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Em sua mensagem de Natal, o Papa Francisco fez um fervoroso apelo por negociações que levem ao fim da guerra na Ucrânia. Em um momento em que o mundo enfrenta diversos conflitos, o pontífice enfatizou a importância de parar o uso de armas e buscar a reconciliação entre os inimigos. Este discurso ecoou em um contexto global preocupado, onde diversas regiões estão submersas em crises humanitárias e de segurança.
As declarações do pontífice de 88 anos ocorreram horas após um ataque aéreo massivo por parte da Rússia, que intensificou a pressão sobre a já frágil situação da Ucrânia, na continuidade de um conflito que se arrasta por quase três anos. A guerra, marcada por meses de bombardeios intensos, posicionou a Ucrânia em uma situação de vulnerabilidade extrema, ao entrar no seu terceiro inverno em meio ao conflito armado.
Durante seu tradicional discurso “Urbi et Orbi” (“Para a cidade e para o mundo”), o papa exclamou: “Que o som das armas se silencie na Ucrânia em guerra!” Ele pediu coragem para abrir as portas do diálogo e da negociação, enfatizando que só assim poderemos alcançar uma paz justa e duradoura. As suas palavras não apenas tocaram os corações dos fiéis, mas também refletiram um desejo universal por um mundo mais pacífico e seguro.
Embora o papa tenha proposto anteriormente que a Ucrânia teria que ter “a coragem da bandeira branca”, uma sugestão que gerou críticas entre os ucranianos, as relações entre o Vaticano e a Ucrânia têm melhorado. O presidente ucraniano, Volodmyr Zelensky, se reuniu com o papa pela terceira vez em outubro, agradecendo ao Vaticano por seus esforços para garantir a libertação de prisioneiros ucranianos. Ele também expressou sua disposição para a entrada em negociações com a Rússia.
A possibilidade de um acordo de paz se torna mais tangível após a reeleição do ex-presidente Donald Trump, que prometeu buscar o fim do conflito. Entretanto, a posição do Vaticano, conforme articulado por seu ministro das Relações Exteriores, reafirma a necessidade de respeitar a integridade territorial da Ucrânia. Tal positividade nas negociações reflete uma esperança renovada por mudanças na dinâmica do conflito.
O apelo por paz do papa não se limitou à Ucrânia, mas se estendeu a outras partes do mundo, incluindo o Oriente Médio. Ele destacou a “situação humanitária extremamente grave” em Gaza, que, segundo o apoio de grupos humanitários, se encontra em estado de calamidade devido ao conflito em curso com Israel, que gerou um número alarmante de mortos e feridos. O Papa declarou: “Penso nas comunidades cristãs em Israel e na Palestina, especialmente na querida comunidade de Gaza”, implorando pela paz e pelo auxílio humanitário necessário aos necessitados.
O pontífice também fez referência aos horrores do recente conflito entre Israel e Hamas, chamando de “crueldade” o que ocorre em Gaza e reafirmando necessidade de um cessar-fogo e de ajuda humanitária para a população local. “A crise humanitária que os aflige é causada principalmente por conflitos armados e o flagelo do terrorismo”, explicou. Ele frisou a urgência deste apelo em um momento onde mais de 45 mil vidas foram perdidas desde o início da agressão israelense após os ataques perpetrados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023.
Com os olhos voltados para crises mais amplas, Francisco também expressou sua preocupação com os filhos em países devastados pela guerra e pela fome, especialmente na República Democrática do Congo, no Burquina Faso, Mali, Níger e Moçambique, onde as consequências do clima e os conflitos armados têm causado uma crise humanitária sem precedentes.
O Papa também inaugurou, na véspera de Natal, o Ano Jubilar da Igreja Católica, uma tradição que remonta a tempos bíblicos, iniciando com a abertura da “Porta Santa” da Basílica de São Pedro, que normalmente permanece fechada. Este importante evento espiritual, além de promover a redenção e o perdão, é esperado para atrair cerca de 35 milhões de visitantes a Roma ao longo do próximo ano. Ele afirmou que a abertura da Porta Santa simboliza que “a misericórdia de Deus pode fazer todas as coisas” e incentivou todos a se reconciliar, até mesmo com os inimigos.
Em sua mensagem de Natal, o papa concluiu ressaltando a importância do perdão e a esperança de que os conflitos possam acabar, criando um espaço para que o diálogo e a paz floresçam. Ao entregar sua oração, ele não apenas conclamou por tópicos espirituais, mas também por respostas práticas em relação a situações complexas que afetam vidas reais. A entrega das mensagens do pontífice numa cadeira de rodas, devido a sintomas de resfriado, não impediu sua determinação em levar uma mensagem de esperança e unidade ao mundo.