A recente campanha anticorrupção que se intensifica nas esferas superiores do exército chinês e do governo está afetando significativamente os esforços do país para fortalecer suas capacidades militares até 2027, conforme indicado por um novo relatório do Pentágono, divulgado nesta quarta-feira. Essa iniciativa, embora visivelmente necessária, tem resultado na remoção de diversos oficiais de alta patente e executivos da indústria de defesa, o que, segundo as autoridades americanas, está atrasando os planos de modernização do país.

Em uma atualização impressionante, o relatório relata que “apenas no segundo semestre de 2023, pelo menos 15 oficiais de alta patente e executivos da defesa foram afastados de seus postos devido a investigações de corrupção. Essa onda de investigações pode ter interrompido o progresso do Exército de Libertação Popular em direção aos objetivos de 2027.” Um alto oficial de defesa fez essas declarações durante uma coletiva de imprensa sobre o relatório anual, que visa elucidar as contribuições da China para os desenvolvimentos militares e de segurança.

O mesmo oficial destacou que as consequências já estão visíveis, e que o Pentágono acompanhará meticulosamente o impacto dessa campanha sobre as capacidades de desenvolvimento e aquisição militar, além dos principais projetos de construção e da gestão de pessoal. A complexidade da situação é ampliada pela necessidade da China de permanecer autossuficiente, especialmente após observar as sanções impostas à Rússia como resultado da guerra na Ucrânia. A China está aprendendo com essa experiência e aplicando lições valiosas à sua abordagem em relação a Taiwan, indicando que pretende avançar ainda mais nas suas metas de informação.

De acordo com as estimativas do relatório, a China possui atualmente cerca de 600 ogivas nucleares operacionais, um aumento significativo de aproximadamente 100 unidades desde a última análise divulgada. Além disso, há expectativa de que o número ultrapasse 1.000 ogivas nucleares operacionais até 2030, com previsões de que a expansão e modernização das forças chinesas não deverá parar por aí.

O presidente Xi Jinping delineou um ambicioso plano para “modernizar” as Forças Armadas da China até 2035, com a meta de transformá-las em uma força militar de “classe mundial” até a metade do século. Embora oficiais americanos acreditem que Xi busca preparar suas tropas para uma invasão da ilha autônoma de Taiwan até 2027, eles têm reiterado que isso não significa que o conflito será iminente.

No entanto, a pressão para atender a essas metas está gerando tensões internas, com Xi se tornando cada vez mais ciente da deslealdade entre os membros de seu próprio governo. O relatório do Pentágono ressalta que muitos oficiais de alta patente têm sido demitidos ou investigados por corrupção, criando um ambiente de incerteza e instabilidade interna. Por exemplo, em novembro, um alto oficial militar considerado próximo a Xi foi suspenso e colocado sob investigação por corrupção. Segundo o relatório, enquanto cortes em altos escalões recebem a maior atenção, as purgas estão ocorrendo em todos os níveis, o que gera discussões sobre a efetividade da campanha.

Autoridades políticas chinesas veem a campanha anticorrupção como uma ferramenta necessária para estabelecer uma força de combate mais profissional que atenda aos objetivos de modernização até 2027. No entanto, o turnover e a substituição frequente de pessoal de alto nível estão impactando diretamente esses objetivos, principalmente em projetos de grande escala, como na construção de novas instalações e na indústria de defesa.

Especialistas alertam que a corrupção na indústria de defesa é uma consequência esperada, considerando o foco incessante da China em aumentar suas aquisições de sistemas de armamentos e navios de guerra. Victor Shih, professor de ciência política da Universidade da Califórnia em San Diego, já tinha apontado que a modernização da Marinha do Exército Popular de Libertação oferece muitas oportunidades para a corrupção se proliferar. “Uma vez que desvendaram a corrupção em um lugar ou em um oficial sênior, parece haver um efeito de espiral onde inevitavelmente afeta outros oficiais,” comentou um alto funcionário do Pentágono.

Não é provável que Xi abandone a campanha anticorrupção, uma vez que essa se tornou uma marca registrada de seu governo. Um dos oficiais destacou: “Identificaram que isso representa grandes riscos para a confiabilidade política e, em última análise, para a capacidade operacional do Exército.” Dessa forma, a expectativa é que a luta contra a corrupção continue sua trajetória, mesmo que suas consequências iniciem um ciclo de instabilidade nas estruturas de poder militar da China.

Este relatório, que traz à luz a complexidade da situação militar da China e de sua liderança, foi uma contribuição significativa de CNN, com informações importantes sobre a interação da campanha anticorrupção com os esforços das forças armadas e suas consequências mais amplas.

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