O governo dos Estados Unidos tomou uma decisão significativa ao remover a recompensa de US$ 10 milhões que havia estabelecido há anos sobre Ahmad al-Sharaa, conhecido como Abu Mohammad al-Jolani, que é o líder de fato do grupo rebelde sírio Hayat Tahrir al-Sham (HTS). Esta mudança de política foi anunciada após uma reunião entre uma delegação de alto nível dos EUA e al-Sharaa, realizada na sexta-feira em Damasco, e marca um ponto de inflexão nas relações dos EUA com a liderança da Síria em um contexto de instabilidade crescente no país.

Barbara Leaf, Secretária Assistente do Estado para Assuntos do Oriente Médio, foi uma das três funcionárias dos EUA que participaram dessa importante conversa. Leaf enfatizou que essa decisão se alinha com a necessidade de trabalhar em “questões críticas”, como o combate ao terrorismo, e reflete uma nova abordagem em relação à dinâmicas de segurança na região.

A reunião foi descrita como produtiva, com Leaf relatando o comprometimento de al-Sharaa com as discussões sobre temas prioritários. Apesar de seu grupo ser designado como uma organização terrorista pelos EUA, a diálogo representou uma oportunidade para redefinir as relações, uma vez que o colapso do governo sírio em meio a crises internas levanta questões sobre o futuro governamental do país.

O encontro de cerca de duas horas entre os dois lados revelou a intenção dos EUA de engajar com o governo interino formado na Síria, numa tentativa de evitar que a influência do Estado Islâmico (ISIS) resurja, frente à desintegração do regime sírio. Essa estratégia aponta para um desejo de estabilidade e segurança em um contexto em que a presença do ISIS continua sendo uma preocupação para os EUA e a comunidade internacional.

O diálogo destacado na reunião tem um enfoque em princípios que visam guiar a transição para um novo governo sírio, que deve ser inclusivo e respeitar os direitos humanos, uma mudança significativa em comparação ao governo brutal de Bashar al-Assad, o presidente deposto.

Leaf descreveu al-Sharaa como uma figura “pragmática”, refletindo que a reunião foi “muito boa e produtiva”. Essa abertura ressalta uma possível mudança de estratégia geopolítica que pode beneficiar tanto os EUA quanto a Síria, desde que as ações concretas sejam efetivas, não meras palavras.

Os EUA têm um histórico de interação com o HTS, e durante a reunião, houve um comprometimento em ajudar a localizar Austin Tice, um jornalista americano desaparecido em território sírio há mais de uma década. Além disso, os responsáveis americanos também expressaram interesse em esclarecer o destino de outros cidadãos americanos que desapareceram, como Majd Kamalmaz.

O enviado especial dos EUA para Assuntos de Reféns, Roger Carstens, destacou que as buscas por Tice têm se concentrado em “seis instalações” que a equipe acredita que podem ter informação sobre seu paradeiro. Essa busca tem sido uma prioridade, especialmente diante da resposta do governo interino com relação às preocupações de segurança. Porém, Carstens também ressaltou que os recursos são limitados, indicando que a presença do FBI e outros meios de coleta de informações precisam ser mais intensivos.

Conforme o tempo avança, o compromisso dos EUA de supervisão das seis instalações iniciais e de busca por mais locais continua, sendo essa uma responsabilidade a ser dividida com aliados e parceiros na região. Essa abordagem colaborativa parece refletir não apenas a urgência da situação em campo, mas também uma evolução nas táticas dos EUA no Oriente Médio.

Esta matéria foi atualizada com informações adicionais.

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