No último mês, os cruzeiros turísticos do Brasil enfrentaram uma onda de casos de norovírus, que resultou em centenas de passageiros e tripulantes adoecendo. De acordo com informações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), foram registrados surtos em três embarcações distintas. A situação levantou preocupações sobre a segurança e bem-estar nos cruzeiros, especialmente considerando que esta é uma doença conhecida, embora frequentemente mal compreendida.

O CDC revelou que, neste mês, houve 301 casos de doenças associadas ao norovírus, afetando tanto passageiros quanto membros da tripulação durante diferentes viagens. A somatória de episódios de enfermidade nesse período é particularmente alarmante, já que dezembro foi o primeiro mês do ano em que foram contabilizados três surtos confirmados nos cruzeiros, ainda restando mais de uma semana para o encerramento do mês. Isso dá a entender que a questão da saúde a bordo continua sendo uma vulnerabilidade, e não uma exceção.

As epidemias ocorreram nos cruzeiros da Princess Cruises, especificamente no Ruby Princess, em uma travessia em torno das ilhas do Havaí, e também nas embarcações da Holland America Line, nomeadamente no Rotterdam e no Zuiderdam, que operavam nas águas do Caribe. A maioria das doenças foi caracterizada por sintomas típicos como diarreia e vômito, que, no contexto da epidemia, rapidamente se espalham entre os ocupantes das embarcações, resultando em uma onda de enfermidades.

Navio de cruzeiro ancorado em Santa Bárbara
O Ruby Princess, um navio da classe Grand operado pela Princess Cruises. / Getty Images

Surtos nos navios Rotterdam e Zuiderdam

O mais recente surto ocorreu no Rotterdam, que zarpou no dia 8 de dezembro e está previsto para encerrar sua viagem na próxima sexta-feira, em Fort Lauderdale. De acordo com informações da companhia, 83 dos 2.192 passageiros e 12 dos 953 tripulantes foram afetados pelos sintomas da doença. Fazendo uma declaração pública, um porta-voz da Holland America Line assegurou que a saúde e a segurança tanto de clientes quanto de seus tripulantes é a prioridade máxima da empresa, reforçando que os casos registrados foram, na maioria, leves e de rápida resolução.

Navios de cruzeiro portando passageiros de coronavírus
O navio Rotterdam chega ao Porto Everglades em 2 de abril de 2020, em Fort Lauderdale, Flórida. / Getty Images

Como resposta imediata ao surto, o navio passou por um processo adicional de limpeza e desinfecção. Aqueles que apresentaram sintomas foram colocados em isolamento, e amostras fecais foram coletadas para testes. Em parceria com o Programa de Sanitização de Embarcações do CDC, a Holland America tomou todas as medidas necessárias para controlar o surto a bordo. Após a chegada do Rotterdam em Fort Lauderdale, o navio passará por uma completa sanitização antes de sua próxima viagem, como parte dos protocolos de segurança estabelecidos.

Além do Rotterdam, houve um surto de norovírus na viagem do Zuiderdam que ocorreu entre os dias 4 e 11 deste mês. De acordo com fontes oficiais, 87 dos 1.923 passageiros, juntamente com quatro dos 757 membros da tripulação, foram relatados como doentes. Um porta-voz da Holland America se absteve de comentar sobre o surto no Zuiderdam devido ao fato de que a viagem já havia terminado, o que levanta interrogações sobre a eficácia das medidas de segurança implementadas.

O que é o norovírus e como se espalha?

A empresa de cruzeiros Princess Cruises também enfrentou um surto significativo de norovírus a bordo do seu Ruby Princess, em um cruzeiro que iniciou em São Francisco e passou por ilhas do Havaí entre os dias 2 e 17 deste mês. No total, 103 dos 3.001 passageiros e 12 dos 1.142 membros da tripulação relataram sintomas de adoecimento.

O Ruby Princess também foi submetido a intensos protocolos de limpeza e desinfecção, seguindo orientações do CDC. A qualidade das amostras fecais foi coletada para testes, e o isolamento de afectados foi rigorosamente respeitado. A equipe de cruzeiros consultou o Programa de Sanitização de Embarcações do CDC durante todo o processo. Em um ano típico, cerca de 2.500 surtos de norovírus são reportados nos Estados Unidos, e essa infecção é responsável por mais de 90% das doenças diarreicas que ocorrem em cruzeiros, segundo o CDC. Contudo, os surtos em cruzeiros representam apenas uma fração das notificações totais de norovírus.

O norovírus é especialmente desafiador de controlar dentro de cruzeiros, uma vez que os espaços são reduzidos, as áreas de alimentação são compartilhadas e a rotação dos passageiros é rápida. “Quando o navio atraca, o norovírus pode entrar a bordo através de alimentos ou água contaminados ou por passageiros que foram infectados enquanto estavam em terra”, afirma o CDC. O ano de 2024 já marcou 14 surtos em cruzeiros, com o norovírus sendo identificado como o agente causador da maioria, embora um surto tenha sido causado por salmonela e outro por E. coli. O agente causador de um surto permanece desconhecido.

Os surtos de norovírus são mais comuns durante os meses mais frios do ano, tipicamente entre novembro e abril em países do hemisfério norte, conforme dados do CDC. Assim, é crucial que os cruzeiros adotem medidas rigorosas durante a baixa temporada para evitar a propagação da enfermidade e garantir que seus passageiros desfrutem de uma viagem saudável e segura.

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