CNN
—
Desde que as multidões começaram a se reunir na icônica Times Square para comemorar a vinda do Ano Novo, mais de um século atrás, esse evento se tornou um ritual que simboliza novos começos e promessas renovadas. Às 23h59, uma deslumbrante bola de cristal desce lentamente por um mastro, enquanto aqueles presentes — e milhões de espectadores assistindo em casa — contam os segundos que faltam para a virada. No instante em que o relógio marca a meia-noite, a multidão explode em aplausos e gritos, frequentemente acompanhados de beijos cerimoniais entre os amantes, um gesto que reafirma a celebração e a esperança de recomeços. No entanto, você já parou para se perguntar como essa tradição tão marcante começou e qual o significado por trás desse ritual de “deixar a bola descer”?
O primeiro drop da bola aconteceu em 1904 e foi idealizado por Jacob Starr, um imigrante ucraniano e metalúrgico, juntamente com o então editor do New York Times, Adolph Ochs. Ochs já havia atraído multidões para o prédio icônico do jornal em Times Square com fogos de artifício para celebrar o novo ano, mas a cidade acabou por proibir o uso de explosivos após alguns anos de festividades, levando à busca por uma nova forma de celebrar a virada do ano.
Assim, Ochs encomendou a Starr, que trabalhava na empresa de placas sinalizadoras Strauss Signs (mais tarde conhecida como Artkraft Strauss, onde Starr se tornou presidente), a criação de um novo espetáculo visual que trouxesse vida e emoção ao evento noturno.
A bola passou de uma simples estrutura de ferro e madeira adornada com lâmpadas a uma bola deslumbrante de cristal em várias cores, simbolizando a riqueza da nova era que se aproximava. A ideia desta descida da bola foi inspirada em “time balls”, dispositivos náuticos que se tornaram populares no século XIX. Esses dispositivos eram utilizados para que os navegadores pudessem estabelecer um padrão de tempo e ajustar suas cronometragens com precisão nas embarcações.
Os primórdios da tradição do dropped ball
A primeira queda da bola em Times Square ocorreu no início do século passado, especificamente em 1904, e desde então se tornou uma das tradições de Ano Novo mais emblemáticas dos Estados Unidos. O mármore que compõe essa icônica esfera de cristal é uma obra-prima, atualmente equipada com 32.256 LEDs, que podem ser programados para mostrar milhões de cores e padrões, proporcionando um espetáculo visual que se renova a cada ano.
O conceito da bola descer pelas alturas foi creditado a Ochs e Walter Palmer, o eletricista-chefe do New York Times, que se inspiraram em uma estrutura análoga que acontecia no Edifício Western Union, o qual realizava essa descida de uma bola de temperatura todos os dias ao meio-dia. Contudo, a neta de Starr, Tama, afirmou acreditar que foi seu avô quem teve a ideia de iluminar a bola e transformá-la novamente em números ao iniciar um novo ciclo.
Tanto eles quanto o eletricista do jornal foram fundamentais na linha de tempo do evento. A primeira descida foi uma adaptação importante que rapidamente cativou o coração das pessoas. “Ela se tornou instantaneamente popular. As pessoas adoravam aquilo”, afirmou Tama. Desde então, as mudanças ao longo dos anos transformaram essa bela tradição em um espetáculo impressionante que atrai turistas de todo o mundo.
Vale ressaltar que já foram sete diferentes designs da famosa bola de Ano Novo desde então, cada um mais ousado e deslumbrante do que o anterior. Hoje, a magnífica esfera, que além de seu design inovador combina luz e tecnologia, é uma colaboração entre Waterford Crystal e Philips Lighting, utilizando 32.256 LEDs que proporcionam uma vista impressionante ao público que, com expectativa, aguarda a contagem regressiva de ano a ano.
Uma das mudanças notáveis ao longo do tempo foi a troca do design clássico de bola por um formato de maçã durante a administração do ex-prefeito Ed Koch, como parte da campanha “I Love New York”. Essa transformação foi uma forma de conectar a celebração de Ano Novo ao próprio espírito da cidade de Nova York, associados à inovação e modernidade.
Durante seus primeiros anos, o evento era conhecido por sua simplicidade e animação, onde garçons de restaurantes e hotéis próximos usavam chapéus iluminados com as mensagens do Ano Novo, transformando a experiência em uma verdadeira mágica. Concluindo, a menina-dos-olhos da Times Square é mais do que uma mera tradição: ela representa a transformação de esperanças e sonhos ao longo do tempo, unindo pessoas em um momento de celebração que ressoa com a essência do que é ser humano.
Um simbolismo profundo em um minuto
Quando o último minuto do ano se aproximava, uma equipe baixava a bola usando um complexo sistema de polias. Este processo se tornava um verdadeiro espetáculo por si só, proporcionando uma conexão entre os presentes e o momento que chegava. As pessoas não apenas assistiam ao “drop”; elas se tornavam parte da narrativa, e, por um momento, o tempo parecia parar.
Os momentos de contagem regressiva são muitas vezes descritos como “um minuto fora do tempo”. Durante esse lapso, a multidão reflete sobre o que passou e faz promessas de mudanças e recomeços para o futuro. Muitas vezes, essas resoluções são feitas com um fervor renovado, contemplando a possibilidade de mudanças significativas na vida.
Ao longo de sua história, o drop da bola se provou resistente, reunindo pessoas que vêm de diferentes lugares, unidas no espírito de celebração e na busca de um novo começo. Portanto, da próxima vez que você observar a bola descendo, lembre-se de que ela é muito mais do que um símbolo de festa; é uma porta que se abre para um futuro repleto de possibilidades e esperanças.
