A Aliança Oceânica Sustentável (SOA) comemorou recentemente seu décimo aniversário, marcando uma trajetória que começou com a ativação em dormitórios universitários e se transformou em uma robusta rede global, unindo especialistas, investidores e ecopreneurs. Essa trajetória é um reflexo de uma abordagem estratégica que busca inovação como a chave para a preservação dos oceanos. Comandada por sua fundadora, Daniela Fernandez, a SOA se prepara para impactar novamente o setor com iniciativas inspiradoras.

Desde a sua fundação em 2014, a SOA tem se posicionado como uma força inovadora em um mundo onde a crise climática se agrava diariamente. Segundo Fernandez, no início ninguém enxergava o empreendedorismo como parte da solução para os problemas enfrentados pelos oceanos. “Antes de nós, ninguém no espaço estava nem contabilizando o empreendedorismo ou inovação como parte da solução”, afirma em uma entrevista ao TechCrunch. “Esta é uma indústria que merece investimentos e nós temos o orgulho de ter liderado esse caminho, já que coletivamente investimos quase meio bilhão de dólares neste espaço,” completa.

O longo caminho de construção dessa visão não se deu sem desafios. Era necessário conquistar tanto investidores influentes, como a família Benioff, quanto um número crescente de jovens engajados em buscar soluções. Para Fernandez, a perspectiva sempre foi clara: transformar a economia para alternativas que não apenas cuidem do meio ambiente, mas que também gerem lucro. “Se existe uma alternativa sustentável de uma empresa ou setor que também faça dinheiro, essa é a forma com que a sociedade vai mudar,” explica, apontando a urgência em escalar essas alternativas e involuntariamente instigar os investidores a injetar capital neste modelo de negócios inovador.

Com o passar dos anos e com a evolução do cenário, a SOA moveu-se de uma abordagem de advocacy para uma participação ativa através de seu programa de aceleração, que muscularmente ajudou diversas startups a passam do estágio inicial para a comercialização. A metodologia adotada pela SOA está cada vez mais voltada para categorias que representam as maiores oportunidades de fruição do mainstream, focando em Redução de Gases de Efeito Estufa, Redução de Poluição, Ecossistemas e Espécies, Alimentos Azuis e Dados, Alfabetização e Pesquisa Oceânica, entre outros.

Esse programa, que evoluiu de um simples curso sobre startups com uma pitada de conservação, agora se concentra em criar conexões significativas e apresentar dados que convençam o mercado sobre o impacto real que essas empresas podem gerar. “No início, muitas dessas companhias estavam simplesmente buscando entender o que o ecossistema oceânico exigia delas. Agora, estabelecemos a SOA como uma organização líder no setor, oferecendo suporte contínuo às empresas, abrindo portas e orientando sobre fontes de capital que buscam esses investimentos,” relata Fernandez.

A criação do primeiro sistema de avaliação do impacto oceânico da indústria, por parte da SOA, é uma das vantagens competitivas que oferecem uma visão clara do impacto real dessas startups no mundo. Essa avaliação rigorosa resultou na introdução do novo Rótulo de Soluções Oceânicas, que não é apenas um selo, mas envolve uma análise detalhada dos métodos e impactos de cada empresa. O objetivo é garantir que produtos e serviços com esse rótulo não se contentem em ser “menos ruins que os demais”, mas que façam uma diferença significativa e mensurável para o ecossistema.

Fernandez revela que um dos focos principais dessa nova iniciativa são os investidores. “Precisamos começar a sinalizar e mover mais capital para este espaço. Os investidores estão de olho em oportunidades relacionadas ao oceano, mas muitos dos projetos que surgem podem estar envoltos em ‘greenwashing’, tentando levantar capital sob uma tendência crescente. O nosso papel é ir a fundo nas medições e garantir que aqueles que recebam o rótulo tenham impacto real no planeta,” destaca.

A nova safra de startups que surgem através do sistema de ecopreneurs inclui inovações como a Oneka Technologies, que desenvolve boias de dessalinização, a Genevos, que trabalha com sistemas de energia a hidrogênio, e a Vlinder, que se dedica à restauração de manguezais, entre outros. Essa diversidade demonstra que o ecossistema de inovação e sustentabilidade está vibrante e em crescimento.

Fernandez observa que uma nova mudança estrutural significativa está por vir para a SOA, mas o que mais a impressiona é a amplitude alcançada desde seus primórdios em um dormitório em Washington, D.C. “Estamos em 186 países! E agora contamos com projetos, fundadores e centros de juventude em todos esses locais. Essas são pessoas ativamente pensando em soluções e não apenas mergulhadas na ansiedade climática,” conclui com entusiasmo. “As inscrições para nossos programas estão aumentando, cada vez mais jovens estão se tornando líderes oceânicos e a variedade de empresas que estamos observando também cresce.”

A história da SOA tem sido uma verdadeira lição de como a combinação de ousadia, inovação e colaboração pode ser um poderoso motor de mudança. Se há uma mensagem clara que se pode tirar dessa jornada, é que, embora a tarefa de salvar os oceanos possa parecer esmagadora, cada passo e cada nova ideia contribuem para um futuro mais saudável e sustentável.

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