A jornada de uma startup começa com várias decisões cruciais, entre elas, o quanto os fundadores devem pagar a si mesmos e a seus primeiros colaboradores. A análise mais recente da Kruze Consulting, uma firma de contabilidade que se especializa em startups financiadas por capital de risco, revela não apenas os valores que os fundadores costumam receber, mas também como esses números se alinham com as expectativas do setor. Com dados oriundos de mais de 450 startups em estágio inicial, essa pesquisa fornece insights valiosos para empreendedores e investidores na busca por um ambiente de trabalho sustentável e competitivo.

Investir em uma startup é uma empreitada que exige comprometimento e, muitas vezes, sacrifícios financeiros, especialmente nos estágios iniciais. De acordo com a Kruze, as informações obtidas são baseadas em registros reais de folha de pagamento, o que confere maior credibilidade aos resultados. O que talvez não surpreenda muitas pessoas é que as posições técnicas de engenharia e produto possuem uma compensação média superior ao salário do CEO. Um dado que pode surpreender, no entanto, é que a posição de COO ou operações costuma receber, em média, ainda mais. Isso é intrigante, uma vez que tais cargos podem ser percebidos por investidores como um sinal de que é necessário outra co-fundação sem uma função bem definida, especialmente em uma startup ainda pequena, onde a operação não é tão complexa.

Diante desse cenário, a Kruze apresentou uma tabela com as médias salariais das funções executivas de fundadores que revela os seguintes números: o CEO ganha em média $132.000; o CTO recebe $134.000; o COO ou de operações, $135.000; e o CPO ou gerente de produto chega a $149.000. Apesar de parecerem baixos, esses valores estão em consonância com as realidades do Vale do Silício, um dos epicentros da inovação tecnológica.

Nos grandes centros de tecnologia, como o Vale do Silício, a situação salarial apresenta grandes variações, especialmente quando falamos de engenheiros seniores que ingressam em startups. A pesquisa da Kruze aponta que esses profissionais podem ter salários que variam de $180.000 a $235.000 no Vale e de $160.000 a $210.000 em outras regiões. Já engenheiros em nível de entrada, mesmo em São Francisco, conseguem uma faixa salarial entre $75.000 e $105.000. Essa disparidade salaria é um reflexo das demandas e da oferta do mercado, bem como da necessidade das startups de atrair talentos qualificados desde o início.

É interessante notar que, à medida que as startups passam por rodadas de financiamento, os fundadores geralmente aumentam suas remunerações. Após a Série A, por exemplo, a média de salário para executivos fundadores salta para $183.000 e, com a Série B, esse número cresce para impressionantes $218.000. Isso mostra não apenas o crescimento potencial das startups, mas também o reconhecimento do trabalho duro e dedicação dos fundadores que levam suas ideias aos próximos níveis.

Por outro lado, os primeiros colaboradores, muitas vezes fundamentais para o sucesso inicial, também têm seu papel valorizado. A pesquisa da Kruze detalha os salários iniciais para alguns dos cargos que não são de fundadores. Para engenheiros de nível médio, a faixa salarial está entre $100.000 e $145.000 no Vale do Silício, enquanto em outros centros tecnológicos variam de $90.000 a $130.000. Já em equipes de vendas, os salários médios para profissionais de nível médio ficam entre $80.000 e $110.000 na Baía, e de $70.000 a $100.000 em outros locais. Cargos relacionados ao produto podem contar com uma média que varia de $130.000 a $185.000 no Vale, e $110.000 a $175.000 em outras áreas.

Outro aspecto atrativo de ingressar em uma startup é a possibilidade de receber participação acionária. Segundo dados da Carta, que analisou mais de 8.000 concessões iniciais, os primeiros cinco colaboradores podem esperar um percentual de participação que geralmente é adquirido ao longo de quatro anos. Para o primeiro contratado, a oferta pode variar de 0,5% a 4% de participação (com uma mediana de 1,49%), enquanto o segundo contratado pode esperar de 0,3% a 2% (mediana de 0,85%). O terceiro, quarto e quinto colaboradores também têm percentuais que diminuem gradativamente, mas sempre representando uma oportunidade de se tornarem parte do crescimento da empresa e, potencialmente, de sua avaliação no futuro.

Esses dados ressaltam a dicotomia presente nas startups: enquanto os fundadores e colaboradores iniciais podem enfrentar salários relativamente modestos em contrapartida aos altos padrões de compensação em grandes empresas de tecnologia, a compensação em forma de participação acionária representa um incentivo significativo. À medida que as startups crescem e atraem mais investidores, as oportunidades tornam-se mais promissoras tanto para os fundadores quanto para os primeiros colaboradores, evidenciando que a jornada empreendedora, apesar dos desafios, pode ser também extremamente recompensadora.

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