Nova York
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Os mercados financeiros dos Estados Unidos estão prestes a conquistar uma façanha tão rara que ocorreu apenas algumas vezes na história. O índice S&P 500, um dos principais indicadores do mercado de ações americano, está projetado para registrar um crescimento superior a 20% em 2024, após um impressionante aumento de 24% em 2023. Esse resultado é um sinal notável de recuperação e força do mercado, refletindo um desempenho que não era visto desde os anos de 1997 e 1998, segundo dados da FactSet.

O S&P 500 não é um novato em termos de ganhos significativos. Enquanto períodos anteriores também apresentaram desempenhos comparáveis em 1927 e 1928, 1935 e 1936, e mais recentemente em 1954 e 1955, a atual alta representa um marco significativo para a era moderna deste índice. O que torna esse crescimento ainda mais impressionante é o fato de que, apesar de um inverno severo nos mercados em dezembro, que culminou em uma queda acentuada e na ausência do esperado “rali de Natal”, o ano como um todo foi marcado por realizações notáveis.

Como todos os caminhos financeiros parecem conduzir a Wall Street, o ano de 2024 foi testemunha de retornos impressionantes, à medida que a inflação se esfriava e o consumo continuava forte, apesar de um mercado de trabalho que começou a desacelerar. Essa combinação catalisadora levou os investidores a desenvolver uma confiança robusta, principalmente devido ao crescimento agressivo dos lucros, especialmente entre as empresas de tecnologia, que se beneficiaram enormemente com a reeleição do presidente Donald Trump, ocorrida em novembro.

Com um crescimento considerável de mais de 12% para o índice Dow Jones e uma impressionante valorização superior a 31% no Nasdaq, fica claro que a tecnologia continua sendo o motor propulsor do mercado. O S&P 500, com um aumento de quase 60% nos últimos dois anos, lança uma Luz sobre o desastroso desempenho de 2022, que viu o índice despencar 20%. Portanto, não é surpresa que, no contexto das avaliações globais e das mudanças de tendências, os mercados dos EUA se destacaram, superando seus pares na Europa e na Ásia durante este ano.

Envolvido nessas flutuações de mercado, Terry Sandven, chefe de estratégias de ações do US Bank Wealth Management, enfatizou a influência da queda da inflação, movimentos em direção a cortes de juros e o aumento das expectativas de lucros: “Estamos vendo um sentimento positivo que sustenta avaliações e apoia o otimismo em relação ao futuro”, disse ele. Com os dados econômicos robustos, os analistas esperam que a trajetória de crescimento continue em 2025, prevendo um aumento adicional de 14,8% para o S&P 500, conforme indicado em um relatório da FactSet.

Apesar do otimismo prevalente, alguns analistas expressaram preocupações sobre a sobreavaliação das ações atuais e a incerteza que envolve a velocidade das futuras reduções de taxas por parte do Federal Reserve. Geopolítica e tensões econômicas ameaçam agravar a situação, indicando que uma possível correção pode estar à espreita no horizonte. Observações de Jeffrey Buchbinder, estrategista chefe da LPL Financial, destacaram esses temores: “Enquanto acreditamos que o crescimento econômico pode sustentar outro ano positivo para 2025, a ressurreição da inflação pode complicar essa trajetória.”

Enquanto dezembro trouxe alguns desafios ao S&P 500 e ao Nasdaq, marcando o pior mês desde abril, ações nas áreas de tecnologia mostraram fraquezas notáveis. As vendas de ações de tecnologia pesaram na perda desses índices, elevando os níveis de ceticismo sobre a continuidade desse ciclo de mercado favorável. Callie Cox, estrategista de mercado da Ritholtz Wealth Management, explicou: “Todo mundo está esperando um bom ano no próximo, o que deixa um grande espaço para decepções.”

Análise do ano para os mercados financeiros

Com o Federal Reserve começando a cortar taxas de juros em setembro de 2024, após um período prolongado de taxas elevadas, o crescimento econômico robusto e a diminuição da inflação ajudaram a impulsionar os índices americanos. No entanto, após o último encontro do ano, o Fed indicou que haveria um número menor de cortes em 2025, o que poderia impactar a trajetória otimista dos mercados.

O S&P 500, em particular, se destacou em 2024 graças às grandes empresas de tecnologia que conduziram o índice mais de 20% para cima. Os chamados “Magníficos Sete”, que incluem Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla, foram responsáveis por mais de 50% dos retornos totais do S&P 500 este ano, conforme dados da S&P Dow Jones Indices. Curiosamente, os magnatas da tecnologia também conquistaram uma fatia desproporcional dos ganhos do índice, com impressionantes 96% dos ganhos totais acumulados desde o dia 5 de novembro).

A popularidade dessas ações levou a uma conexão única com o Dow, que encerrou o ano mais de 12% mais alto, atingindo um recorde de 45.000 pontos antes de sofrer uma queda de 5% em dezembro. O índice Nasdaq, por outro lado, foi o mais bem-sucedido dos principais índices, com um aumento superior a 31%, impulsionado pela confiança dos investidores em tecnologia e inteligência artificial, conforme evidenciado pelo desempenho espetacular da Palantir, que viu sua valorização disparar quase 370% em 2024.

O cenário das rendas fixas também apresentou desenvolvimentos importantes, com a yield do título do Tesouro dos EUA com vencimento em 10 anos caindo para 4,539% na segunda-feira, refletindo as expectativas de um crescimento econômico contínuo e inflação baixa. O dólar americano também confirmou seu fortalecimento conforme as expectativas de crescimento aumentaram, impulsionadas pela reeleição de Trump, resultando em um aumento significativo do índice do dólar, que subiu mais de 6% durante o ano.

Dentre as criptomoedas, o Bitcoin apresentou um desempenho memorável em 2024, mantendo-se por volta dos 92 mil dólares, marcando um crescimento superior a 100% ao longo do ano. A recuperação acentuada do Bitcoin é um desvio dos valores de dois anos atrás, quando a criptomoeda valia menos de 17 mil dólares após a implosão da indústria cripto. O bitcoin experimentou uma onda de aceitação generalizada, especialmente após o apoio de Trump ao seu potencial, incluindo sua nomeação de Paul Atkins, um defensor das criptomoedas, como presidente da SEC.

Além disso, o ouro teve um desempenho notável, subindo mais de 26% no ano e competindo para superar o S&P 500, enquanto muitos investidores consideram o ouro como um ativo seguro em tempos de incerteza econômica. O aumento do preço do ouro foi influenciado por um aumento significativo nas reservas de ouro em todo o mundo, refletindo o movimento dos bancos centrais em busca de proteção contra a inflação crescente.

Entre as commodities, o cacau se destacou este ano, com os futuros acentuando quase 200% devido a problemas climáticos que afetaram a colheita nos principais países produtores, como Gana e Costa do Marfim.

Assim, os investidores continuam a ventilar suas preocupações sobre a sustentabilidade deste crescimento dos preços de ações e ativos que, embora tenham mostrado recuperação nas últimas décadas, dependem da fraqueza da inflação, bem como de um ambiente político e econômico diluído de riscos.

Reportagem de Elisabeth Buchwald e Matt Egan da CNN contribuiu para esta matéria.

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