criarem e manipularem movimento, oferecendo um controle minucioso que atualmente é difícil de alcançar por meio dos modelos gerativos de vídeo.
Apesar do potencial inovador, a Odyssey é franca quanto às limitações atuais do Explorer. O processo de geração de cenas leva em média 10 minutos, e a resolução das imagens ainda é considerada baixa, além de apresentarem artefatos visuais que podem distrair. No entanto, a startup já iniciou parcerias com estúdios de produção, como o Garden Studios no Reino Unido, e está colaborando com um número crescente de artistas independentes, que podem solicitar acesso à ferramenta por meio do blog da empresa.
A recepção de ferramentas como o Explorer no setor criativo é variada, especialmente entre profissionais da indústria de jogos e cinema. Uma investigação recente da Wired revelou que estúdios como a Activision Blizzard têm utilizado inteligência artificial para otimizar processos e aumentar a produtividade, o que levanta preocupações sobre o impacto da tecnologia nos empregos. De acordo com um estudo encomendado pela Animation Guild, estima-se que mais de 100.000 empregos na indústria de filmagens, televisão e animação nos Estados Unidos poderão ser afetados pela automação e pela inteligência artificial até 2026.
Contrarrestando essas preocupações, a Odyssey se comprometeu a colaborar com profissionais criativos ao invés de substituí-los. A recente adição de Ed Catmull, um dos cofundadores da Pixar e ex-presidente dos estúdios de animação da Disney, ao conselho da empresa, reforça essa intenção. Em suas declarações, a Odyssey enfatiza que os modelos de mundo gerativos são uma nova e vasta fronteira inexplorada na inteligência artificial. A visão da startup é criar mundos que se auto-construam, indistinguíveis da realidade, onde novas histórias possam surgir e ser remixadas, proporcionando uma interação significativa entre a inteligência humana e a artificial.
Oliver Cameron, antes vice-presidente de produtos da Cruise, e Jeff Hawke, ex-pesquisador da Wayve, lideram a Odyssey, que até agora angariou US$ 27 milhões em investimentos de instituições renomadas como EQT Ventures, GV e Air Street Capital. A inovação está no ar e a Odyssey se apresenta como uma protagonista nesse momento digital de transformação. Com a promessa de novas possibilidades criativas, resta-nos acompanhar o desenvolvimento dessa tecnologia e como ela será integrada ao futuro da criação artística.