A disseminação e a gravidade dos casos de gripe aviária H5N1 em humanos estão aumentando consideravelmente, levando a equipe de líderes dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos a solicitar uma resposta mais robusta para lidar com essa emergência de saúde pública. Embora a maioria dos casos humanos de H5N1 na América do Norte tenha sido considerada leve, evidências recentes de um caso grave em um adolescente canadense destacam a necessidade urgente de vigilância e medidas preventivas mais eficazes.
Um novo estudo, publicado no New England Journal of Medicine, revelou que das 46 infecções humanas confirmadas de H5N1 nos Estados Unidos neste ano, a gravidade do caso de uma adolescente canadense de 13 anos é particularmente alarmante. Hospitalizada em novembro, a jovem ficou gravemente doente, necessitando de suporte vital durante quase duas semanas devido ao colapso de múltiplos órgãos. Detalhes sobre o que causou sua infecção ainda são um mistério, complicando ainda mais a situação.
De acordo com informações, a adolescente apresentava condições pré-existentes de asma e obesidade, mas estava em boas condições de saúde antes da infecção. Ela se recuperou após um tratamento intensivo com uma combinação de três medicamentos antivirais. “Ela teve falência de múltiplos órgãos e estava gravemente doente”, explicou Dr. Megan Ranney, especialista em medicina de emergência e reitora da Escola de Saúde Pública de Yale, que não esteve envolvida no tratamento da adolescente. O tratamento envolveu técnicas inovadoras, como oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) e diálise contínua, para remover toxinas de seu sangue.
Embora a maioria dos outros casos de H5N1 tenha decorrido de exposições a animais infectados ou consumo de produtos lácteos crus, este incidente criou um alerta significativo sobre o potencial de adaptação do vírus para infectar humanos de forma mais eficaz. A adolescente estava infectada com uma nova variante do H5N1, denominada D1.1, que se espalha principalmente entre aves selvagens. Recentemente, houve relatos de infecções severas de H5N1 em trabalhadores do setor avícola, levantando mudanças que indicam uma adaptação do vírus aos seres humanos. “Se essas modalidades de tratamento extraordinárias não estivessem disponíveis, provavelmente ela não teria sobrevivido”, afirmou Ranney.
As autoridades de saúde em British Columbia encerraram sua investigação sobre a adolescente após não conseguirem encontrar o vírus em animais de estimação, animais próximos, ou em amostras de solo ou água. Este caso gerou uma onda de preocupação, especialmente após a observação de que ninguém nas proximidades contraiu o vírus dela, embora o seguimento indique uma vigilância contínua sobre a questão da infecção. Este evento ressalta a gravidade e a rapidez com que doenças infecciosas podem impactar a saúde pública, uma preocupação crescente em relação às infecções H5N1, como destacou a Dr. Jennifer Nuzzo, que dirige o Centro de Pandemia da Universidade Brown.
Nuzzo enfatizou que o caso da adolescente “deixa claro que uma criança que, de outra forma, estava saudável, adoeceu e ficou muito, muito doente em questão de dias”. Especialistas começam a expressar sentimentos de alerta com relação a possíveis transmissões entre humanos, levando a um chamado à ação para melhorar a vigilância ambiental em relação ao H5N1. A pesquisa também revelou que a maioria das infecções neste ano estão associadas à exposição a animais infectados, sugerindo que o número real de casos é maior do que o relatado oficialmente.
Apesar do atual panorama de baixo índice de infecções humanas relacionadas ao H5N1, o aumento gradual de detecções em humanos e animais é alarmante. A Dr. Jeanne Marrazzo, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, afirmou que as mutações encontradas no vírus isolado da adolescente canadense evidenciam a “necessidade urgente de vigilância e avaliação da ameaça de transmissão de humano para humano”, pedindo uma colaboração mais eficaz entre pesquisadores de doenças humanas e animais, além do desenvolvimento de vacinas e antivirais.
É um momento crucial para a saúde pública, onde a vigilância perde a oportunidade de coletar dados vitais sobre infecções nos animais, dificultando a capacidade de monitorar e responder ao H5N1. “Essas oportunidades repetitivas e persistentes para a passagem de uma espécie para outra, de um espaço anatômico para outro, é o que a influenza aproveita para mutar”, alertou Marrazzo. “Este vírus não dá margens para erros.” Portanto, as autoridades de saúde destacam que a resposta à gripe aviária deve ser mais proativa, com ênfase em medidas preventivas e acompanhamento constante das infecções em animais.