Desde as eleições presidenciais nos Estados Unidos, o Bluesky, uma plataforma de mídia social que se destaca por seu modelo descentralizado e design inovador, teve um crescimento explosivo em sua base de usuários. De acordo com dados recentes, o número de usuários ativos mensais no Bluesky mais do que dobrou nos últimos meses, elevando a plataforma a mais de 25 milhões de usuários. Este crescimento acelerado tem atraído a atenção de aqueles que buscam uma alternativa ao que consideram ser uma tendência de viés conservador na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter, após a aquisição por Elon Musk. Essa migração em massa mostra o descontentamento com a Twitter e as soluções mais tradicionais oferecidas por plataformas como o Threads da Meta.

O Bluesky, lançado inicialmente como um projeto promovido pelo antigo CEO do Twitter, Jack Dorsey, buscou reinventar a forma como as redes sociais funcionam. A plataforma tem um foco na descentralização, pretendendo oferecer aos usuários mais poder sobre sua experiência online. Porém, a velocidade com que seu número de usuários tem aumentado traz à tona novos desafios. A crescente popularidade da plataforma não se limita apenas a usuários de carne e osso; também resultou em um influxo preocupante de bots que tentam inundar o serviço com conteúdo sensacionalista, divisivo e potencialmente prejudicial.

Com um crescimento projetado de 295,4% em usuários ativos mensais de aplicativos iOS e Android desde outubro, segundo dados da Similarweb, a Bluesky não está sozinha em sua ascensão. Este crescimento acentuado coincidiu com a rápida utilização das tecnologias digitais com o aumento do interesse em alternativas sociais, especialmente em um momento de crescente desconfiança em relação às redes sociais estabelecidas. Enquanto a Bluesky experimentou um crescimento significativo, a plataforma X (ex-Twitter), enfrentou problemas após um banimento temporário no Brasil e uma onda de críticas sobre suas políticas de moderação e monetização.

No entanto, nem tudo são flores. A Bluesky agora se vê em uma encruzilhada, enfrentando o desafio de moderar seu conteúdo em meio a uma avalanche de novos registros. Laura Edelson, professora assistente de ciência da computação na Universidade Northeastern, destaca o desafio que a Bluesky enfrenta ao equilibrar a atividade de sua equipe com a necessidade urgente de desenvolver novas ferramentas de moderação. “A plataforma não tem o fluxo de caixa ou a força de trabalho estabelecida que uma rede maior possui”, explica. Com uma equipe reduzida e uma necessidade crescente de implementar soluções eficazes de moderação, a Bluesky precisa trabalhar rapidamente para evitar que esses bots comprometam sua integridade.

Para ajudar na transição, a Bluesky iniciou sua operação como uma plataforma de convite até abrir para o público geral em fevereiro. Durante esse período, a equipe trabalhou para construir ferramentas de moderação adequadas e recursos únicos, como “pacotes iniciais”, que ajudam os novos usuários a encontrar feeds relevantes. Tais esforços estão em linha com as preocupações mais amplas sobre como as redes sociais lidam com o conteúdo problemático. A ideia é criar um ambiente onde os usuários sintam que têm controle sobre o que veem, diferentemente da abordagem centralizada aplicada por outras grandes plataformas.

Embora o Bluesky ainda não enfrente os mesmos desafios em grande escala que outros gigantes das redes sociais, a pressão para encontrar soluções e mitigar a desinformação será crucial. Enquanto a demanda por plataformas de mídia social mais transparentes e inclusivas cresce, a Bluesky tem a oportunidade de se estabelecer como um novo padrão, se conseguir não apenas gerenciar seu crescimento, mas também manter a qualidade do conteúdo que seus usuários esperam. A ambição da Bluesky é clara: criar uma rede social onde as políticas não dependam de negócios bilionários, mas sim da comunidade que a utiliza, algo que poderia muito bem se tornar o antídoto para a insatisfação generalizada com as redes sociais tradicionais.

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