A crescente onda de incidências de drones sobre bases militares nos Estados Unidos gerou sérias preocupações sobre a eficácia das políticas atuais de segurança nacional. Durante o último ano, a falta de uma diretriz clara e coesa para lidar com essas incursões de aeronaves não tripuladas tem levantado alarmes tanto entre os militares quanto entre legisladores. As autoridades afirmam que a situação está se agravando, tornando-se uma questão urgente a ser abordada em nível governamental.
Recentemente, uma série de avistamentos de drones sobre bases militares em todo o país reforçou as preocupações sobre a maneira como o governo dos EUA enfrenta essas situações. O general Glen VanHerck, ex-chefe do Comando Norte dos EUA e NORAD, expressou sua frustração com a falta de um ponto único de contato para coordenar uma resposta eficaz entre diferentes organizações governamentais. Ele questionou: “Por que, um ano após as incursões de Langley e quase dois anos após o balão espião da China, ainda não temos um responsável claro por coordenar as ações necessárias?” Essa ineficiência, segundo ele, resulta em uma série de acusações mútuas entre as várias entidades governamentais, cada uma negando responsabilidade.
As primeiras ondas de invasões a partir de 2022, que incluíram a presença misteriosa de multidões de drones em locais sensíveis, como a Joint Base Langley-Eustis na Virgínia, levantaram discussões sobre os possíveis objetivos dessas ameaças. Em diversas ocasiões, militares declararam que não apenas a agilidade nas resposta estava em falta, mas também que não havia clareza sobre as intenções por trás das aeronaves não identificadas. Poderiam elas estar tentando reunir informações, realizar testes de defesa ou simplesmente ser operadas por entusiastas sem noção dos limites de espaço aéreo? Uma resposta definitiva permanece evasiva e preocupante.
A dificuldade de categorização da situação
Nas últimas semanas, ocorreram múltiplos incidentes de drones invadindo o espaço aéreo da base do Corpo de Fuzileiros Navais de Camp Pendleton, na Califórnia, com um porta-voz assegurando que esses episódios não apresentam ameaça à operação da instalação. Além disso, outras bases, como a Base Aérea Wright-Patterson em Ohio e a Picatinny Arsenal em Nova Jersey, relataram eventos semelhantes. Um cidadão chinês, residente legal nos EUA, foi preso em relação a um dos incidentes na Califórnia, levantando suspeitas de envolvimento em atividades ilegais.
A discussão sobre esses encontros com drones geralmente é marcada por uma falta de entendimento sobre o que exatamente essas condições significam para a segurança nacional. De acordo com o general aposentado Rob Spalding, as autoridades militares falharam em abordar o problema, que se intensificou ao longo da última década. Ele enfatizou que as percepções de segurança deixaram de acompanhar o ritmo das inovações tecnológicas e da atual realidade de ameaças que se manifestam em solo americano.
Desafios na defesa e resposta a invasores aéreos
Embora as operações de defesa militar tenham autorização para se protegerem e responderem a ameaças, um ex-oficial militar destacou os desafios em rastrear a origem de drones que cruzam rapidamente os limites aéreos antes de se retirarem, dificultando a definição do que estavam fazendo e por que estavam presentes. Como os militares geralmente trabalham em colaboração com as autoridades civis fora das bases, trata-se de um cenário complicado por regulamentações que restringem a coleta de inteligência dentro dos limites dos EUA.
No entanto, essa ineficiência não é apenas resultado da burocracia governamental, mas também de uma despriorização da defesa contra drones. A discussão sobre políticas envolvendo esses veículos não é nova, mas ganhou novo fôlego. De acordo com uma declaração conjunta do Departamento de Defesa (DoD), do Departamento de Segurança Interna, do FBI e da Administração Federal de Aviação (FAA), a necessidade de legislações contra drones tornou-se urgente. Agora, mais do que nunca, a história está exigindo uma ação legislativa robusta para mitigar um problema crescente.
A necessidade de uma abordagem proativa da segurança nacional
As autoridades competentes já admitiram que é necessário elevar a questão da defesa contra drones a um nível mais alto dentro da hierarquia do governo. Com o surgimento de novas tecnologias e a agilidade com que as ameaças podem evoluir, a falta de clareza nas responsabilidades entre as agências pode resultar em uma vulnerabilidade cada vez maior para o país. A sensação de que as ameaças estão mais conectadas a um cenário global, e não ao contexto interno, está se tornando um ponto crucial na forma como as políticas são formuladas.
Finalmente, como apontou o general VanHerck, “em uma era de inovação incrível, processos inflexíveis e ultrapassados representam um obstáculo maior ao sucesso do que as capacidades desenvolvidas por nossos concorrentes”. A urgência de ação em nível legislativo e interagências deve ser encarada não apenas como uma questão sobre como lidar com os drones, mas como um reflexo das mudanças nas dinâmicas de segurança nacional que têm se desdobrado diretamente em solo americano.
As bases militares dos Estados Unidos precisam de uma coordenação mais eficaz e uma definição clara de responsabilidades para enfrentar a ameaça que os drones e outras tecnologias emergentes representam. Se as autoridades falharem em se adaptarem a essa nova realidade, podemos nos ver em um cenário em que a segurança nacional se torna uma questão de incorrênias aleatórias e imprevisíveis, inaugurando um novo capítulo em nossa defesa.