No dia 18 de dezembro de 2024, a Universidade da Carolina do Norte (UNC) anunciou que o neurocientista David D. Ginty, PhD, professor de neurobiologia na Harvard Medical School, foi reconhecido com o renomado 23º prêmio Perl-UNC de neurociência. O prêmio, que inclui uma premiação de US$ 20.000, é concedido em reconhecimento a pesquisas inovadoras que expandem o conhecimento sobre os mecanismos do sistema nervoso. O Dr. Ginty é celebrado particularmente por suas pesquisas fundamentais sobre a sensação de toque e a comunicação do corpo com o cérebro.
No evento de premiação, que ocorrerá em Chapel Hill no dia 6 de março de 2025, Ginty também fará uma palestra sobre suas últimas descobertas. Durante a cerimônia, Mark Zylka, PhD, diretor do UNC Neuroscience Center e presidente do comitê do prêmio, comentou: “A pesquisa do Dr. Ginty iluminou os caminhos intrincados do toque, revelando como as sensações da pele são percebidas e comunicadas ao cérebro”. Esses insights são fundamentais para a compreensão de como interagimos com o mundo ao nosso redor através de um dos nossos sentidos mais importantes: o toque.
O laboratório de Ginty em Harvard utiliza uma combinação de genética, eletrofisiologia, microscopia e medidas comportamentais para estudar as células nervosas que são responsáveis por nossa sensação de toque. Os neurônios conhecidos como mecanorreceptores de baixo limiar (LTMRs) têm um papel vital nesse processo. Eles reagem a estímulos táteis sutis, como a leve pressão da pele, vibrações e a flexão física dos pelos. Esses receptores são originários dos gânglios da raiz dorsal, que são conjuntos de células nervosas próximas à medula espinhal, e possuem longos processos que se estendem até a pele. Ao serem ativados por um estímulo, esses neurônios convertem a sensação em um sinal elétrico, que é transportado até a medula espinhal e, em seguida, para regiões especializadas do cérebro.
Embora o sistema somatossensorial, composto pelos LTMRs e os neurônios da medula espinhal, tenha sido estudado, os mecanismos exatos pelos quais esses neurônios transmitem, processam e recebem sinais de toque ainda eram um mistério. Nos últimos dez anos, o laboratório de Ginty fez descobertas revolucionárias, esclarecendo como os LTMRs e os circuitos de toque na medula espinhal se desenvolvem e se conectam entre si. Por exemplo, em 2011, eles mapearam a organização dos receptores de toque na pele peluda, o que cobre cerca de 90% da superfície do corpo humano. Os resultados foram publicados na revista Cell, mostrando que diferentes tipos de terminações dos LMTRs se entrelaçam ao redor dos folículos capilares, estabelecendo uma conexão com a região da medula espinhal conhecida como corno dorsal.
Além das suas descobertas sobre a organização dos receptors de toque, Ginty e sua equipe publicaram recentemente dois artigos em 2022 que se concentraram em como o sistema nervoso central processa os sinais táteis. O primeiro artigo, que também foi publicado na Cell, revelou que tanto a medula espinhal quanto o tronco cerebral desempenham papéis ativos no processamento dos sinais de “toque leve”, provenientes de diferentes classes de LTMRs. Nesse sentido, as investigações aprofundaram a compreensão dos papéis cruciais que a medula espinhal desempenha no processamento das informações táteis. O segundo artigo, publicado na Nature, demonstrou que duas subdivisões da circuitaria do toque na medula espinhal transmitem características diferentes dos estímulos táteis ao cérebro. Descobriram que os neurônios LTMR transmitem os sinais de vibração e que os neurônios do corno dorsal da medula espinhal (PSDCs) enviam sinais relacionados à pressão contínua ou ao contato com a pele. Essa convergência na região dos núcleos coluna dorsal do tronco cerebral é fundamental para a criação de representações mais acuradas dos estímulos táteis.
Recentemente, a pesquisa do Dr. Ginty se voltou para neurônios mecanossensoriais em sistemas diferentes, como o gastrointestinal e a genitalidade, trazendo novas perspectivas sobre a funcionalidade desses sistemas. Um estudo publicado na revista Science revelou que um tipo específico de LTMR, conhecido como LTMRs de fibra C, está envolvido em um comportamento comum em animais peludos, o famoso “shakedown” após serem molhados. Essa descoberta oferece mais insights sobre como os irritantes táteis são detectados e removidos do corpo desses animais, adaptando-se assim às suas necessidades. Ginty destacou que suas descobertas mais recentes citam o trabalho do Dr. Edward Perl, um antigo professor da UNC e homenageado com o prêmio, reforçando a relevância e a continuidade das pesquisas na área.
O prêmio Perl-UNC de neurociência foi criado em 2000 em homenagem ao Dr. Edward Perl, que fez descobertas importantes sobre neurônios sensoriais. O prêmio é uma celebração do desenvolvimento de pesquisas em neurociência na UNC, tendo premiado anteriormente pesquisadores que posteriormente receberam os prêmios Nobel nas áreas de Fisiologia ou Medicina, bem como o prêmio Breakthrough em Ciências da Vida e o Prêmio Kavli. A premiação se destaca como um marco no reconhecimento do valor e impacto da pesquisa sobre o sistema nervoso, enfatizando a importância da continuidade dos estudos e inovações na área.
O impacto das descobertas do Dr. Ginty não apenas avança nossas compreensões sobre como experimentamos o toque, mas também abre portas para aplicações em campos como a saúde mental e a medicina, particularmente em condições como a síndrome do espectro autista e a dor crônica. É um reconhecimento mais do que merecido para um cientista que continua a explorar as complexidades do sistema nervoso e a tocar diretamente nossas vidas com suas pesquisas significativas. As contribuições do Dr. Ginty e sua equipe são um lembrete de como a ciência pode mudar nosso entendimento sobre a biologia e a interação humana, estabelecendo uma ponte entre avanço científico e bem-estar humano.
Para mais informações, os interessados podem consultar o site da UNC ou acompanhar as publicações recentes na revista Cell e na revista Nature.
Contato com a mídia: Kendall Daniels Rovinsky, especialista em comunicações, UNC Health | UNC School of Medicine
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