Em 17 de dezembro de 2024, a Universidade da Carolina do Norte (UNC) alcançou um marco significativo em seu Programa de Transplante de Ilhotas Autólogos e Tratamento da Pancreatite Crônica, ao realizar seu 100º procedimento. Sob a liderança do Dr. Chirag S. Desai, professor de cirurgia e chefe da cirurgia de transplante abdominal, a UNC se consolida como um dos principais centros de terapia cirúrgica para pancreatite crônica, promovendo um impacto profundo e positivo na qualidade de vida de seus pacientes.

A história de Paul Freeman, um residente de Wilkesboro, Carolina do Norte, ilustra a luta enfrentada por muitos diagnosticados com pancreatite crônica. Há cerca de quatro anos, sua vida deu uma guinada inesperada quando começou a sofrer com dores abdominais severas e episódios constantes de vômito. A incapacidade de se alimentar resultou em perda de peso significativa e a necessidade de nutrição intravenosa. “Praticamente, passei por episódios quase todos os meses”, relembra Freeman, que frisou como a dor o impossibilitou de trabalhar e impactou negativamente sua qualidade de vida. Após o diagnóstico de pancreatite necrosante, ele compreendeu que precisava de uma solução a longo prazo. Sua jornada o levou até o Programa de Transplante de Ilhotas Autólogos da UNC, onde conseguiu reverter seu quadro debilitante. Hoje, ele retoma a rotina de consumir três refeições diárias, enquanto desfruta de uma vida normal ao lado de suas filhas.

O que é Pancreatite Crônica e Como Ela Afeta a Vida do Paciente?

Localizado atrás do estômago e abaixo do fígado, o pâncreas desempenha um papel vital em nosso organismo, secretando hormônios para regular os níveis de açúcar no sangue e enzimas para a digestão eficaz. Embora seja um órgão pequeno, com apenas seis polegadas de comprimento, sua função é de extrema importância. Contudo, o pâncreas pode ser afetado por inflamações, levando a condições como a pancreatite crônica, na qual a inflamação persistente resulta em danos irreparáveis, cicatrizes e bloqueios nos ductos que liberam enzimas e hormônios.

A pancreatite crônica pode surgir em qualquer pessoa, independente da idade, e fatores como o consumo excessivo de álcool ou doenças autoimunes aumentam significativamente o risco. No entanto, muitas vezes, sua origem permanece desconhecida, complicando o diagnóstico e tratamento. Pacientes frequentemente enfrentam um ciclo frustrante de consultas médicas e idas a emergências, sem conseguir encontrar soluções para sua dor debilitante.

O Programa de Transplante de Ilhotas da UNC: Um Exemplo de Inovação e Cuidado

Em 2017, o Dr. Chirag S. Desai lançou o Programa de Transplante de Ilhotas Autólogos e Tratamento da Pancreatite Crônica na UNC, visando oferecer tratamento de ponta para pacientes com pancreatite crônica severa. O procedimento de pancreatectomia total e transplante de ilhotas autólogos (TPIAT) é considerado a melhor opção para aqueles que experimentam dor intensa e baixa qualidade de vida. Ele implica na remoção parcial ou total do pâncreas, seguida pela coleta de células ilhotas que secretam insulina. Estas células são então reinfundidas no fígado do paciente, permitindo que elas desempenhem sua função de forma eficaz.

Jill Hale, uma mulher de 45 anos de Fayetteville, NC, é um exemplo de sucesso. Após anos de dificuldades e emergência de diversas complicações da pancreatite, como síndrome de ducto pancreático desconectado, Hale passou pela cirurgia em 16 de maio e afirma: “Minha vida mudou completamente. Não precisei de insulina desde então e estou livre de dores um ano e meio após a cirurgia.” A crescente realização do programa – com 100 casos concluídos – posiciona a UNC como um dos centros mais relevantes na terapia cirúrgica para a pancreatite crônica e, em 2022, foi reconhecida nacionalmente como um Centro de Excelência pela National Pancreas Foundation.

Valorizar o Paciente Como um Todo: Uma Abordagem Holística e Personalizada

Embora receber um transplante seja um grande marco, o processo de recuperação é outro desafio que exige um suporte substancial. Pacientes geralmente passam de 8 a 12 dias no hospital pós-TPIAT, onde uma equipe multidisciplinar, composta por cirurgiões, endocrinologistas e nutricionistas, monitora os níveis de açúcar no sangue e prepara os pacientes para a recuperação em casa. Jacob Barefoot, um jovem de 28 anos de Goldsboro, NC, destaca como a equipe demonstrou preocupação genuína com sua saúde geral, não apenas com o procedimento cirúrgico. “Após a cirurgia, tive um problema com meu plexo braquial. No meu primeiro retorno pós-operatório, todos estavam preocupados, mas também demonstraram interesse na minha saúde em geral”, comenta Jacob, enfatizando o cuidado contínuo que recebeu.

Os pacientes também são conectados a coordenadores de cuidados, assistentes sociais e nutricionistas, que auxiliam na elaboração de planos de cuidados. A enfermeira coordenadora de transplante, Marilyn Hanson, reconhece a importância do acompanhamento pós-cirúrgico e garante que cada paciente seja tratado de forma individualizada. “Após a cirurgia, eu forneço meu número pessoal, e é essencial que você me envie uma mensagem todos os dias,” explica ela, ressaltando o compromisso da equipe em proporcionar um cuidado que vai muito além das estatísticas.

Considerações Finais e Como Buscar Ajuda

Se você está lutando contra a pancreatite crônica ou aguda recorrente, não hesite em consultar seu médico sobre as opções de tratamento disponíveis. O Programa de Transplante de Ilhotas Autólogos da UNC oferece uma abordagem abrangente ao atendimento. Você pode agendar uma consulta ou fazer uma referência pelo telefone 919-966-8008. A história de pacientes como Paul Freeman e Jill Hale mostra que, com o suporte certo, é possível não apenas sobreviver, mas prosperar após o tratamento.

Contato com a Comunicação: Kendall Daniels Rovinsky, Especialista em Comunicação, UNC Health | UNC School of Medicine

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