No dia 8 de setembro de 2023, a United Launch Alliance (ULA), uma joint venture entre a Boeing e a Lockheed Martin, realizou com sucesso o segundo teste do seu foguete de próxima geração, Vulcan. Este evento foi crucial, pois o Vulcan é destinado a transportar cargas de alta prioridade em missões que envolvem a segurança nacional dos Estados Unidos, sob a supervisão da Força Espacial Americana e do Escritório Nacional de Reconhecimento (NRO). O lançamento teve início a partir do Complexo de Lançamento 41 na Estação da Força Espacial de Cape Canaveral, na Flórida, e ocorreu às 7:25 a.m. EDT. Com uma altura de 61 metros e um peso de 680 mil quilos, o foguete rompeu a calmaria matinal com um rugido ensurdecedor, equivalente a 2 milhões de libras de empuxo.

Após a decolagem, no entanto, foi notado um problema envolvendo um dos dois boosters de propulsão sólida fabricados pela Northrop Grumman. Aproximadamente 37 segundos após o lançamento, um dos boosters apresentou uma falha aparente no bico, resultando em um impulso assimétrico. A CEO da ULA, Tory Bruno, esclareceu através de uma rede social que o evento de anomalia no bico causou um “impulso reduzido e assimétrico”, mas que, conforme projetado, o foguete conseguiu compensar e continuou seguindo uma trajetória nominal. Apesar da dramaticidade visual do evento, Bruno assegurou que não houve explosões e que a situação foi controlada de maneira eficaz, permitindo que o foguete alcançasse a órbita com sucesso.

O evento foi monitorado de perto pela Administração Federal de Aviação (FAA), que afirmou estar ciente do problema com o booster, mas não havia relatos de lesões ou danos à propriedade pública até o momento. A análise detalhada do ocorrido está em andamento e qualquer atualização será divulgada conforme necessário. Após a queima dos boosters, estes se desprenderam a cerca de dois minutos após a decolagem, enquanto os motores BE-4, que queimam metano e geram 550 mil libras de empuxo cada, continuaram propulsando o foguete para fora da atmosfera densa por mais três minutos.

Após a separação do estágio não reutilizável, que caiu no Oceano Atlântico, a missão seguiu com a utilização do estágio superior Centaur 5, que é equipado com dois motores Aerojet Rocketdyne RL10C. Esse estágio superior ativou seus motores uma segunda vez após alcançar a órbita, mostrando a habilidade de reiniciar no espaço, um requisito necessário para as cargas militares que precisam de trajetórias complexas para suas órbitas operacionais.

O primeiro lançamento do Vulcan, ocorrido em 8 de janeiro de 2023, também foi bem-sucedido, estabelecendo o foguete como uma nova forte opção para lançamentos comerciais. Para este segundo voo, a ULA decidiu utilizar um “simulador de massa” no lugar de uma carga ativa, pois a nave de carga Dream Chaser, de propriedade da Sierra Space, não pôde ser entregue a tempo. O simulador, junto com alguns experimentos tecnológicos, foi adicionado à missão para maximizar a coleta de dados durante a demonstração, que teve uma duração total de 54 minutos. Dar continuidade à certificação do foguete é essencial, e a missão foi definida por Bruno como tendo como único objetivo “realizar um segundo voo e obter mais sucesso.”

Os dados coletados e a revisão geral do desempenho do foguete serão cruciais para determinar como a situação do booster de propulsão sólida será avaliada no contexto da certificação do foguete. Duas missões subsequentes estão previstas para este ano, consideradas urgentes pela empresa, embora Bruno não tenha mencionado especificamente quais cargas de segurança nacional seriam lançadas. Tais missões geralmente envolvem o lançamento de satélites que permitem a coleta de imagens de radar, escuta eletrônica, retransmissão de comunicações criptografadas e outros projetos secretos.

O novo foguete Vulcan está posicionado como o substituto do Delta 4 e da Atlas, que têm sido utilizados desde os primórdios do programa espacial dos Estados Unidos. A ULA ainda possui 15 foguetes Atlas 5 em seu inventário, com missões já programadas para o lançamento de satélites de Internet da Amazon Kuiper, da nave de passageiros Starliner da Boeing e de um satélite de comunicações da Viasat. Uma vez que essas missões sejam completadas, o Vulcan será o único veículo de lançamento da empresa. Mark Peller, vice-presidente de desenvolvimento do Vulcan da ULA, ressaltou que o sistema ao qual a empresa está se dedicando representa um futuro próspero e brilhante.

No que diz respeito aos motores, o Vulcan tem uma vantagem em relação ao Atlas 5, substituindo os motores RD-180, que eram fabricados na Rússia, pelos novos motores BE-4, desenvolvidos pela Blue Origin, empresa que pertence ao fundador da Amazon, Jeff Bezos. Durante o lançamento, esses motores geraram um total de 1,1 milhão de libras de empuxo, enquanto os dois boosters adicionaram mais 919 mil libras, totalizando mais de 2 milhões de libras de empuxo. O estágio superior Centaur 5, por sua vez, utiliza motores alimentados a hidrogênio, que são capazes de lançar cargas pesadas para órbitas de alta energia.

Embora Bruno não tenha revelado o custo exato de um foguete Vulcan, ele indicou que é inferior a 100 milhões de dólares, levando-o a ser competitivo em relação aos foguetes Falcon 9 e Falcon Heavy, da SpaceX. O próximo passo para a ULA, após esta missão de certificação, será realizar algumas missões para a Space Force, com expectativas de que estejam prontas ainda neste ano, o que explica a urgência em não esperar pela entrega da Dream Chaser.

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