A icônica franquia de James Bond, que é uma das mais longas e bem-sucedidas da história do cinema, encontra-se em um cenário de impasse, uma situação que gera apreensão não apenas entre os fãs, mas também entre os envolvidos nos bastidores do projeto. Desde sua estreia em 1962, a franquia, baseada nos livros de Ian Fleming, rendeu 25 filmes e contou com diversas estrelas no papel do famoso agente 007, sendo Daniel Craig o mais recente, que se despediu do personagem com “Sem Tempo para Morrer”, lançado em 2021. Apesar das promessas nas cenas finais do filme de que Bond retornaria, o tão aguardado “Bond 26” ainda não avançou, e não houve anúncios oficiais sobre o novo ator que irá interpretar o personagem.
Recentemente, o The Wall Street Journal publicou um relatório que expõe as tensões que permeiam a relação entre a família Broccoli, que tem supervisionado a franquia por gerações, e a gigante Amazon, que adquiriu a MGM (Metro-Goldwyn-Mayer), estúdio responsável pela franquia, em 2022. De acordo com fontes próximas à diretora Barbara Broccoli, surgiu um descontentamento profundo com as operações da Amazon, com a frase alarmante “Essas pessoas são idiotas” ressurgindo em conversas privadas, evidenciando a falta de confiança de Broccoli na gestão futura da propriedade. Esse descontentamento é exacerbado pela percepção de que a marca James Bond foi reduzida a um mero “conteúdo”, sem o devido apreço pela rica história que a acompanha.
As preocupações da diretora incluem principalmente a falta de um impulso de marketing para a série de realidade “007: Road to a Million”, fazendo com que Broccoli questione o futuro do personagem que representa um símbolo da cultura cinematográfica. A insegurança em relação ao futuro tem dificultado as negociações e o avanço do próximo filme que, até o momento, não possui uma trama definida ou um ator principal contratado. A diretora parece estar adotando uma postura cautelosa, aconselhando que “não se deve permitir que pessoas temporárias tomem decisões permanentes”. Apesar de algumas dessas preocupações estarem ligadas à filosofia de streaming da Amazon, a empresa já se comprometeu a lançar futuros filmes de Bond nos cinemas, o que gera um certo suspiro de alívio.
As implicações desse impasse são complexas. Embora o relatório indique que a produção possa estar em pausa por um tempo considerável, esses atrasos não são inéditos na história da franquia. Vários intervalos entre filmes de James Bond costumam durar apenas dois ou três anos, mas por vezes se estenderam, como foi o caso notável do hiato de seis anos entre “Licença para Matar” (1989), estrelado por Timothy Dalton, e “GoldenEye” (1995), que trouxe Pierce Brosnan de volta à tela. Outro intervalo de seis anos ocorreu entre “Spectre” (2015) e “Sem Tempo para Morrer” (2021). Nesse último caso, além de um processo criativo conturbado, o filme ficou parado por 18 meses devido ao fechamento de cinemas em todo o mundo durante a pandemia de COVID-19.
Contudo, se as preocupações de Broccoli se concentrarem verdadeiramente no futuro teatral da franquia, pode haver uma possibilidade de reparo na relação entre a família e a Amazon. Apesar da empresa gerir um serviço de streaming, nos últimos anos, a Amazon tem tratado suas produções originais de maneira menos restritiva em comparação a outras plataformas como a Netflix, que muitas vezes limita as exibições teatrais de suas produções. A Amazon, por sua vez, permitiu que recentíssimos filmes do Prime Video tivessem lançamentos teatrais completos, o que pode potencialmente aumentar a visibilidade e a recepção de títulos como “Air” e “Saltburn”.
Com a incerteza pairando no ar, é difícil prever como a saga do agente secreto mais famoso do mundo se desdobrará. Para os fãs ávidos por novas aventuras de James Bond, a expectativa continua a ser misturada com a frustração. Afinal, todos nós queremos saber: quem será o próximo a vestir o icônico terno e a gravata de 007 e, mais importante, irá ele nos conquistar assim como os outros? Apenas o tempo dirá, enquanto aguardamos ansiosamente por atualizações sobre o que promete ser mais uma emocionante sequência da lendária série.
Fontes: The Wall Street Journal