Luther Vandross e David Bowie não foram apenas ícones na indústria da música, mas também amigos que se apoiaram mutuamente em suas carreiras. A influência que Bowie exerceu sobre Vandross foi fundamental no início da carreira do famoso cantor soul, e seu legado continua a ser celebrado na contemporaneidade. A história de sua amizade, marcada por colaborações musicais e um apoio incondicional, é uma narrativa que merece ser revisitada, especialmente com o recente lançamento do documentário “Luther: Never Too Much”, que destaca a vida e a contribuição de Vandross à música.
O documentário dedicado a Vandross estreará no dia 1º de janeiro de 2024, às 20h (ET/PT) na CNN, e tem sido exibido em cinemas selecionados. Este filme em particular propõe uma reflexão sobre como um artista pode impactar o mundo da música, mesmo que, por vezes, o reconhecimento venha com o tempo. Vandross, que também começou sua jornada como vocalista de suporte, sempre teve uma ligação especial com Bowie, um dos artistas que o catapultou para o estrelato.
Segundo uma postagem no site DavidBowie.com, a primeira colaboração entre Vandross e Bowie se deu quando Vandross foi convidado por Carlos Alomar, um amigo de escola antiga e colega de workshop, para se juntar a Bowie em uma gravação do álbum “Young Americans”. Durante a gravação no Sigma Sound Studios, em Filadélfia, Bowie ouviu Vandross cantando e o convidou a fazer parte do grupo de vocalistas de apoio. Este momento se tornou um ponto de virada na vida de Vandross, que mesmo já tendo um currículo respeitável como backing vocalista para artistas como Roberta Flack e Donny Hathaway, ainda buscava seu lugar de destaque na indústria musical.
Em sua participação no programa “The Rosie O’Donnell Show”, Vandross comentou sobre como Bowie o descobriu de forma acidental durante uma visita a um amigo. “David Bowie me descobriu. Acidentalmente, ele me descobriu cantando no estúdio com ele”, relatou. Este tipo de apoio e reconhecimento por parte de um ícone como Bowie não só proporcionou a Vandross uma plataforma para brilhar, mas também evidenciou a generosidade de Bowie em ajudar novos talentos a se destacarem.
Além de sua participação como vocalista, Vandross também compartilhou créditos de composição em “Young Americans”, e Bowie reescreveu o single de Vandross, “Funky Music (Is A Part Of Me)”, transformando-o na faixa “Fascination”. Esse intercâmbio criativo não apenas solidificou a relação entre os dois artistas, mas também demonstrou a influência mútua que tiveram ao longo de suas carreiras.
Bowie, conhecido por seu compromisso com a diversidade e a inclusão, levantou questões importantes sobre representatividade na música. Durante uma entrevista em 1983 à MTV, ele criticou a rede por não exibir vídeos de artistas negros. “É impressionante o fato de haver tão poucos artistas negros apresentados,” disse Bowie, levantando um ponto relevante sobre as barreiras que a indústria enfrenta em sua longevidade. Visto como um defensor de inclusão, seu apoio a artistas como Vandross não foi apenas pessoal, mas também uma contribuição significativa para a visibilidade de artistas de cor em um momento crítico da cultura musical.
A amizade entre Vandross e Bowie se prolongou até a morte prematura de Vandross, que faleceu em 2005, aos 54 anos, devido a complicações de um derrame. Bowie também enfrentou sua própria batalha, vindo a falecer em 2017, aos 69 anos, após 18 meses lutando contra o câncer. O legado desses dois artistas continua a ressoar, não só através de suas músicas, mas também por meio de suas histórias de apoio mútuo e amizade, que até hoje inspiram novos artistas a seguir seus sonhos e lutar por espaço na indústria musical.