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Narges Mohammadi, reconhecida como uma das mais proeminentes ativistas de direitos humanos do Irã, e laureada com o Prêmio Nobel da Paz em 2023, reafirmou sua determinação em continuar a luta por democracia e igualdade, desafiando a repressão do regime iraniano. Durante uma entrevista exclusiva ao canal CNN, em seu breve período de liberdade médica, Mohammadi expressou sua coragem ao afirmar: “Nem mesmo as paredes da prisão e todas essas condenações podem me parar.”
Após duas décadas de encarceramento, principalmente na notória prisão Evin, à qual são enviados os críticos do governo, Mohammadi continua a ser uma voz ativa contra a opressão das mulheres e pela promoção dos direitos humanos. Suas convicções irredutíveis são um testemunho da coragem e resiliência das mulheres iranianas.
Recentemente, as autoridades iranianas suspenderam temporariamente sua pena de prisão por 21 dias, permitindo que se recuperasse de uma cirurgia realizada para remover uma lesão suspeita de câncer na perna direita. O retorno à prisão, onde enfrenta uma sentença total de 31 anos, não parece desanimá-la; ao contrário, fortalece sua determinação.
A liberação temporária permitiu que ela finalmente falasse com seus filhos em uma videoconferência, algo que não acontecia há três anos. Ela expressou sua surpresa ao ver como eles cresceram durante sua ausência e lamentou o tempo perdido. Nesse tempo, mesmo com a distância, ela continuou a se questionar sobre sua capacidade de ser uma mãe presente, enquanto lutava por uma causa tão significativa.
Mohammadi se lembrou de momentos de dor e sofrimento, incluindo episódios em que foi agredida por guardas prisionais e privada de cuidados médicos. “Eles começaram a me bater no peito, quando eu deveria ter ido para uma angiografia e minhas artérias estavam entupidas,” declarou, revelando a brutalidade que viveu. Esta narrativa de resistência não somente destaca os desafios que enfrenta, mas também a importância de sua luta que foi reconhecida internacionalmente através do Prêmio Nobel da Paz, em uma cerimônia emocionante em Oslo, onde seus filhos aceitaram o prêmio em seu nome.
Ainda que retorne à Evin, Mohammadi enfatiza: “Dentro ou fora de Evin, meu objetivo é claro” e clama “pelo fim das políticas opressivas do regime e a implementação de democracia”. Essa resiliência dela ecoa com o clamor popular que começou após a morte de Mahsa Amini, dando vida a um movimento de protesto que continua a desafiar o regime.
Ao se referir à condição de outras prisioneiras, Mohammadi não apenas expressou esperança, mas também ressaltou a força coletiva de suas companheiras: “Elas estão transformando a prisão em uma anti-prisão. As paredes da prisão Evin racharão diante dos gritos destas mulheres,” enfatizando que a lua de sua luta brilha intensamente, mesmo nas sombrias celas de Evin.
Sendo uma escritora e ativista, Mohammadi revelou que tem se dedicado a escrever suas memórias de dentro da prisão, acreditando no poder transformador da palavra e do ativismo. Essa visão de sua jornada pessoal e coletiva está em sintonia com seu chamado por uma mudança não violenta através de “um governo democrático e secular” no Irã, uma proposição que faz ecoar esperanças profundas em um futuro alternativo.
Ao ser questionada sobre o medo de consequências por sua franca fala, Mohammadi disparou um “não me preocupo minimamente com as consequências” em relação à sua entrevista, transparecendo uma coragem inspiradora que talvez muitos considerem uma utopia. Essa postura desafiadora reflete não apenas sua força, mas também a embriaguez que a luta por liberdade gera.
Com laços inquebrantáveis a seus filhos que a apoiam incondicionalmente, Narges Mohammadi representa não apenas a luta por direitos humanos no Irã, mas o desejo ardente de um futuro mais justo. Como ela mesma disse, enfrentando punições e resistência: “Apenas um dia a menos na vida das pessoas e eu farei de tudo para que isso não aconteça” – uma declaração que ressoa com a exigência de uma mudança genuína e sustentada.
A luta por liberdade e igualdade de Narges Mohammadi reflete a luta de muitos iranianos, cada um enfrentando seus próprios desafios enquanto também buscam a verdade e a justiça. Sua história é um poderoso lembrete de que, mesmo diante da adversidade, a esperança e a resistência são forças que podem mover montanhas.
CNN’s Jomana Karadsheh contributed to this report.