Relatório revela a deterioração das embarcações do Exército em meio a demandas crescentes

Na última semana, o Escritório de Responsabilidade do Governo dos Estados Unidos divulgou um relatório alarmante que aponta para sérias deficiências na frota de embarcações do Exército. Essas embarcações, que desempenharam um papel crucial na missão temporária do píer em Gaza no início deste ano, estão apresentando manutenção inadequada e, em grande parte, se mostram despreparadas para atender às crescentes exigências das operações militares na região do Pacífico. O documento ressalta que a situação atual limita a capacidade do Exército para cumprir as missões essenciais na área Indo-Pacífica, onde a necessidade de embarcações do Exército é especialmente acentuada.

Conforme assinalado no relatório, a política do Exército exige uma taxa de prontidão das embarcações de pelo menos 90%, o que significa que os veículos devem estar prontos para desempenhar suas funções. No entanto, em 2023, essa taxa de disponibilidade foi inferior a 40%. Além disso, desde 2018, a frota de embarcações caiu quase pela metade, passando de 134 para 70 unidades até maio, resultado do desinvestimento de embarcações nos anos de 2018 e 2019. Os oficiais do Exército identificaram que essas baixas taxas de prontidão, juntamente com a redução do tamanho da frota, dificultam a preparação operacional e a capacidade de atender às exigências de missões.

Consequências operacionais e desafios de manutenção nas embarcações

O escrutínio sobre a frota de embarcações do Exército intensificou-se este ano durante a controversa missão do píer temporário, que visava aumentar o fluxo de assistência humanitária para os palestinos em Gaza. Relatos anteriores indicaram que as embarcações responsáveis por essa missão, conhecidas como Joint Logistics Over the Shore (JLOTS), não dispuseram de recursos adequados ou de uma manutenção correta. A fiscalidade do Exército nesse contexto foi criticada, e um ex-oficial advertiu que as embarcações “não estavam prontas, capazes, e não possuíam o mindset necessário para situações reais de perigo há décadas”. Essa crítica se intensificou especialmente após a missão, que durou apenas 20 dias e teve custos que ultrapassaram os 230 milhões de dólares. Após essa operação, o Exército solicitou apoio de contratantes civis para trazer as embarcações de volta aos Estados Unidos, pois a transportação de navios civis se mostrou mais segura e econômica.

Até o momento, um dos navios já está em transporte de volta aos EUA, enquanto outros dois devem ser carregados para transporte em breve. Além disso, uma das embarcações está passando por manutenção rotineira e deve estar pronta para navegação até o final de outubro. A porta-voz do Exército, Cynthia Smith, comunicou que a força está trabalhando de forma ativa para mitigar as lacunas nas capacidades da frota, priorizando a melhoria das embarcações atuais e investindo em uma frota modernizada que atenda às necessidades estimadas para 2040. Existe também uma discussão sobre a possibilidade de substituir a atual frota por embarcações autônomas, à luz do que a indústria do petróleo e outras indústrias de transporte já estão implementando globalmente.

Desafios de manutenção e responsabilidade institucional do Exército dos EUA

O relatório do Escritório de Responsabilidade do Governo também destacou “desafios significativos de manutenção” que contribuíram para o estado precário de prontidão das embarcações. A deterioração é agravada por embarcações envelhecidas, escassez de suprimentos e peças obsoletas. Um dos casos destacados foi o de um navio da classe Landing Craft Utility, que está em manutenção desde 2018. Esse navio, que deveria estar operacional desde janeiro de 2021, foi sujeito a atrasos superiores a três anos, originados de constatações de reparos não planejados que exigiram a revisão do contrato doze vezes devido ao aumento do escopo de reparos. O serviço militar admitiu que esses atrasos e custos superaram em mais de 1,2 milhão de dólares o orçamento inicial, evidenciando a falha na gestão dos recursos materiais.

Além disso, o relatório também mencionou que, em 2010, o Exército já havia reconhecido “preocupações de segurança” referentes a rampas de carga em embarcações Landing Craft Utility. Mesmo com a identificação de riscos catastróficos e potenciais perdas humanas, não foram tomadas providências para substituir as componentes essenciais. Um incidente envolvendo o desprendimento de uma rampa em 2022, no Japão, destacou ainda mais a urgência desses reparos, que só se tornaram prioridade após uma avaliação do GAO em 2023, mais de uma década após a identificação do problema. Durante uma inspeção abrangente, um terço das embarcações inspecionadas falhou nos testes e estão pendentes de reparo.

A secretária do Exército, Christine Wormuth, respondeu ao relatório afirmando que o Exército está adotando uma abordagem holística para mitigar as lacunas de capacidade nas embarcações. Wormuth ressaltou que o Comando do Exército do Futuro está trabalhando em parceria com o Exército do Pacífico e o Comando Indo-Pacífico para atender às preocupações sobre a prontidão das embarcações. O relatório sugere ainda que o Exército está considerando alugar embarcações civis para complementar a nova frota e está analisando a possibilidade de transferir toda a sua frota para operar no Pacífico. Além disso, nas discussões recentes com representantes do Congresso, o Exército foi ativo em apresentar as vantagens do leasing de embarcações civis.

Por fim, a criação de um conselho gestor para supervisionar as operações das embarcações em fevereiro de 2023 não produziu efeitos significativos até maio, quando as deliberações sobre responsabilidades essenciais ainda não haviam sido iniciadas. A relevância das embarcações no contexto das operações terrestres é inegável, pois constituem um meio vital para o movimento das forças do Exército. O futuro da frota, possivelmente autônoma, levanta questões cruciais sobre a modernização dos métodos de transporte de tropas e equipamentos, áreas de grande importância diante dos desafios contemporâneos enfrentados pelo Exército dos EUA. O investimento e a inovação são necessários para assegurar que o Exército esteja preparado para as futuras demandas e necessidades operacionais.

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