A luta contra o câncer é, com frequência, marcada por desafios emocionais e físicos, especialmente para aqueles que têm a responsabilidade de cuidar de uma família enquanto enfrentam essa terrível doença. Jamil Rivers, uma mulher corajosa de 46 anos, habita esse universo de luta e superação. Moradora da Filadélfia, Rivers é mãe de três meninos e, seis anos atrás, recebeu o diagnóstico que mudaria sua vida: câncer de mama metastático. Desde então, sua jornada tem sido uma mescla de resistência, amor familiar e o desejo de ajudar outras mulheres na mesma batalha. Sua experiência, que a levou a fundar uma organização sem fins lucrativos, revela não apenas sua força pessoal, mas também uma luz de esperança para outras que enfrentam circunstâncias semelhantes.
A trajetória de Jamil começou quando ela começou o tratamento, que envolvia quimioterapia. Na época, a responsabilidade de criar seus filhos e manter um emprego em tempo integral se somava ao desgaste físico e emocional do tratamento. A exaustão era palpável, e as dificuldades eram evidentes. “Eu apenas continuei empurrando”, relata ela. No entanto, a situação tornou-se insustentável em determinados momentos. Em uma de suas voltas do tratamento, sua fadiga extrema ficou exposta: “Eu estava tão esgotada que piscar e respirar era difícil. Eu conseguia ver a preocupação nos olhos das crianças”, relembra Rivers. Esse cenário fez com que a mãe decidisse tomar as rédeas de sua saúde e bem-estar, buscando acupuntura e massagens como formas de autocuidado e alívio.
Com o intuito de fortalecer seu suporte, Jamil se conectou a organizações sem fins lucrativos que poderiam oferecer ajuda prática, como transporte para as sessões de quimioterapia e recursos que orientassem como explicar a doença a seus filhos. Essa busca por autocuidado e apoio culminou na criação do The Chrysalis Initiative, uma organização sem fins lucrativos que oferece orientação a mulheres diagnosticadas com câncer de mama. Jamil acredita que, apesar do diagnóstico, é possível viver uma vida plena: “Você pode viver com câncer de mama metastático, e sua vida não precisa acabar.” Essa frase reflete seu espírito resiliente e sua devoção em mudar a narrativa da doença, tornando-se uma fonte de inspiração para muitas mulheres que vivem essa realidade.
Quando foi diagnosticada com câncer em estágio IV em 2018, Jamil já havia experienciado uma tosse persistente e sintomas de resfriado que não desapareciam. Ao acessar informações sobre taxas de sobrevivência assustadoras, ela decidiu não se deixar derrubar por esses números. “A responsabilidade é minha. Tenho que me esforçar e garantir a melhor qualidade de vida possível”, afirma. Com o tempo, sua luta tornou-se uma missão de não apenas lutar pela sua vida, mas de ser um pilar para outras, ajudando-as a encontrar força em meio à adversidade.
Atualmente, como mãe solteira — já que seu marido, que também enfrentou câncer de cólon e rins, se separou dela —, Rivers foca em cuidar da saúde e bem-estar de seus filhos. Ela se mantém atualizada sobre as pesquisas mais recentes sobre câncer, determinada a “tentar constantemente vencer as probabilidades”. Os momentos que compartilha com seus filhos, que atualmente têm 23, 13 e 11 anos, são extremamente valiosos para ela. “Até mesmo quando estamos apenas sendo engraçados, fazendo uma noite de cinema ou jogos, nos abraçando e nos dando beijos – todos esses momentos me energizam. Eles são o que me mantêm em pé”, explica Rivers.
Para seus filhos, viver uma vida normal significa ajustar-se à realidade de ter um dos pais com câncer, muitas vezes precisando ajudar. Jamil observa que seus meninos são muito perceptivos: “Se estou cansada ou o pai deles está cansado, eles acabam se intrometendo e perguntando: ‘Ei, você precisa de alguma coisa?’” Essa percepção emocional reflete a compaixão que ela tanto se esforça para incutir em seus filhos. Jamil deseja que, à medida que continuarem a criar memórias juntos, a imagem dela como “mãe com câncer” se desvaneça, permitindo que a essência de sua maternidade e amor transcenda a doença. “Estou tentando ficar aqui o máximo possível e cuidar de mim da melhor maneira que posso por meus meninos”, diz Rivers com um brilho de esperança em suas palavras. “Você ainda pode ter uma boa vida com isso.”