Data da Publicação: 20 de dezembro de 2024

Por: Kendall Rovinsky

No campo da medicina, a conscientização sobre as necessidades específicas de diferentes grupos de pacientes está em constante evolução. Recentemente, a Dra. Lauren Schiff, obstetra e ginecologista da Faculdade de Medicina da UNC, lançou um olhar crítico sobre a qualidade do atendimento médico dedicado a indivíduos autistas. A artigo, publicado na prestigiosa New England Journal of Medicine, traz à luz a urgência de uma formação mais robusta para médicos no que tange às particularidades no atendimento a pacientes autistas que buscam ajuda para questões que não estão diretamente relacionadas ao autismo.

O autismo, uma condição que afeta a comunicação e a interação social, pode tornar situações como consultas médicas particularmente desafiadoras. Para muitas pessoas nesse espectro, no entanto, o simples fato de se deparar com um novo médico pode ser uma experiência nervosa e desconfortável. Dr. Schiff compartilha uma experiência recente de um paciente, bem como sua própria vivência como mãe de um filho autista, enfatizando a necessidade de se criar ambientes médicos mais acolhedores e sensíveis.

Ao dialogar com colegas da área médica, Schiff percebeu que muitos médicos não estão adequadamente preparados para interagir com pacientes autistas. “Os médicos muitas vezes não têm a formação necessária para fornecer cuidados médicos rotineiros a pacientes autistas, e essa falta de preparo pode ter efeitos profundos na qualidade do atendimento e nos resultados”, assinala Schiff em co-autoria com seus colegas na NEJM. Ela trouxe à tona dados preocupantes que revelam que muitos indivíduos autistas se sentem “desconsiderados, ignorados, infantilizados e traumatizados durante experiências de saúde.” Este aspecto da falta de empatia e compreensão é alarmante e clama por uma mudança significativa na abordagem médica.

Considerando que o autismo opera em um espectro amplo, cada paciente traz consigo necessidades e modos de comunicação que são únicos. Em sentido sugestivo, Schiff insta outros médicos a perguntar aos pacientes sobre quaisquer acomodações que poderiam facilitar as consultas médicas ou outras experiências de atendimento. Essa simples ação pode fazer uma grande diferença na percepção de acolhimento que os pacientes autistas sentem em relação aos serviços médicos.

A Dra. Schiff também destaca a necessidade de uma educação contínua desde os níveis iniciais da formação médica. Este treinamento direcionado ajudaria os futuros médicos a compreenderem não apenas o processamento neurocognitivo, mas também as necessidades de suporte e os potenciais estressores ambientais que essas pessoas podem enfrentar. “Os clínicos têm a obrigação de buscar resultados bem-sucedidos para todos os pacientes”, ressaltam Schiff e seus colegas. Ignorar as necessidades das pessoas autistas não apenas compromete seu acesso a um atendimento de excelência, mas também prejudica sua saúde de maneira geral.

O que está em jogo aqui é mais do que a simples melhoria do atendimento médico; trata-se de um chamado à ação para a inclusão e equidade no cuidado de saúde. As vozes de indivíduos autistas e suas experiências em ambientes de atendimento médico devem ser ouvidas e respeitadas, e este é um primeiro passo fundamental para desmantelar barreiras que têm sido uma constante dentro do sistema de saúde.

Este importante artigo conta ainda com a colaboração da Dra. Ashely Hester, professora assistente clínica de psiquiatria na UNC School of Medicine, e da Dra. Teal Benevides, professora associada no Instituto de Saúde Pública e Preventiva da Augusta University. Esta união de especialistas ressalta o quanto o apoio inclusivo e informado pode gerar uma diferença significativa na trajetória de atendimento aos autistas.

Para ler mais sobre a perspectiva de Schiff e suas propostas de melhorias no atendimento médico, acesse New England Journal of Medicine.

Contato com a mídia: Kendall Daniels Rovinsky, Especialista em Comunicações, UNC Health | UNC School of Medicine

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Tags: autismo, equidade e inclusão, saúde mental, psiquiatria

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