A águia-careca, conhecida por sua imponência e beleza, agora ostenta oficialmente o título de pássaro nacional dos Estados Unidos. Com uma história rica que remonta a mais de 240 anos, a águia-careca (Haliaeetus leucocephalus) sempre foi um símbolo indiscutível da nação, aparecendo em moedas, notas e no Grande Selo do país. Contudo, até então, o status de símbolo nacional não havia sido formalmente reconhecido pelo Congresso. Esta lacuna foi corrigida em um evento significativo promovido pelo presidente Joe Biden, que, na véspera de Natal, assinou uma legislação consagrando a águia-careca como a ave nacional, um gesto que mescla tradição com o desejo de fortalecer o compromisso do país com suas ricas heranças naturais e culturais.
Para Jack Davis, co-presidente da Iniciativa Nacional do Pássaro e representante do National Eagle Center, essa mudança era muito aguardada. “Por quase 250 anos, chamamos a águia-careca de pássaro nacional quando não era. Mas agora o título é oficial, e nenhuma ave é mais digna”, declarou em comunicado. A determinação de proteger e preservar a águia-careca é um caso exemplar de como um país pode se mobilizar em torno da conservação de espécies que representam sua identidade e valores, trazendo à tona a importância de políticas ambientais eficazes.
A conservação da águia-careca foi um desafio nacional, especialmente no século XX, quando a população da espécie enfrentou uma queda dramática. Fatores como a perda de habitat e a redução da disponibilidade de presas contribuíram para o declínio das águias. No entanto, o impacto mais devastador foi causado pela introdução do pesticida DDT. Esse químico, utilizado amplamente nas décadas de 1940 a 1960, alterou a cadeia alimentar das águias. Quando as águias ingeriam peixes contaminados, os ovos que produziam eram frágeis e não sobreviviam à incubação. Em 1963, a situação era alarmante, com apenas 417 pares de águias cuidando de suas ninhadas nos Estados Unidos.
Com a proibição do DDT em 1972 e a subsequente declaração das águias-carecas como uma espécie ameaçada, um movimento de conservação começou a ganhar força. Este esforço incluiu políticas de proteção ambiental e iniciativas públicas visando promover a recuperação da espécie. Decorridos algumas décadas, a população começou a se restabelecer e, por volta de 2007, quase 10.000 casais de águias-carecas estavam aninhando nos Estados Unidos, levando à remoção de sua lista de espécies em perigo pelo Serviço de Vida Selvagem e Peixes dos EUA.
Nos últimos anos, o número de águias-carecas vem aumentando para centenas de milhares. As águias têm encantado observadores de aves, inclusive em locais inesperados, como o coração de Nova York, onde as águias foram registradas fazendo ninhos. Além disso, câmeras instaladas em locais como o Arboreto Nacional em Washington, D.C., U.S. Steel na Pensilvânia e no Vale Big Bear, na Califórnia, possibilitaram uma observação mais próxima da vida fascinante desse símbolo nacional.
A legislação que designa a águia-careca como o pássaro nacional dos EUA foi impulsionada por legisladores do estado de Minnesota, que abriga uma das maiores populações de águias-carecas do país. A senadora Amy Klobuchar expressou a importância da águia não apenas para o estado, mas para a identidade nacional como um todo, destacando a necessidade de proteger e valorizar as espécies que compõem o rico mosaico da vida selvagem americana.
Com a oficialização da águia-careca como ave nacional, a América reafirma seu compromisso com a preservação das espécies nativas e a manutenção de um legado que traduz a essência do país. A águia-careca não é apenas um símbolo de poder e liberdade; é, acima de tudo, um exemplo de resiliência e recuperação, um verdadeiro testamento do que é possível quando a conservação se torna uma prioridade nacional.
Para mais informações sobre a águia-careca e sua conservação, você pode acessar o Serviço de Vida Selvagem e Peixes dos EUA e acompanhar as iniciativas de preservação que estão em andamento.