A Iniciativa Crucial de Apoio a Funcionários Eleitorais em Tempos de Turbulência
Nos últimos anos, o cenário eleitoral nos Estados Unidos passou por transformações drásticas, especialmente relacionadas à segurança e bem-estar dos funcionários que trabalham nas eleições. Diante do aumento das ameaças e da intimidação, um grupo formado por policiais ativos e aposentados, juntamente com autoridades eleitorais, tem se reunido regularmente para planejar como agir em situações extremas que podem ocorrer no Dia da Eleição. Entre os cenários discutidos estão a presença de indivíduos armados próximo a locais de votação e a possibilidade de ataques virtuais, onde a inteligência artificial é utilizada para falsificar a voz de um secretário de condado, como parte de uma ameaça de bomba. Essas sessões de formação, realizadas em diversos pontos do país, são essenciais para ajudar os trabalhadores da eleição a lidarem com a ansiedade e o estresse oriundos de suas experiências recentes, que em muitos casos incluem exploração e ameaças de morte, afetando gravemente sua saúde mental.
Aumento das Ameaças e o Papel do Comitê por Eleições Seguras e Protegidas
Quatro anos atrás, raramente se via a necessidade de tais encontros. A comunidade de aplicação da lei e os funcionários eleitorais não previam o aumento das ameaças violentas, que muitas vezes surgem a partir de teorias da conspiração sobre fraude eleitoral, amplamente difundidas por figuras como o ex-presidente Donald Trump e seus aliados. O Comitê para Eleições Seguras e Protegidas (CSSE), criado em 2022, preencheu uma lacuna crucial, oferecendo um espaço para que servidores públicos e agentes de segurança pudessem lidar com uma nova realidade nos Estados Unidos, onde trabalhadores da eleição, antes desconhecidos, se tornaram alvos de ataques públicos. Atualmente, com a retórica hostil se tornando comum e o nível de ameaça não diminuindo, os relatos preocupantes não param. Um estudo divulgado em maio, realizado pelo Brennan Center for Justice, revelou que 38% dos funcionários eleitorais locais relataram que sofreram “ameaças, abusos ou assédios no desempenho de suas funções”. Essa situação resultou na saída de muitos profissionais da área, que foram substituídos por indivíduos com menos experiência.
Preocupações com a Segurança Durante o Processo Eleitoral
As autoridades dos Estados Unidos estão em alerta, temendo que a crença em fraudes eleitorais e outros ressentimentos relacionados possam motivar extremistas domésticos a perpetrar atos de violência, especialmente nas semanas que antecedem e seguem as eleições de novembro. Essa preocupação foi recentemente reforçada em um boletim de inteligência federal obtido por uma fonte de notícias, que destaca a necessidade de vigilância e prevenção. No estado do Arizona, o secretário de Estado, Adrian Fontes, que enfrentou uma situação turbulenta em 2020 quando uma multidão armada se reuniu em frente ao escritório após as eleições, admite que a preparação para a possibilidade de crise é essencial. Ele expressa a determinação dos trabalhadores eleitorais do estado, ressaltando que “somos um grupo resistente”.
Uma Nova Abordagem Terapêutica e a Resiliência Profissional
Com o aumento das tensões e a crescente pressão sobre os funcionários eleitorais, a abordagem terapêutica desempenha um papel fundamental. Harold Love, um ex-tropas estaduais de Michigan que agora atua como terapeuta, começou a oferecer suporte psicológico após a ocorrência de uma ameaça de morte contra sua amiga e ex-clerque de Rochester Hills, Tina Barton, em decorrência de suas declarações sobre treze cédulas contestadas ligadas a alegações infundadas de fraude eleitoral. O ataque verbal que Barton recebeu exemplifica o nível de hostilidade que passou a ser comum, levando muitos a deixar a profissão que amavam. Com a fundação do CSSE, Barton agora compartilha suas experiências e oferece apoio aos que enfrentam situações similares. “Estamos vendo pessoas saindo dessa profissão incrível que realmente amam”, afirmou Barton, que também atenta para o impacto que essa realidade está causando na saúde mental de muitos trabalhadores.
Desafios Legais e o Compromisso das Autoridades na Proteção Eleitoral
Apesar das iniciativas de apoio e treinamento, o caminho à frente ainda é repleto de desafios. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos reportou algumas condenações relacionadas a ameaças direcionadas a funcionários eleitorais, no entanto, muitos na comunidade eleitoral consideram que essas ações ainda são insuficientes. Al Schmidt, ex-comissário de Filadélfia durante a eleição de 2020, teve experiências diretas com a violência e a necessidade de relatar ameaças específicas que mencionavam seus filhos. Agora, atuando como secretário de Estado da Pensilvânia, Schmidt lidera uma força-tarefa dedicada a detectar rapidamente ameaças e garantir a segurança dos funcionários eleitorais. Ele salienta a importância de se preparar para a possibilidade de novas ameaças emergirem, refletindo a dura realidade enfrentada por aqueles que ainda estão na linha de frente do processo eleitoral.
Em conclusão, a mobilização de recursos e a criação de rede de apoio têm se mostrado fundamentais para o enfrentamento da crescente violência e intimidação que afeta os trabalhadores da eleição nos Estados Unidos. A resiliência demonstrada por esses profissionais, mesmo diante das adversidades, é uma prova do compromisso necessário para a preservação da integridade do processo democrático, que, mesmo em cenários de crises, deve permanecer forte e seguro. Como a sociedade continua a lidar com a polarização e as tensões atuais, o trabalho conjunto de autoridades e especialistas em segurança será crucial para proporcionar um ambiente eleitoral seguro e confiável para todos.