Nos últimos anos, o destino dos quadrinhos foi amplamente discutido e muitos previram seu colapso iminente. No entanto, assim como os heróis e vilões que retratam em suas páginas, a indústria sempre renasce, frequentemente mais audaciosa do que antes. Após um ano de vendas de quadrinhos e graphic novels em queda de 7% em 2023, o desempenho no setor neste ano parece ser bastante otimista.
De acordo com estimativas da ICv2, site que acompanha as vendas da indústria, as vendas caíram de $2,01 bilhões em 2022 para $1,87 bilhões em 2023. Contudo, em 2024, a DC Comics mostrou resiliência e um empolgante retorno com várias iniciativas inovadoras e um notável aumento nas vendas, embora os números finais ainda estejam por vir. Contudo, as expectativas são de que a montadora dos super-heróis esteja de volta aos trilhos, com sucesso.
Diante dessa realidade, figuras proeminentes como Jim Lee, presidente da DC, junto com Anne DePies, se reuniram em uma videoconferência para discutir os caminhos trilhados por sua editora e os futuros projetos. Lee e DePies revelaram que o sucesso de 2024 não é resultado de um tiro no escuro, mas sim o fruto de um plano elaborado com anos de antecedência.
Entre as inovações estão os “Compact Comics”, uma nova linha de graphic novels no formato 5.5” x 8.5” que lançou dez títulos, todos com demanda suficiente para uma segunda impressão. Clássicos como Watchmen, lançado em 1985, já estão indo para a terceira impressão. Essas publicações não apenas conquistaram os leitores de quadrinhos, mas também tiveram grande aceitação em livrarias, onde tradicionalmente os super-heróis não eram bem vendidos.
Além disso, a DC lançou a plataforma DC GO!, uma iniciativa que traz novas histórias em quadrinhos além de reedições de narrativas clássicas. A revista digital, DC Universe Infinite, expandiu sua presença para países como França, Alemanha, Itália e Espanha, enquanto Brasil e México foram recentemente adicionados à lista de territórios atendidos pela plataforma.
Uma das maiores estrelas desse ressurgimento é a nova linha “Absolute”, que reinventa personagens icônicos da DC de maneiras inéditas. O título Absolute Batman No. 1, escrito por Scott Snyder e ilustrado por Nick Dragotta, vendeu mais de 400,000 cópias, alcançando várias impressões e se tornando o quadrinho mais vendido do ano. Outros títulos da linha, como Absolute Superman e Absolute Wonder Woman, também apresentam vendas robustas, somando mais de 500,000 cópias combinadas.
A relevância da DC não se limitou apenas aos quadrinhos, já que a editora fez ondas no mundo real, com Batman recebendo uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood e uma impressionante estátua de bronze do herói John Stewart, do Lanterna Verde, sendo inaugurada em Burbank. Enquanto o filme Joker: Folie à Deux não obteve o sucesso esperado, a série The Penguin, da HBO, se destacou como um fenômeno crítico bem-sucedido.
Em 2025, a DC promete continuar no caminho do sucesso com novos resultados, incluindo o retorno da linha de quadrinhos Vertigo, voltada para criadores independentes, e a tão aguardada estreia da DC Studios com o filme Superman, que terá seu trailer lançado em breve.
“Nosso planejamento está em constante evolução. Estamos trabalhando com uma visão a longo prazo para garantir que nossos novos projetos, como a linha Compact Comics, se tornem as nossas novas referências,” explica Anne DePies. Jim Lee complementa afirmando que “tivemos que planejar mais a fundo, uma vez que nossos backlist de publicações está crescendo a cada ano, necessitando de uma nova cadência na comunicação com nossos distribuidores e parceiros.”
Dessa forma, a DC Comics não apenas se reinventou, mas parece disposta a estabelecer um novo padrão para o que pode ser alcançado nesse terreno. “A indústria dos quadrinhos é um espaço que permite aos fãs explorar suas histórias favoritas, todos os dias do ano,” completa Jim Lee. E assim, a DC parece estar, mais uma vez, no caminho da grandeza.