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A crescente incidência de infecções por gripe aviária entre o gado leiteiro e as aves tem preocupado a comunidade médica e a população em geral, levando a uma reflexão crucial: será que estamos em risco? Este questionamento surge em meio ao registro de 61 casos humanos confirmados nos Estados Unidos em 2023, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Surpreendentemente, a maioria dessas infecções ocorreu em pessoas que trabalham diretamente com aves ou gado leiteiro, levantando questões sobre as maneiras pelas quais essa doença pode ser transmitida para os humanos.

A gripe aviária, embora considerada rara em seres humanos, não deve ser ignorada. Em procedimento alertado pelo CDC, todos, exceto três dos casos registrados, foram em pessoas que tiveram contato próximo com aves doentes. A informação é um lembrete de que o contato próximo e a exposição a animais infectados são os principais vetores de transmissão da gripe aviária, particularmente o subtipo H5N1, que é responsável pela atual onda de casos nos EUA.

Os vírus da gripe aviária, como o H5N1, têm uma afinidade especial por infectar aves, utilizando açúcares chamados ácidos siálicos que estão presentes nas células do trato respiratório dos pássaros para se apoderar das células. No entanto, o H5N1 mostrou um comportamento nas mutações que suscita preocupação. Desde 2022, esse vírus conseguiu infectar uma gama crescente de mamíferos, incluindo bovinos, o que preocupou os especialistas. Quanto mais o vírus circula entre os animais, maior a possibilidade de desenvolvê-lo em uma forma que possa infectar os humanos de maneira mais eficaz.

Um estudo recente publicado na revista Science revelou que uma única alteração no material genético do vírus pode permitir que ele se una aos tipos de ácidos siálicos que são mais comuns nas vias respiratórias dos humanos. Isso coloca um ponto de interrogação sobre quando essa mutação poderá ocorrer e quais serão suas consequências.

Eventos de Transmissão de Animais para Humanos

Os casos em que os humanos contraíram a gripe aviária geralmente se deram por contato direto com animais infectados. Até agora, o caso mais severo da doença nos Estados Unidos foi registrado recentemente na Louisiana. O paciente, que permanece em estado crítico, teve contato com aves doentes em sua propriedade. Curiosamente, não há registros de que alguém infectado pelo H5N1 tenha transmitido a doença a outra pessoa, levando o CDC a estimar um risco atualmente baixo para o público em geral, embora certas profissões e situações possam aumentar esse risco.

Segundo o Dr. Michael Osterholm, da Universidade de Minnesota, os mais vulneráveis são os trabalhadores de fazendas que lidam com aves ou gado, e aqueles que mantêm rebanhos em casa. O vírus é excretado pelas aves através de saliva, muco e fezes, podendo se tornar aerossolizado quando a cama e as penas são agitadas, especialmente durante operações de abate.

Além disso, o vírus encontra abrigo nos úberes de vacas leiteiras, com estudos apontando para altas concentrações do vírus em leite cru. As ordenhas, caracterizadas por serem ambientes úmidos, podem se tornar um focos de contaminação quando os trabalhadores recebem respingos de leite cru nos olhos ou em mãos que tocam os olhos.

Riscos Associados ao Leite Cru

O dilema do consumo de leite cru também surge nesta discussão. Embora não haja conexões confirmadas de infecções humanas decorrentes do consumo de leite cru, um incidente recente envolvendo uma criança na Califórnia adicionou complexidade à questão. A criança testou positivo para influenza após consumir uma quantidade significativa de leite cru, embora não tenha sido confirmado se a infecção era, de fato, do tipo H5N1, estabelecendo essa situação como uma suspeita.

Infelizmente, a falta de dados específicos sobre infecções por H5N1 em humanos não impede que o leite cru seja associado a outros patógenos, como E. coli e salmonella. A pasteurização é um método eficaz para eliminar organismos patogênicos, incluindo o H5N1, conforme indica um recente estudo do governo.

No entanto, a refrigeração não é uma solução definitiva, uma vez que pesquisas da Universidade de Stanford demonstraram que o vírus poderia permanecer ativo por até cinco dias após a refrigeração do leite cru. Portanto, a melhor maneira de proteger-se é evitar a exposição a fontes de risco.

Medidas de Segurança e Prevenção

Para aqueles que precisam lidar com aves ou bovinos doentes, o CDC recomenda o uso de Equipamentos de Proteção Pessoal (EPI), como óculos de proteção, luvas descartáveis, máscaras face N95, roupas de proteção e botas de borracha. Isso ajudam a minimizar os riscos de contágio.

Em ambientes agrícolas, as práticas de higiene são cruciais. É vital evitar contato com aves doentes e superfícies contaminadas pelo vísceras e saliva, além de se manter afastado de locais onde as aves estão presentes.

Com o comprometimento da saúde pública em mente, é prudente cozinhar ovos e carne de aves a temperaturas seguras e evitar a contaminação cruzada entre alimentos crus e cozidos na cozinha. Garantir a segurança alimentar deve ser uma prioridade contínua.

Diante das incertezas envolvidas na transmissibilidade do H5N1, a prudência nas práticas diárias é a melhor aliada para proteger a saúde em meio a esses tempos desafiadores.

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