A recente descoberta de 15 corpos em covas clandestinas no estado de Chiapas, no sul do México, expõe a grave ameaça da violência relacionada aos cartéis de drogas, que tem se intensificado na região. O corpo de cada uma dessas 15 vítimas foi encontrado em duas propriedades na zona da Frailesca, uma área agrícola próxima à fronteira com a Guatemala, onde a guerra territorial entre cartéis rivais se acirrou nos últimos anos.
Em um comunicado divulgado em suas redes sociais, o governador do Estado de Chiapas, Eduardo Ramirez, informou que as operações estão em andamento para restaurar a estabilidade na região. Ele revelou que, além dos corpos, uma quantidade significativa de armas, veículos e drogas foram apreendidos durante as investigações. Quatro indivíduos foram detidos, embora o governo não tenha confirmado se esses suspeitos estão diretamente relacionados aos assassinatos ocorridos nessa operação. Essa situação vem gerando preocupações crescentes sobre a segurança e a proteção dos cidadãos locais, que muitas vezes se tornam alvos de violência desenfreada.
Os cartéis de drogas que atuam no México têm procurado expandir suas operações, resultando em um aumento alarmante de assassinatos e desaparecimentos. O Chiapas, segundo o think tank InSight Crime, é considerado “um importante centro de contrabando tanto de drogas quanto de migrantes”. As estatísticas relacionadas à violência em todo o país são igualmente desalentadoras, com mais de 450 mil assassinatos registrados desde que o governo mexicano lançou sua polêmica operação de combate às drogas em 2006. Além disso, dezenas de milhares de mexicanos permanecem desaparecidos a cada ano, muitas vezes devido a atos violentos perpetrados por cartéis que buscam se estabelecer como potências em várias regiões.
Para complicar ainda mais a questão, nos últimos dois anos, os cartéis Sinaloa e Jalisco New Generation têm travado sangrentas disputas territoriais em Chiapas. Essas confrontações brutais não apenas resultaram em vítimas civis, mas também forçaram centenas de residentes locais a fugir para países vizinhos, como a Guatemala, em busca de segurança. Os conflitos têm sido caracterizados por ataques a famílias inteiras, mostrando a extrema brutalidade com que essas organizações criminosas operam.
Em um exemplo trágico da situação, em outubro, o sacerdote católico Marcelo Pérez, um ativo defensor dos direitos dos indígenas e trabalhadores rurais, foi assassinado em Chiapas. O clérigo, de 50 anos, havia recebido ameaças frequentemente, mas escolheu continuar sua luta por justiça e paz na região. Os defensores dos direitos humanos criticaram o governo por não garantir a proteção que ele claramente necessitava, refletindo um padrão preocupante de negligência em relação aos ativistas sociais e à população vulnerável em áreas afetadas pela violência.
Com a recente eleição da presidente Claudia Sheinbaum, que assumiu o cargo em 1º de outubro, a promessa de continuar as políticas de seu antecessor, Andrés Manuel López Obrador, de não confrontar os cartéis tem levantado dúvidas sobre se essa abordagem enfrentará efetivamente o clima de crescente violência. Críticos argumentam que essa estratégia tem se mostrado insuficiente e que o governo deve reconsiderar sua postura se realmente desejar trazer segurança à população. A combinação de ineficácia política e crescente violência é uma tempestade perfeita que afeta a vida de muitos mexicanos na luta cotidiana por segurança e dignidade.
Recentemente, as autoridades descobriram 12 corpos enterrados em covas clandestinas no estado de Chihuahua, próximo à fronteira dos Estados Unidos. Essa descoberta vem a reforçar a alarmante situação de segurança pública no México, onde a vida parece estar em risco a cada esquina. O desafio é monumental e as soluções ainda parecem distantes, mas é essencial que haja um consenso entre as autoridades e as comunidades locais para construir um futuro mais seguro.